A Semana Mundial da Alergia, que este ano ocorre de 29 de junho a 5 de julho, acende um alerta para a alta incidência de doenças respiratórias alérgicas no Rio de Janeiro. Dados recentes preocupam especialistas: na capital fluminense, cerca de 34,3% das crianças menores de 10 anos apresentam asma ativa, sendo que 40% delas ainda não têm diagnóstico confirmado, aponta estudo publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia em 2024.

Em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense o cenário não é menos preocupante. O mesmo estudo sobre a  prevalência e gravidade de sintomas relacionados à asma em escolares e adolescentes, revelou que 26% dos adolescentes entre 13 e 14 anos relataram episódios de sibilância, com prevalência maior entre as meninas.

A alergista Ana Luíza Crespo, professora do curso de Medicina do UniRedentor Afya, explica que fatores como baixa umidade, chuvas irregulares e o aumento das queimadas têm agravado os quadros respiratórios.

O ar seco resseca as mucosas, reduzindo nossa defesa natural contra alérgenos, vírus e bactérias. Já as chuvas irregulares favorecem o crescimento de fungos e a concentração de poluentes no ar”, detalha.

A fumaça das queimadas é outro fator crítico. Segundo a especialista, ela carrega micro partículas e gases tóxicos que inflamam as vias aéreas, deixando os pulmões mais vulneráveis a outras substâncias alergênicas, como poeira, ácaros e pólens.

Além dos fatores ambientais, o acesso limitado ao diagnóstico especializado é uma barreira preocupante, especialmente na rede pública. Na faixa etária abaixo dos 5 anos, os quadros respiratórios são muitas vezes confundidos com outras doenças como infecções de vias aéreas superiores, sinusites e pneumonias.

A médica também chama atenção para as diferenças de gênero. “Na adolescência, os hormônios tornam as meninas mais suscetíveis a crises de asma. Além disso, culturalmente, elas tendem a relatar mais os sintomas e buscar atendimento com mais frequência”.

Para a prevenção, a especialista reforça a necessidade de medidas individuais e coletivas. Entre as principais orientações estão:

  • Manter a casa livre de ácaros e mofo, com limpeza frequente e ventilação adequada.

  • Usar capas impermeáveis em colchões e travesseiros.

  • Limpar filtros de ar-condicionado semanalmente.

  • Reduzir a exposição à fumaça de cigarro e poluentes.

  • Procurar vacinação adequada, incluindo contra gripe e outras doenças respiratórias.

  • Atentar-se ao uso de umidificadores e desumidificadores, conforme o ambiente.

Ana Luíza destaca, ainda, o papel das campanhas públicas, como a distribuição de medicamentos gratuitos para rinite e asma pela Farmácia Popular, e a importância dos planos de ação para crises, que ajudam o paciente a reconhecer os sinais de alerta e saber quando buscar a emergência. “O ideal é que os pacientes saibam tratar as crises leves em casa, com orientação médica, evitando superlotação nos hospitais”, enfatiza.

Está aberta a temporada das queimadas – quais os cuidados que devem ser tomados? 

Tempo seco e frio já são condições suficientes para desencadear resfriados, gripes, crises de asma e rinite. Mas nesta época do ano, a incidência de queimadas afeta milhares de pessoas, que ficam expostas não somente ao clima mais seco, mas muito poluído.

As queimadas e incêndios florestais fazem com que uma série de partículas fiquem suspensas no ar ambiente e quando inaladas trazem prejuízos à saúde. Compostos orgânicos, como o carbono negro, e inorgânicos, como pireno, formaldeído e benzeno, podem estar presentes no ar poluído pelas queimadas”, explica Marilyn Urrutia Pereira, coordenadora da Comissão de Biodiversidade, Poluição e Clima da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).

Segundo a especialista, a exposição recorrente à fumaça pode aumentar o risco de câncer de pulmão, agravamento de doenças respiratórias como asma, rinite e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Doenças oculares, como a síndrome do olho seco e a conjuntivite alérgica, e doenças cardiovasculares, como infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC), também podem ser desencadeadas por poluentes atmosféricos.

Dicas para se prevenir das queimadas

Abaixo, Dra. Marilyn destaca algumas orientações para as pessoas que residem em áreas afetadas pelas queimadas:

  • Fique dentro de casa com portas e janelas fechadas;
  • Hidrate-se com frequência;
  • Não aumente a poluição do ar intradomiciliar utilizando velas, incensos, fogões a lenha, lareiras ou sprays aerossóis;
  • Não fume dentro de casa;
  • Não confie em lenços para se proteger da fumaça. Se você precisar ficar ao ar livre quando houver fumaça, use mascara N95 que proteja nariz e boca e que se ajustem perfeitamente ao rosto para filtrar partículas de fumaça ou cinzas antes de inalá-las;
  • As crianças não devem ajudar nos trabalhos de limpeza e não devem brincar nas cinzas;
  • Limpe as cinzas de todos os brinquedos infantis antes de usá-los;
  • Mantenha os animais de estimação longe de locais contaminados;
  • Pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares (incluindo asma), como idosos, crianças e mulheres grávidas devem tomar precauções especiais com as cinzas.
Com Assessorias

 

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