A Academia Brasileira de Neurologia (ABN) volta a alertar neurologistas e associados que não há qualquer sustentação científica em relação a supostos benefícios de uma técnica conhecida como indução de proteínas de choque térmico para tratamento de doenças neurodegenerativas, como as doenças de Alzheimer, de Parkinson e a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). O novo alerta – o segundo sobre o tema em dois anos – foi emitido esta semana (veja abaixo) após notícias veiculadas recentemente em alguns órgãos de mídia sobre o método.
“Promessas de melhora ou cura em episódios de doenças tão graves – sem sólida base científica – são um ardil em geral, e especialmente em episódios de saúde tão graves que, não raramente, fragilizam pacientes e seus familiares. Pelo exposto, condenamos a utilização e a infundada criação de expectativas sobre o método de indução de proteínas de choque térmico, pela inveracidade e improcedência”, diz um trecho da nota.
Em outubro de 2019, em nota conjunta com a Sociedade Brasileira de Neurologia e o Departamento de Neurologia da Associação Médica Brasileira (AMB), a ABN divulgou que “todo procedimento terapêutico deve passar por uma rigorosa etapa de testes que demonstrem a sua eficácia e, de modo mais importante, a sua segurança antes de ser aplicado clinicamente”.
“Entendemos que as promessas de melhora ou cura quando doenças tão graves estão afligindo pacientes e seus familiares podem incitar expectativas que, no atual conhecimento concernente as chamadas doenças neurodegenerativas, mostrar-se-ão inverídicas e improcedentes”, destacava a nota.
Ainda de acordo com o texto, a Academia Brasileira de Neurologia está “comprometida com a pronta divulgação de todo e qualquer procedimento que, baseado nos alicerces corretos da investigação clínico-científica, possa minimizar sofrimento ou propiciar a cura de pacientes com doenças neurológicas”.
Confira o alerta, na íntegra:
Indução de proteínas de choque térmico: a posição da ABN
A Academia Brasileira de Neurologia traz relevante alerta sobre método denominado de indução de proteínas de choque térmico, que, inadvertidamente, vem sendo proposto a pacientes de diversas doenças neurodegenerativas, como as doenças de Alzheimer, de Parkinson e a Esclerose Lateral Amiotrófica.
Diante de notícias veiculadas recentemente em alguns órgãos de mídia, enfatizamos a todos os cidadãos e, em especial, aos pacientes acometidos e seus familiares, aos médicos de todas as áreas, aos nossos colegas neurologistas e associados da ABN que a técnica não tem qualquer sustentação científica.
É essencial que seja cada vez mais evidenciado à população que todo procedimento terapêutico deve obrigatoriamente passar por rigorosa etapa de testes para confirmação de eficácia e segurança antes de ser aplicado clinicamente.
Em não havendo evidências de efetividade à luz da Ciência, a adoção é estranha aos postulados da Medicina. Assim, configura infração ética, inclusive por expor pacientes a riscos e/ou perdas econômicas, dependendo de cada caso.
Promessas de melhora ou cura em episódios de doenças tão graves – sem sólida base científica – são um ardil em geral, e especialmente em episódios de saúde tão graves que, não raramente, fragilizam pacientes e seus familiares.
Pelo exposto, condenamos a utilização e a infundada criação de expectativas sobre o método de indução de proteínas de choque térmico, pela inveracidade e improcedência.
Aos pacientes acometidos por doenças como Alzheimer, de Parkinson e a Esclerose Lateral Amiotrófica, entre outras, a ABN reafirma o compromisso da neurologia do Brasil e de nossos especialistas em adotar sempre os melhores e mais eficazes tratamentos, os quais indubitavelmente estarão alicerçados pela investigação clínico-científica.
Dezembro de 2021
Diretoria da Academia Brasileira de Neurologia