Nove em cada dez pessoas respiram ar poluído todos os dias e isso provoca a morte prematura de 7 milhões de indivíduos por ano. Atualmente, aproximadamente 50% da população do planeta vivem em cidades e aglomerados urbanos e estão expostas a níveis progressivamente maiores de poluentes do ar.

A preocupação com a qualidade do ar que respiramos e com as mudanças climáticas é uma das 10 prioridades escolhidas para se destacar neste domingo, 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) para conscientização da população em geral sobre cuidados com a saúde.

Problemas para respirar, poluição e sensação de que não há circulação de oxigênio, situações parecidas que se correlacionam por um mesmo elemento:o ar. Esse ar que falta aos pulmões pode significar alguma doença pneumológica, estar ligado às crises de ansiedade e, quando misturado à queima de combustíveis fósseis, gera poluição que faz mal à nossa pele.

Poluição do ar é maior risco ambiental para a saúde

A poluição é considerada pela OMS como o maior risco ambiental para a saúde. O ar poluído pode ser associado a diversas doenças. O pneumologista Daniel Boczar, do Hospital Anchieta, explica que os poluentes microscópicos podem penetrar nos sistemas respiratório e circulatório e danificar os pulmões.
Poluentes particulados e gasosos podem descompensar doenças pré-existentes como asma. Eles também têm ajudado a aumentar o número de casos novos dessa doença, além do enfisema, pneumonias, infecções de vias aéreas superiores (rinossinusites) e câncer de pulmão”, explica o pneumologista.
A OMS afirma que a principal causa da poluição do ar — a queima de combustíveis fósseis — também é um dos fatores fundamentais que contribuem para a mudança climática. Mas há outras formas de poluição e o pneumologista explica como cada uma afeta o corpo humano.
Entre os principais poluentes estão monóxido de carbono, que diminui a capacidade do sangue de transportar oxigênio pelo corpo, podendo causar diminuição da oxigenação nos tecidos; o ozônio possui papel oxidante e citotóxico, podendo causar irritação nos olhos e diminuição da capacidade pulmonar; o dióxido de enxofre relaciona-se com irritações nas vias aéreas superiores, assim como o dióxido de nitrogênio”, acrescenta Dr.Daniel.

Poluição e sol em excesso prejudicam a pele

Outra parte do organismo que é afetada pelo ar é a pele. Segundo a dermatologista do Hospital Anchieta, Dra. Barbara Uzel, a poluição é um dos principais fatores associados ao envelhecimento extrínseco, aquele que não está associado à genética. E o sol é um fator que potencializa os problemas. “A poluição aumenta a produção de radicais livres e causa envelhecimento. Já a exposição ao sol diminui a imunidade da pele e, além de provocar câncer, causa alergias desencadeadas pela luz do sol, agravamento de colagenoses (doenças auto-imunes), desencadeamento de herpes labial”, explica a dermatologista.
Os radicais livres são moléculas instáveis que danificam as células saudáveis do corpo e provocam o aparecimento de mais rugas, manchas e flacidez, o que altera a fisiologia da pele e a deixa mais fragilizada. “É preciso que haja medidas governamentais de controle de emissão de gases e manutenção de áreas verdes. As pessoas podem mudar o estilo de vida reduzindo o uso de automóveis, se prevenindo, cuidando da pele e optando por uma vida mais saudável”, afirma Dra. Barbara Uzel.

