A asfixia perinatal – como é chamada a privação de oxigênio que um recém-nascido sofre um pouco antes, durante ou logo após o parto – faz com que muitos pais vejam o momento que seria o mais feliz das suas vidas, a chegada de um filho, se transformar em um período de dúvidas e medos.

O alerta é da médica neonatologista Mariana Dizotti, cofundadora do Instituto Protegendo Cérebros, Salvando Futuros, que idealizou a campanha Setembro Verde Esperança 2025, agora na sua sexta edição.  O objetivo é conscientizar sobre essa complicação do parto que  representa 23% de todas as mortes de recém-nascidos, tornando-se a terceira maior causa de óbitos evitáveis no mundo, sendo responsável por lesões cerebrais permanentes em bebês entre 37 e 42 semanas de gestação, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O termo asfixia perinatal assusta e pode parecer distante, mas quando falamos que um bebê nasceu e não chorou, que é um dos indicativos dessa condição de saúde, vemos que esse problema é mais comum do que imaginamos.

asfixia perinatal ocorre quando um bebê enfrenta a falta de oxigenação durante o parto ou logo após o nascimento.  No Brasil, essa é uma dura realidade que anualmente afeta cerca de 20 mil crianças, segundo o Ministério da Saúde.

A Sociedade Brasileira de Pediatria calcula que 10% dos recém-nascidos e 60% dos prematuros precisam de ajuda para respirar. Como consequência, grande parte desses bebês podem ter seus futuros comprometidos por diversas sequelas neurológicas, muitas vezes evitáveis, como paralisia cerebral, deficiência cognitiva, cegueira ou surdez.

Após realizado o diagnóstico, estima-se que menos de 5% dos recém-nascidos com asfixia em nosso país têm acesso ao tratamento e suporte mais adequado, segundo estudo publicado no American Journal of Perinatology (2019). A prevenção da asfixia perinatal foca no acompanhamento pré-natal completo e na assistência adequada durante o parto.

Setembro Verde-Esperança: campanha #EuRespiroaVida

Mobilização alerta a sociedade e o poder público sobre prevenção de sequelas neurológicas em recém-nascidos

Dra Mariana explica que o mês de setembro anuncia a chegada da primavera, trazendo renovação, e que o termo esperança vem de “esperançar”, ou seja, de agir para oferecer tratamento adequado no tempo certo, garantindo que cada bebê tenha a melhor chance de sobrevivência e desenvolvimento saudável.

Mas é importante dizer que com diagnóstico, tratamento e informação é possível agir no momento certo e possibilitar que aquele bebê possa se desenvolver com qualidade de vida. A campanha busca trazer essa esperança”, completa, Dra. Mariana.

Com o mote #EuRespiroaVida, o Setembro Verde Esperança 2025 busca disseminar ensino e estratégias para prevenção de sequelas neurológicas em recém-nascidos. A ação é promovida pelo Instituto Protegendo Cérebros, Salvando Futuros – uma entidade sem fins lucrativos, criado por profissionais da área da saúde – em parceria com diversas instituições do Brasil e do mundo.

Dr. Gabriel Variane, fundador do Instituto Protegendo Cérebros, Salvando Futuros

 

No Brasil, são dois a três bebês por hora que nascem com falta de oxigenação no cérebro. Esse impacto precisa ser percebido e evitado por meio de medidas preventivas e estratégias de neuroproteção. Queremos que a asfixia perinatal, uma condição grave e pouco conhecida, ganhe a atenção que merece. A cada ano, de 20 a 30 mil bebês são afetados no Brasil, e milhões em todo o mundo. Nossa meta é transformar silêncio em diálogo, informação em prevenção e, acima de tudo, consciência em ação”, afirma o médico neonatologista Gabriel Variane, fundador do Instituto Protegendo Cérebros, Salvando Futuros.

Risco no mundo e esforços brasileiros

Dr. Variane ressalta que o Brasil tem realizado esforços importantes na prevenção, mas é preciso avançar no tema. “Nosso objetivo é sensibilizar os setores público e privado, além de toda a sociedade, para a importância de políticas que visem a prevenção e o tratamento adequado para a redução do número de mortes de crianças”.

Ele reconhece que houve avanços importantes, como campanhas educativas e capacitação de profissionais, mas ainda é pouco diante do tamanho do desafio. “É hora de transformar ações pontuais em estratégias nacionais, com engajamento do governo, setor privado e sociedade civil”, alerta o especialista.

Segundo ele, as parcerias e o aumento da visibilidade sobre o tema são fundamentais para salvar vidas. “Quando a sociedade conhece a gravidade do problema, cresce a pressão por políticas públicas eficazes, equipes capacitadas e acesso a tecnologias que previnem e tratam lesões cerebrais. Estamos falando não só em reduzir mortes, mas em evitar sequelas que impactam famílias para sempre”, comenta.

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Futebol em ação: CBF apoia campanha Setembro Verde Esperança 2025

CBF compartilha mensagens de conscientização sobre a asfixia perinatal durante o Campeonato Brasileiro

Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se une ao Instituto Protegendo Cérebros, Salvando Futuros em apoio à campanha Setembro Verde Esperança 2025. Durante a 23ª rodada do Campeonato Brasileiro, entre os dias 13 e 15 de setembro, a CBF realizará a Rodada Verde Esperança e exibirá informações sobre a campanha, cujo mote é #EuRespiroaVida.

O objetivo é alertar a sociedade e o poder público sobre estratégias de prevenção de sequelas neurológicas em recém-nascidos causadas principalmente pela asfixia perinatal. A mobilização contará com a exibição da campanha nas placas de LED durante o pré-jogo e intervalo, divulgação da campanha no site oficial da CBF, além da exibição do vídeo institucional no telão dos estádios.

De acordo com o médico neonatologista “o futebol é mais do que um esporte, é uma linguagem universal, capaz de mobilizar milhões de brasileiros em torno de um propósito. Para nós, essa união com a CBF representa um marco histórico na luta contra a asfixia perinatal. Quando a maior paixão nacional entra em campo por essa causa, mostramos que salvar vidas e garantir futuros é um jogo que precisa ser vencido por todos”, diz.

Para o presidente da CBF, o médico Samir Xaud, o engajamento em causas sociais é um dos pilares da entidade. “Asfixia perinatal é algo muito sério, que pode levar o bebê à morte ou deixá-lo com profundas sequelas. Campanhas como essa ajudam a salvar vidas, com esclarecimentos, conscientização e mobilização. Para nós, da CBF, é uma obrigação estar ao lado da sociedade em demandas que dizem respeito ao bem-estar de todos”, disse.

Para o período, estão previstas as seguintes partidas: Fluminense x Corinthians; Vasco da Gama x Ceará; Palmeiras x Internacional; São Paulo x Botafogo; Red Bull Bragantino x Sport; Atlético-MG x Santos; Grêmio x Mirassol; Bahia x Cruzeiro; Fortaleza x Vitória e Juventude x Flamengo.

O Congresso Nacional recebe iluminação especial nos dias 17 e 18 de setembro, também em referência ao Mês de Conscientização da Asfixia Perinatal, chamado de Setembro Verde Esperança.

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