Cerca de 70% da população mundial ainda desconhece o que são os linfomas, um grupo variado de cânceres que acometem o sistema linfático, parte essencial do sistema imunológico. Os linfomas estão entre os dez tipos mais comuns de câncer no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), com uma incidência estimada em 6 casos por 100 mil habitantes, com uma taxa de mortalidade de aproximadamente dois para 100 mil.

A estimativa é de mais de 15 mil novos diagnósticos anualmente, um dado que reforça a necessidade de informação e conscientização sobre a doença, sobretudo neste Dia Mundial de Conscientização dos Linfomas (15 de setembro), data dedicada a levar mais informações sobre os linfomas e à importância do diagnóstico precoce.

De acordo com especialistas, existem mais de 50 subtipos de linfoma, cada um com características, prognósticos e tratamentos específicos. No geral, eles são classificados em dois tipos principais: Hodgkin e não-Hodgkin.  O Linfoma de Hodgkin, embora menos frequente, ainda é uma preocupação, com estimativas de mais de 2.500 casos anuais no país.

O tipo mais comum é o linfoma não-Hodgkin (LNH), que representa a maior parte dos casos e tem aumentado significativamente nas últimas décadas, especialmente entre pessoas com mais de 60 anos. Mas a doença não é exclusiva de pessoas idosas, como esclarecem os médicos.

A doença pode surgir em qualquer faixa etária. Os linfomas podem acometer crianças, jovens, adultos e idosos. Alguns subtipos são mais comuns em pessoas mais velhas, outros aparecem com maior frequência em jovens”, explica a médica hematologista Lisa Aquaroni Ricci, do Instituto de Oncologia de Sorocaba (IOS).

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Linfoma folicular é mais comum em idosos

O linfoma folicular é um tipo de câncer que surge no sistema linfático e se desenvolve a partir de mutações nos linfócitos, um tipo de células de defesa do organismo. A doença é considerada a segunda forma mais comum de linfoma Não-Hodgkin (LNH) no Brasil, classificação de linfoma conhecida por não apresentar um tipo celular característico nas células afetadas.

Segundo o médico hematologista do Einstein Hospital Israelita, Guilherme Perini, as mutações nos linfócitos acontecem durante o processo de amadurecimento dos linfócitos. E o único fator de risco relacionado é a idade. “Diferente de muitos cânceres, o linfoma folicular não tem relação com outros fatores de risco clássicos como tabagismo, consumo de álcool, obesidade e outros”, afirma o especialista.

De acordo com o hematologista, os principais sintomas do linfoma folicular são o aumento dos gânglios, que pode acometer diferentes partes do corpo como pescoço, a região que fica debaixo do braço, a região inguinal (localizada na parte inferior do abdômen, próxima à virilha), e o aumento do tamanho do baço.

Em alguns casos, o paciente pode apresentar os sintomas B, que são febre, sudorese noturna profusa e perda de peso. Outros sintomas como cansaço, fraqueza e anemia também podem ocorrer”, acrescenta Perini.

o diagnóstico é feito por meio de biópsia. “É necessário retirar uma parte do gânglio ou o gânglio inteiro para realização do exame anátomo patológico, responsável pela análise do material e identificação do linfoma” explica o médico.

Quando o paciente é assintomático, costuma-se optar pelo método watch and wait, ou vigilância ativa, que consiste em não submeter o paciente a nenhuma terapia e observar a evolução do quadro. “Vários estudos constataram que tratar o paciente precocemente não garante melhor sobrevida. Então, é possível esperar o paciente se tornar sintomático para começar a tratar”, pondera o hematologista.

Segundo Perini, há alguns anos o linfoma folicular era considerado uma doença incurável, principalmente porque muitos pacientes apresentavam recidivas — ou seja, a doença voltava mesmo após o tratamento adequado. Felizmente, os avanços na medicina trouxeram uma variedade de terapias que não só prolongam o tempo até uma possível recidiva, como também, em alguns casos, conseguem evitá-la.

Entre as opções de tratamentos, existem os inibidores de EZH2 que atuam na proteína de mesmo nome, relacionada ao desenvolvimento e progressão de células cancerígenas comuns no linfoma folicular. Os inibidores dessa proteína podem ser utilizados em pacientes que possuem a mutação e naqueles que não têm, mas possuem essa via ativada”, afirma o especialista. Esse tipo de abordagem é recomendada em casos de recidiva e quando outros tipos de tratamento já foram utilizados.

Segundo o médico, o cenário atual do tratamento do linfoma é bastante promissor, devido a novas tecnologias que têm contribuído, significativamente, para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes e para respostas terapêuticas mais eficazes.

O linfoma folicular já era conhecido por apresentar um bom prognóstico e, hoje, contamos com um arsenal terapêutico ainda mais robusto – fator essencial para que a maioria dos pacientes possa manter qualidade de vida, com poucos impactos na saúde e na rotina diária”, destaca.

Mitos e verdades sobre os linfomas: o que você precisa saber

O linfoma é um câncer que se origina das células do sangue chamadas linfócitos (glóbulos brancos que fazem parte do sistema de defesa do organismo) e pode afetar diversos locais do corpo, como gânglios, pele, aparelho digestivo, mamas, testículos e até mesmo o sistema nervoso central.

Caracterizado com tipos de câncer que afetam o sistema linfático, parte fundamental do sistema imunológico, os linfomas podem se manifestar inicialmente como um aumento de linfonodos (gânglios), sem dor, febre ou qualquer outro sintoma. Em muitos casos, são confundidos com infecções comuns ou inflamações benignas, o que leva a um atraso no diagnóstico.

Mas afinal, o que é mito e o que é verdade quando falamos sobre linfomas? A médica hematologista Lisa Aquaroni Ricci, do Instituto de Oncologia de Sorocaba (IOS) esclarece as principais dúvidas:

O linfoma é um câncer raro

Verdade parcial. De acordo com a médica, os linfomas correspondem a aproximadamente 5% de todos os tipos de câncer. Apesar de menos frequentes quando comparados a tumores como os de mama ou pulmão, os números são expressivos. “Os mais comuns são os linfomas não Hodgkin, com mais de 500 mil novos casos ao ano no mundo”, ressalta.

O linfoma tem fatores de risco bem definidos

Mito. Ao contrário de outros tipos de tumores, os linfomas não apresentam fatores de risco únicos e bem definidos. “Eles são variados e heterogêneos. Alguns estão relacionados a infecções virais (HIV, hepatite C e HTLV), estados de imunossupressão, exposição à radiação, substâncias químicas e até doenças autoimunes”, esclarece a especialista.

Os sintomas são claros e fáceis de identificar

Mito. Um dos grandes desafios é que os sinais do linfoma muitas vezes passam despercebidos. “Alguns pacientes apresentam sintomas iniciais inespecíficos, como febre diária, emagrecimento, sudorese noturna e fadiga. São sinais que podem se confundir com outras doenças, como infecções virais”, alerta a médica.

Para mais informações sobre o linfoma folicular, acesse Vivendo com LF.

Com Assessorias

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