Que o brasileiro gosta de um cafezinho pela manhã, nas pausas do trabalho, depois do almoço e para receber um amigo em casa, todo mundo já sabe. Segundo estudo da Euromonitor International, só em 2017 cada brasileiro consumiu em média 817 xícaras de café, o que corresponde a seis vezes a média mundial e 15% do volume global consumido. A bebida já é a segunda mais consumida por aqui, atrás somente da água. 

Neste Dia Nacional do Café (24 de maio), nutricionistas reforçam que o café é estimulante, acelera o metabolismo e combate os radicais livres por conta de suas propriedades antioxidantes. A cafeína presente em sua composição também colabora com o funcionamento cognitivo e melhora o humor ao liberar a dopamina, considerada a “substância do prazer”.

Estudos afirmam que o café ainda pode ajudar a reduzir as chances de desenvolver várias doenças associadas à demência, como mal de Alzheimer, diabetes tipo II, mal de Parkinson, vários tipos de câncer, cirrose, além de colaborar com a limpeza do organismo, por ser diurético (veja mais aqui).

Mas, afinal, o café pode inibir o sono ou é só mais um mito? Um estudo realizado pelo Laboratório de Biologia Molecular de Cambridge, na Inglaterra, e publicado na Science Translation Medicine, revelou que a cafeína pode alterar o ciclo circadiano, pois age como indutora do período da vigília e libera neurotransmissores que estimulam as células cerebrais.

Outra pesquisa, feita pela Universidade Wayne State, de Michigan, mostrou que o consumo da bebida até cinco horas antes de dormir pode reduzir em uma hora o período de descanso. Isso porque a substância adia a produção de picos de melatonina, hormônio produzido nos períodos não luminosos e que indicam o início do sono.

A cafeína é uma substância estimulante do sistema nervoso central. Em doses moderadas, produz ótimo rendimento físico e intelectual, com aumento da capacidade de concentração e agilidade nos estímulos sensoriais. Por outro lado, doses elevadas podem causar ansiedade, nervosismo, tremores musculares, taquicardia, zumbido e aumento do estado de vigília, comprometendo o sono”, explica a consultora do sono da Duoflex, Renata Federighi.

Há pessoas, no entanto, que acabam ficando condicionadas e tolerantes aos efeitos da cafeína, como explica a especialista. “Nestes casos, mesmo que a pessoa acredite que ela não interfira no tempo de sono, a substância pode atrapalhar a sua qualidade, pois aumenta o número de despertares durante a noite”, alerta.

A bebida na medida certa

Mas, o que fazer para consumir o tão adorado cafezinho e ainda garantir um sono relaxante? Renata explica que, como tudo em excesso faz mal, é recomendável moderar a dosagem de café por dia e evitar o consumo horas antes de dormir. “Para ter uma noção, a cafeína permanece no organismo por até oito horas, seja do café, ou qualquer outra bebida estimulante, como refrigerantes e alguns chás”, orienta.

Trabalhando no Prezunic, supermercado carioca que serve 1,5 mil litros de café por dia a seus clientes, a nutricionista Leusimar Nunes também alerta sobre a quantidade ideal da bebida: “Como tudo na vida, a diferença entre o antídoto e o veneno está na dose. Por isso, consuma com moderação, de 4 a 5 xícaras por dia, no máximo”.

Alguns cuidados podem ser seguidos para melhorar as noites de sono, ensina a consultora da Duoflex:

Tente dormir ao menos oito horas por noite, utilize travesseiros e colchões adequados para manter a disciplina postural, tome um banho morno antes de dormir para relaxar, evite o uso de aparelhos eletrônicos, mantenha o ambiente arejado, silencioso e o mais escuro possível e faça refeições leves antes de deitar”.

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Impactos ambientais do cafezinho em cápsula

Será que a forma como fazemos uma das nossas bebidas favoritas faz diferença no meio ambiente? Pesquisadoras do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) compararam os resíduos gerados pelos filtros de papel e as cápsulas de café disponíveis no mercado e concluíram: no Brasil, tornar um hábito tomar um cafezinho de cápsula pode ser até 14 vezes mais prejudicial ao meio ambiente do que ‘passá-lo’ no coador de papel.

Consideramos as embalagens das cápsulas, feitas de alumínio e de plástico, e os coadores, constituídos por 100% fibra de celulose. Um brasileiro descartaria por ano cerca de 2,6 kg de plástico e alumínio com as cápsulas para uso individual, contra apenas 183 g de papel no coador para ‘passar’ até 10 cafezinhos”, aponta Cláudia Teixeira, pesquisadora e chefe do Centro de Tecnologias Geoambientais do IPT.

Extrapolando essa média para o país, que em 2017 tinha 207,7 milhões de habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), seriam 540 mil toneladas de alumínio e plástico contra 38 mil toneladas de papel, 14 vezes menos resíduo considerando apenas a massa. Só que esse aspecto não é o único e, nem necessariamente, o mais importante para que o café de coador saia ganhando quando o assunto é meio ambiente.

O papel é um recurso biodegradável e renovável. Ele não poderia ser reciclado, nesse caso, porque teria resíduos em grande quantidade, mas poderia passar pela compostagem junto com o próprio resíduo de café e gerar adubo, ou outros compostos orgânicos”, explica Cláudia.

Já o alumínio e o plástico não são recursos renováveis. Caso não sejam reciclados, levam muito tempo para se decompor junto ao resíduo comum, além de ocuparem espaço em um aterro, por exemplo, completa.

Hoje, algumas empresas fabricantes de cápsulas já disponibilizam sistemas de logística reversa para seus consumidores, o que pode diminuir o impacto das cápsulas no meio ambiente. 

Café em números no Brasil

Supermercado carioca chega a servir 1.5 mil doses de café a seus clientes por dia (Foto: Divulgação Prezunic)

O Brasil é o segundo maior consumidor no mundo, com 21 milhões de sacas. Cada pessoa consome 839 xícaras de café por ano, e o investimento chega a R$ 113, segundo dados da Euromonitor Internacional.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), aproximadamente 9 em cada 10 brasileiros com mais de 15 anos consomem café, seja puro, com leite, espresso, carioca ou americano.

A bebida, que já foi considerada de pessoas “velhas”, atualmente é uma necessidade para a população de todas as idades. O perfil dos apaixonados pelo produto passou por transformações, e agora se destaca na faixa etária entre 16 e 25 anos.

O tradicional café em pó ainda é o responsável por 81% do produto consumido no país. Já o grão torrado vem em seguida, com 18%. As cápsulas representam somente 1% das vendas anuais.

O consumo de café em cápsulas vem crescendo no mundo, segundo pesquisa da Euromonitor, foram consumidas 750 milhões de cápsulas em 2015, e o mercado movimentou cerca de R$ 1,4 bilhão nesse mesmo ano, contra R$ 19 milhões de 2005.

Da Redação, com Assessorias

 

 

 

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