Estresse das grandes cidades causa ansiedade e depressão

Além do pulmão, prejudicado pela falta de ar, a mente também é afetada com os problemas relacionados ao estresse das grandes cidades, cobranças e rotinas exaustivas. Um levantamento feito, em 2018, pela OMS, constatou que o Brasil lidera o ranking de transtorno de ansiedade e depressão da América Latina com 9,3% da população manifestando o quadro de ansiedade e 5,8% com depressão.
O psiquiatra Ronney Eustórgio Machado, do Hospital Anchieta, diz que é preciso ter atenção aos primeiros sintomas das patologias. “O mais correto é procurar ajuda antes que se instale uma crise de ansiedade aguda, ou crise de pânico, que é a manifestação abrupta e intensa da ansiedade. Em todo o caso, ela pode acontecer de maneira repentina, sem que a pessoa se dê conta de que ela vai acontecer. Todo momento é hora de procurar ajuda”, conta o psiquiatra.
De acordo o especialista, os sintomas da ansiedade variam entre angústia, medo generalizado, excesso de pensamentos conflitantes, insônia, prejuízo da concentração, cansaço, irritabilidade/falta de paciência, pensamentos premonitórios, e sintomas físicos de sobrecarga, como, por exemplo, taquicardia, dispneia (falta de ar), parestesias em membros superiores (formigamentos), sudorese, diarreia, náuseas, vômitos, sintomas físicos de sobrecarga do sistema de alerta (simpático), sensação de “queimação” na pele e de se estar com um “bolo na garganta”. 
O acompanhamento com profissional é fundamental para superar a doença, segundo o psiquiatra. “Procurar ajuda mesmo se não conseguir identificar os sintomas é o primeiro passo. Na maioria dos transtornos mentais a psicoterapia é muito valiosa e importante. A família precisa ter atenção ao paciente que pode se auto-lesionar ou lesionar a outros, ou quando o mesmo se encontra em iminente risco de suicídio, além de grave exposição social, de ser prejudicado no seu trabalho ou vida acadêmica. A ajuda nesse momento é muito importante”, acrescenta Dr. Ronney Machado.

Dicas para cuidar do organismo e prevenir doenças

Pulmões

– Aumentar a ingestão de água
– Hidratar as vias nasais com lavagem frequente com soro fisiológico pelo menos seis vezes ao dia
– Manter os ambientes umidificados – uso de bacia com água no quarto ou toalhas úmidas ou ainda uso de umidificadores. Cuidado especial na limpeza dos umidificadores para evitar a proliferação de fungos
– Manter a casa limpa e arejada (nas residências de pessoas com doenças alérgicas como a rinite e a asma)
– Uso de roupas leves quando a temperatura estiver elevada
– A natação regular, por ser uma atividade que trabalha diversos músculos é uma das modalidades esportivas mais recomendadas para pessoas com doenças respiratórias
– Evitar exercícios físicos entre 10h e 16h, com cuidado redobrado aos idosos e crianças pequenas

Pele

– O uso de suplementos (vitaminas) antioxidantes e uma alimentação saudável, sobretudo com alimentos orgânicos podem ajudar a combater a formação dos radicais livres induzidos pela poluição
– Uso correto de filtro solar indicado de acordo com o tipo de pele
– Usos de proteção física, como roupas de manga comprida, chapéus, óculos de sol e sombreiros
– Pessoas que trabalham ou praticam esportes ao ar livre devem ter cuidados redobrados

Mente

– Bons hábitos de vida
– Boa convivência social e familiar
– Situação econômica minimamente digna
– Presença de uma fé ou crença sadia
– Presença do academicismo ou ocupação laboral
– Ambiente geral de vivência longe de estressores exagerados

10 PRIORIDADES SUSTENTÁVEIS

Todo ano é escolhido um tema para representar os objetivos e prioridades relativos à data, no ano passado foi “Saúde Universal”, que resumiu os 70 anos de existência da OMS, em 2017 o tema principal foi depressão. Este ano, ainda enquadrado na perspectiva de saúde para todos, as organizações elencaram dez metas ambiciosas a serem alcançadas.

De acordo com o Conselho Nacional de Saúde, atualmente o que mobiliza os sistemas universais de saúde são pautas como Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 2030, ou seja, objetivos para garantir o bem-estar mundial na próxima década.

As outras prioridades ranqueadas para 2019 foram: doenças crônicas não transmissíveis; pandemia de gripe; cenários de fragilidade e vulnerabilidade; resistência antimicrobiana; ebola; atenção primária de saúde; relutância em vacinar; dengue; e HIV.

Em outubro de 2018, a OMS realizou a primeira Conferência Global sobre Poluição do Ar e Saúde, em Genebra. Foram firmados mais de 70 compromissos, entre países e organizações, para melhorar a qualidade do ar. Este ano, a Cúpula do Clima da Organização das Nações Unidas ocorrerá em setembro e tem como objetivo fortalecer a ação climática e seus esforços em todo o mundo.

Da Redação, com Assessorias

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