A expectativa para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas – COP 30 é que os líderes e representantes dos países tomem decisões importantes sobre a redução de emissões de gases de efeito estufa, a adaptação às mudanças climáticas e a justiça climática, a transição energética para fontes renováveis, o financiamento climático para países em desenvolvimento, a preservação da biodiversidade e o combate à insegurança alimentar.

No entanto, a menos de dois meses da COP 30, muitos veículos de comunicação, infelizmente, só abordam o evento negativa, enfatizando o risco de esvaziamento diante da crise gerada  pelo alto custo das hospedagens em Belém (PA). Pouco temos visto sobre a relevância dos temas que estarão em pauta. Afinal, qual tem sido o papel da imprensa nesta edição histórica do evento no Brasil? E o que fazer para melhorar a cobertura jornalística sobre o evento que pode definir o futuro da vida no planeta?

Essas reflexões serão apresentadas nesta terça-feira (23), durante o Seminário de Meio Ambiente, realizado pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) em sua sede, no Centro do Rio de Janeiro. Aberto nesta segunda (22), o evento vai até quarta-feira (24), reunindo jornalistas, gestores públicos, pesquisadores, ambientalistas, professores, parlamentares e representantes de organizações da sociedade civil. A participação é gratuita e aberta a toda a população.

Desafios e responsabilidades da mídia

O Seminário é uma iniciativa da Comissão de Meio Ambiente e da Diretoria de Cultura da ABI.  Para os organizadores, diante do avanço da crise climática, o mundo não pode mais esperar e a imprensa terá papel fundamental no acompanhamento dessas decisões e na inclusão, nos debates, das vozes dos povos indígenas e tradicionais, não só da Amazônia e do Brasil, mas também de vários países, que estarão em Belém.

Nesta terça-feira (23), das 16h30 às 19 horas, a mesa “Cobertura Jornalística da COP 30: Desafios e Responsabilidades da Mídia” terá como palestrantes convidados  o jornalista Lucas Altino, do jornal “O Globo” e o diretor do site ((o)) Eco, Márcio Isensee e Sá, além da ativista Mara Kambeba, da União das Mulheres Indígenas da Amazônia (Umiab).

Integrante da Comissão de Meio Ambiente da ABI, a jornalista Kátia Brasil, editora executiva da agência Amazônia Real, irá mediar a mesa. Para Kátia Brasil, o maior desafio é a logística para a cobertura da COP 30.

Muitos profissionais das mídias independentes e especializadas em meio ambiente e ciência não irão à Belém. No seminário vamos falar sobre as soluções encontradas pelos jornalistas para deslocamento e hospedagem; como amplificar o debate sobre clima e meio ambiente na própria imprensa, pois em muitos jornais e sites não existe uma editoria ambiental; além da inclusão e escuta dos povos indígenas e tradicionais na cobertura”, disse.

PEC da Água: acesso à água potável como direito fundamental

A programação também traz ao centro dos debates temas estratégicos como o direito do acesso à água e saneamento no País.  Em fevereiro de 2024, a Comissão de Meio Ambiente da ABI lançou a campanha pela aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 6/21, a PEC da Água, que propõe a inclusão, na Constituição Federal, do acesso à água potável entre os direitos e garantias fundamentais da população. Apresentada no Senado em 2018, há mais de um ano a PEC 6/21 aguarda na Câmara dos Deputados a formação de uma comissão especial para avaliá-la.

Desde 2010, o acesso à água limpa e segura e ao serviço de saneamento básico fazem parte dos Direitos Humanos, assim reconhecidos pela resolução da ONU 64/292. Em 2015, uma nova resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu o saneamento básico como um direito humano separado do direito à água potável, com o intuito de chamar a atenção para a situação de bilhões de pessoas que vivem sem acesso a banheiros e sistemas de esgoto adequados no mundo todo.

O tema da Água e Saneamento será debatido no Seminário de Meio Ambiente da ABI na quarta-feira, dia 24 de setembro, com as participações de Leo Heller, ex-relator da ONU e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o ex-ministro do Meio Ambiente, deputado estadual Carlos Minc (PSB) e professora e pesquisadora Adriana Sotero, da Fiocruz.

Saiba mais sobre o primeiro dia do evento aqui.

Outros temas em pauta no evento são educação ambiental; comércio do crédito de carbono; transição energética.  A programação pode ser acompanhada online, com transmissão pelo canal da ABI no YouTube. Leia a programação abaixo.

Leia mais

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Seminário de Meio Ambiente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

De 22 a 24 de setembro, das 14h às 19h (Brasília)

Endereço: Rua Rua Araújo Porto Alegre, no. 71. – sede da ABI.

Auditório Oscar Guanabarino | 9º andar 0 Centro – Rio de Janeiro (RJ)

Faça sua inscrição aqui.

Transmissão ao vivo pelo canal ABI TV no YouTube 

PROGRAMAÇÃO

Segunda-feira (22/09) – das 14h às 16h (horário de Brasília)

Abertura – Leitura de trechos do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Com Iara Cruz,  jornalista, diretora de cultura da ABI.

