Mais do que nunca precisamos falar disso: o número de denúncias de estupros, abusos e exploração sexual contra menores cresceu 48% nos quatro primeiros meses deste ano, de acordo com Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, em comparação com o mesmo período do ano passado. De janeiro a abril de 2023 foram 9.500 denúncias de crimes do tipo, contra 6.400 no primeiro quadrimestre do ano passado.

A violência sexual praticada contra crianças e adolescentes envolve vários fatores de risco e vulnerabilidade. Além disso, ocorre tanto por meio do abuso sexual intrafamiliar ou interpessoal, assim como da exploração sexual: tráfico, pornografia, contexto da prostituição e exploração sexual no turismo.

Um alerta ainda muito importante nesta campanha do governo é para que pais estejam atentos para o uso das redes sociais pelos seus filhos. Segundo dados apresentados pela Safernet (fundação que trabalha com pesquisa e dados no combate à pornografia infantil na internet), denúncias relacionadas ao armazenamento, divulgação e produção de imagens de abuso e exploração sexual infantil ultrapassaram, pelo segundo ano consecutivo, a casa de 100 mil denúncias, o que não ocorria desde 2011. Foram 111.929 denúncias em 2022, contra 101.833 em 2021, um aumento de 9,9%.

“O abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes, além de ser chocante socialmente, traz impactos extremamente negativos para a vida e o desenvolvimento das vítimas, por isso, a sociedade como um todo deve se engajar em campanhas e medidas que atuem no combate e na prevenção deste grande mal”, afirma Filipe Colombini, psicólogo, orientador parental e CEO da Equipe AT.

No Rio de Janeiro, marcando as ações pelo Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes (18 de maio), a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos informou que intensificou as informações sobre como proteger crianças e adolescentes no âmbito virtual em suas redes sociais. A ação contou com a parceria da Defensoria Pública.

Sinais de alerta

Mas como saber sobre um possível caso de abuso contra uma criança ou adolescente? O psicólogo Filipe Colombini explica:

“Primeiramente, qualquer mudança brusca de comportamento, como, por exemplo, uma criança muito extrovertida que acaba se isolando de uma hora deve ser investigado”, explica o especialista. “Outros pontos significativos são mudanças na rotina, como alterações nos padrões de sono ou de alimentação, além da esquiva da criança ou do adolescente para situações ou lugares que antes gostava de ir ou frequentar”, indica Colombini.

Impactos

Os prejuízos desse tipo de violência são enormes e podem dar origem a uma série de distúrbios psiquiátricos e até problemas de ordem física. “Abusos criam, de fato, déficits importantes no desenvolvimento emocional e de habilidades sociais, causando, geralmente, uma regressão clara nos marcos de desenvolvimento. Por exemplo, uma criança que já se comunicava bem e, de repente, passa a ter dificuldade para se expressar”, diz o psicólogo.

Como prevenir o problema

Para se cercar de cuidados e proteger os pequenos contra abusos e violência sexual, é importante que os pais tenham um vínculo forte com seus filhos para compreender seus padrões de comportamento, a fim de notar quando há algo errado.

“E também o papel da educação, tanto nas escolas quanto em casa, é fundamental para que a criança conheça seu corpo e entenda quando o comportamento de um adulto ou mesmo crianças maiores não é aceitável”, indica o orientador parental.

Apoio psicológico

Buscar ajuda psicológica é essencial para as vítimas de abuso ou violência sexual. “O apoio e o acolhimento de profissionais de saúde mental vai ajudar a criança ou jovem a criar um sentimento de suporte e validação”, explica Colombini. “E, claro, também é uma ferramenta fundamental para a criança conseguir expressar o que sente, para que, assim, o profissional possa ajudá-la a superar traumas e dissipar medos”, afirma o CEO da Equipe AT.

Maio Laranja

Caso Araceli faz 50 anos: crime continua impune

Dia 18 de maio, completam 50 anos que Araceli Crespo, de apenas oito anos de idade, teve todos os seus direitos humanos violados: foi sequestrada, estuprada e morta em Vitória, no Espírito Santo. Ela foi encontrada quase uma semana depois sem vida, atrás de um hospital infantil. Na época do crime, os três adolescentes suspeitos, todos de classe média alta e influentes na cidade, foram absolvidos por faltas de provas e o caso, que chocou o país, foi arquivado.

Para que crimes bárbaros como este (que continua impune, apesar da natureza hedionda), nunca mais aconteçam, este mês passou a abrigar a campanha Maio Laranja, que tem como objetivo mobilizar e conscientizar a população e prevenir e combater todos os tipos de abuso, violência e exploração sexual de crianças e adolescentes.

Desde o ano 2000, graças à Lei Federal 9.970/00, essa data marca o “Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes”. A data é lembrada pelas redes de proteção para que nenhuma criança ou adolescente tenha que vivenciar as marcas da violência sexual ou da impunidade.

A campanha de mobilização tem como lema ‘toda criança e adolescente tem direito a se desenvolver de forma segura e protegida, livre do abuso e da exploração sexual’. O objetivo é mobilizar, sensibilizar, informar e convocar toda a sociedade a participar da defesa dos direitos de crianças e adolescentes. Além disso, o Maio Laranja marca ações efetivas na prevenção e enfrentamento, dando corpo a esse importante movimento.

Agenda Positiva

Conscientização no Centro do Rio e no metrô

Em diversos estados do país, monumentos chamam a atenção para a data, com iluminação especial, como a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), numa iniciativa da Comissão de Assuntos da Criança, do Adolescente e do Idoso.

Ainda no Rio de Janeiro, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, participa, e apoia. No dia 18, acontecem duas ações. Uma atividade de sensibilização será realizada pela Superintendência da Proteção Social Especial, perto do Fórum do Centro do Rio. Serão distribuídos folders informativos e a equipe técnica promoverá um diálogo sobre o tema.

Outra atividade de conscientização e encorajamento à denúncia será feita pela Fundação de Apoio à Infância e Adolescência (FIA) e também contará com a distribuição de material com esclarecimentos sobre o tema. Essa ação acontecerá em parceria com o MetrôRio, no Largo da Carioca, das 9h às 12h.

Suspeitas de abuso sexual contra crianças e adolescentes podem ser denunciadas por qualquer pessoa para as autoridades competentes através do Disque Direitos Humanos (100) ou do Conselho Tutelar (3225-4440).

Com Assessorias

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