Em todo o mundo, o câncer de pulmão  é o tipo de câncer mais comum, com 2,5 milhões de novos casos, e mais letal, com 1,8 milhões de mortes em 2022, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Com aproximadamente 32 mil novos casos anuais previstos, é o terceiro mais frequente no Brasil, atrás apenas dos cânceres de próstata e de mama, mas é o mais letal de todos.

Segundo dados do Ministério da Saúde, 29,5 mil pessoas morreram em decorrência desse tumor em 2020.  A mortalidade elevada decorre, em grande parte, do diagnóstico tardio, já que mais de 85% dos casos são descobertos em estágio avançado.  O dia 29 de agosto é o Dia Nacional do Combate ao Fumo, que visa conscientizar sobre os perigos do tabagismo, o principal fator causador do câncer de pulmão, também lembrado durante o Agosto Branco.

Para o oncologista Ruy Fernando Kuenzer Caetano Da Silva, do Centro de Oncologia do Paraná (COP), esses dados refletem a realidade local e reforçam a importância de ações como a campanha  para alertar sobre os riscos crescentes do tabagismo e do uso de cigarros eletrônicos.

Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 13,7% dos curitibanos maiores de 18 anos ainda fumam regularmente. E entre adolescentes de 13 a 17 anos, os números indicam que 27,5% já experimentaram cigarros eletrônicos, e 49% relataram ter usado narguilé ao menos uma vez.

A falsa sensação de segurança associada aos dispositivos eletrônicos, aliados a sabores agradáveis, estética moderna e fácil acesso,  tem contribuído para o retorno de jovens ao consumo de nicotina. Estamos vendo uma geração que estava afastada do cigarro ser seduzida por versões ‘modernas’ do mesmo mal. O surgimento desses produtos entre adolescentes compromete anos de avanço nas políticas de combate ao tabagismo”, lamenta.

O médico também reforça que ainda que o cigarro eletrônico não libere a fumaça da queima do tabaco, ele aquece substâncias químicas, como propilenoglicol e glicerina, que, vaporizadas, formam compostos irritantes e cancerígenos. “O consumo desses dispositivos mantém (ou induz) a dependência da nicotina e está associado a lesões pulmonares agudas, arritmias cardíacas, bronquite crônica e, a longo prazo, a neoplasias. A nicotina é altamente viciante. Muitos adolescentes sequer percebem que estão desenvolvendo uma dependência química grave”, comenta.

Tabagismo x câncer de pulmão

Existem dois tipos principais de câncer de pulmão: o carcinoma de pequenas células e o carcinoma de não pequenas células. Este último corresponde a cerca de 85% dos casos e se subdivide em três tipos: adenocarcinoma, carcinoma epidermóide e carcinoma de grandes células.

O adenocarcinoma é o mais comum, representando aproximadamente 40% dos diagnósticos no Brasil e no mundo, sendo que a maioria dos pacientes apresenta sintomas relacionados ao aparelho respiratório, como tosse persistente, falta de ar e dor no peito, embora também possam surgir sinais mais inespecíficos, como perda de peso, cansaço constante e fraqueza”

Cerca de 15% dos diagnósticos acontecem de forma incidental, durante exames solicitados por outras razões. Por isso, a atenção aos primeiros sinais é essencial. O diagnóstico precoce contribui diretamente para o sucesso do tratamento”, destaca. O tabagismo, reforça o especialista, continua sendo o principal fator de risco para o câncer de pulmão. Estima-se que cerca de 90% dos casos estejam relacionados direta ou indiretamente ao consumo de tabaco.

Parar de fumar é, sem dúvida, a forma mais eficaz de se prevenir contra o câncer de pulmão e diversos outros tumores. Além disso, há impacto positivo imediato na saúde cardiovascular e respiratória. A interrupção do tabagismo reduz também o risco de doenças como pneumonia, AVC, DPOC e complicações severas por covid-19”, afirma Dr. Ruy.

Como se prevenir do câncer de pulmão

  • Abandone o cigarro e derivados: parar de fumar, inclusive cigarros eletrônicos, é a principal medida de prevenção. A interrupção reduz drasticamente o risco de desenvolver câncer de pulmão e diversas outras doenças crônicas.
  • Evite a exposição ao fumo passivo: ambientes com fumaça de cigarro também representam risco. A convivência frequente com fumantes aumenta significativamente as chances de desenvolver doenças pulmonares.
  • Fique atento aos sintomas iniciais: tosse persistente, dor no peito, rouquidão, cansaço frequente e escarro com sangue são sinais que devem motivar uma avaliação médica imediata, especialmente em pessoas com histórico de tabagismo.
  • Converse com seu médico sobre exames preventivos: para pacientes com mais de 50 anos e histórico de consumo intenso de cigarro, a tomografia de tórax de baixa dose pode ser indicada como forma de rastreamento precoce.