Mesa 1: Educação ambiental na reconstrução do país.

Com o professor Marcos Sorrentino, diretor do Departamento de Educação Ambiental e Cidadania do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

Painel ‘A violência e o desrespeito aos direitos humanos como desequilíbrio ambiental’. Com os deputados federais Reimont (PT/RJ) e Pastor Henrique Vieira (PSOL/RJ).

Tecnologias para o desenvolvimento social e diálogos com a educação ambiental. Com Alexandre Palma, professor do Programa de Pós Graduação em Tecnologia para o Desenvolvimento Social (PPGTDS- UFRJ).

Educação Ambiental como caminho para resolução de problemas socioambientais locais. Com Rosângela Corrêa, diretora do Museu do Cerrado e professora da UNB.

Painel online: A responsabilidade da mídia na educação ambiental. Com o jornalista Bruno Bassi, coordenador de pesquisas do site “De Olho nos Ruralistas”.

Reflorestar para atenuar a crise climática. Com a deputada federal Marina do MST (PT/RJ). Mediação de Denise Amador, da ONG Mutirão Agroflorestal.

Terça-feira (23/09) – das 14h às 16h (horário de Brasília)

Mesa 2 – Crédito de carbono: descarbonização e transição energética.

Estudo de caso dos problemas ambientais provocados pela siderúrgica em Santa Cruz (RJ). Com Carmen Veronica Castro, do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul, PACS.

A experiência EQAO no mercado de carbono e em outras formas de energia alternativa. Com André Leal de Sá, EQAO, grupo pioneiro no mercado de carbono no mundo, responsável pela gestão de mais de 50% dos créditos de carbono de projetos de energia renovável no Brasil, de fontes eólica, solar e hidráulica.

Recuperação da Petrobrás como empresa pública e transição energética justa para empresas e trabalhadores. Com Deyvid Bacelar, coordenador geral da FUP – Federação Única dos Petroleiros.

Lei 15.042/24 institui o Sistema Brasileiro de Comércio de  Emissão de Gases de Efeito Estufa (SBCE). Com a senadora Leila Barros, autora do substitutivo do projeto que originou a legislação.

Experiência em várias atividades e diversos territórios na Amazônia, as Culturas locais e o Mercado de Carbono. Com o padre Roni, Antônio Ronilson Braga dos Sousa, membro da Pastoral Indigenista de Roraima.

Mecânica de Solos relacionada a áreas de geração de créditos de carbono. Com Tácio Mauro Pereira, professor emérito da Engenharia Civil e Ambiental da PUC- Rio. Mediação de  Maluh Martins, jornalista membro da Comissão de Meio Ambiente da ABI.

Terça-feira (23/09)   – das 16h30 às 19h (horário de Brasília)

Mesa 3: Cobertura Jornalística da COP 30: Desafios e Responsabilidades da Mídia.

Como a imprensa pode garantir uma cobertura eficaz, inclusiva com os povos tradicionais e crítica da 30a. Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas – COP 30, promovendo a “discussão democrática” dos acordos e suas consequências para o Brasil e o mundo.

Convidados: Lucas Altino (O Globo), repórter do jornal “O Globo”, Mara Kambeba, ativista da União das Mulheres Indígenas da Amazônia (Umiab) e Marcio Isensee e Sá, diretor de conteúdo do site ((o)) Eco e secretário executivo da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental (RBJA). Mediação de Kátia Brasil, editora executiva da agência Amazônia Real e jornalista da Comissão de Meio Ambiente da ABI

Quarta-feira (24/09) das 14h às 19h (horário de Brasília)

Mesa 4:  Água e saneamento como direitos humanos: a Resolução 64/292 da Assembleia Geral da ONU, de 2010.

Jogral dos Bolsistas da Fiocruz – Projeto de Pesquisa Vigilância Popular em Saneamento e Saúde.

O caso da concessão/privatização dos serviços de água e esgotamento sanitário no estado do Rio de Janeiro.  Com Adriana Sotero, Fiocruz.

Água como direito fundamental e de soberania nacional.  Com Vitor Soares Duque Estrada, presidente do SINTSAMA-RJ.

Água como direito humano.  Com Leo Heller, Fiocruz, relator da resolução da ONU 64/292.

Debate – Participações online: deputado federal Pedro Campos (PSB/PE), relator da PEC 6/21, a PEC da água potável na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados. Deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), coordenador da Frente Parlamentar Mista Ambientalista do Congresso Nacional e 1º vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS). Deputado federal Joseildo Ramos (PT-BA), presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.

Participações presenciais: deputada estadual Dani Monteiro (PSOL-RJ), autora de projetos de lei para aprimorar o monitoramento e as ações relacionadas a potabilidade da água, garantir o mínimo vital de água para pessoas em vulnerabilidade social, a lei do dia estadual pela promoção da segurança hídrica e do direito humano à água e ao saneamento. Deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ), foi secretário estadual do Ambiente e ex-ministro do Meio Ambiente.

Mediação  Marcos Montenegro, Coordenador de Comunicação do Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento – ONDAS.

Encerramento.

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