Adote um estilo de vida saudável: praticar exercícios físicos, manter alimentação rica em fibras, frutas e vegetais, evitar poluição e controlar doenças crônicas, melhora a saúde pulmonar e fortalece o sistema imunológico.

Os perigos do tabagismo e os riscos de câncer de pulmão

Câncer é o mais comum em todo o mundo e o terceiro mais frequente no Brasil, mas é o mais letal de todos

Segundo o cirurgião torácico do Hospital Edmundo Vasconcelos, Mario Claudio Ghefter, é muito importante conscientizar a população sobre os riscos do tabagismo, uma vez que esse é o principal fator de risco associado ao câncer de pulmão. Segundo ele, cerca de 85% de pessoas com esse tumor são fumantes.

Não é todo mundo que fuma que vai ter o câncer de pulmão, mas esse é um fator de risco predominante, já que os fumantes têm até 30 vezes mais chances de desenvolver esses tumores. Para além do câncer de pulmão, o tabagismo leva a incidência de outras doenças como o câncer de bexiga, infarto, AVC, doenças cardiovasculares e arteriosclerose.

Um dos fatores mais graves relativos ao câncer de pulmão é o enfisema pulmonar, responsável por aproximadamente 3 milhões de mortes todos os anos no mundo, que faz com que a pessoa não consiga respirar e fique extremamente debilitada”, descreve ele. Segundo o médico, é importante salientar que o tabagismo não é apenas uma questão de escolha individual, já que as doenças causadas pelo fumo envolvem toda a sociedade e envolvem custos elevados também para a saúde pública.

O especialista ressalta que o Brasil tem sido muito bem-sucedido nos últimos 30 anos em suas políticas de controle do tabagismo, apresentando redução significativa com 12,5% da população fumante atualmente, uma média sete pontos percentuais menores que a média global, segundo a plataforma Progress Hub, da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Cigarro eletrônico

A medicina tem apresentado uma grande preocupação nos últimos anos com os cigarros eletrônicos, ou vapes. Entre os jovens, a preocupação é ainda mais alarmante, já que 27,5% dos adolescentes de 13 a 17 anos relataram já ter experimentado cigarros eletrônicos, e 49% afirmaram ter usado narguilé ao menos uma vez na vida, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE).

E se, no panorama nacional, os números já preocupam, em Curitiba e no Paraná o alerta é ainda maior, já que segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 13,7% dos curitibanos maiores de 18 anos fumam regularmente, número que figura a capital paranaense entre as que apresentam maior número de fumantes adultos no Brasil e com um crescimento acelerado no consumo de cigarros eletrônicos.

É preciso fazer um alerta especialmente aos mais jovens sobre os perigos desses aparelhos. Ainda nem conhecemos todos os seus malefícios, mas já há uma doença chamada EVALI, denominada assim nos Estados Unidos, que corresponde à lesão pulmonar associada ao uso do cigarro eletrônico ou produto vaping, que tem sido mortal. Já há notícias de diversos jovens que morreram por conta do cigarro eletrônico e é grande a possibilidade de aumentar a incidência de câncer de pulmão por conta disso”, destaca o cirurgião torácico do Edmundo Vasconcelos.

O grande alerta apontado por Mario Ghefter diz respeito à falta de sintomas apresentados pelo câncer de pulmão em suas etapas iniciais. “Os sintomas nunca são iniciais. Eles sempre aparecem na fase tardia da doença quando as chances de cura diminuem muito. Nesses casos os sintomas já são graves como dores, tosse com sangue, falta de ar e outros sintomas decorrentes da metástase para outros órgãos. Por isso, é essencial realizar o diagnóstico precoce. A detecção precoce do câncer sempre colaborará para aumentar as chances de cura”, explica.

Câncer de pulmão em números

  • câncer de pulmão é o tipo de câncer mais comum no mundo, e um dos mais fatais em termos de mortalidade.
  • Entre os tipos de câncer de pulmão, entre 80% e 85% dos casos são do tipo de células não-pequenas (CPCNP).
  • Nos Estados Unidos, até 20% dos casos de câncer de pulmão ocorrem em quem nunca fumou, ou fumou muito pouco
  • A poluição do ar nas cidades pode causar até 2% das mortes por câncer de pulmão
  • Usuários de cigarro eletrônico podem ter até 6 vezes mais nicotina no organismo, comparados a fumantes de 20 cigarros convencionais por dia.
  • De acordo com estimativas de 2023 do INCA, o câncer de pulmão é o terceiro mais incidente em homens, e o quarto em mulheres

Com Assessorias

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