Não existe crise e instabilidade financeira quando o assunto é cuidar do corpo no Brasil. Só perdemos para os Estados Unidos no quesito vaidade. Pesquisa da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps) mostra que em 2015 foram realizados 1,2 milhão de cirurgias plásticas e 1,1 milhão de procedimentos estéticos no país, enquanto houve 1,4 milhão de procedimentos cirúrgicos nos EUA. O levantamento também revela que somente em 2015 foram realizadas 9,6 milhões de cirurgias plásticas e os pacientes brasileiros representam 12,7% desse mercado. Em todo o mundo, foram mais de 18 milhões de cirurgias durante o ano de 2015.
Ao todo no Brasil, foram feitas mais de 430 mil procedimentos na face e 358 mil cirurgias de mama e as mulheres continuam na liderança, representando uma fatia de 85,6% do mercado. Entre as principais realizadas no Brasil em ordem crescente estão a colocação de próteses nas mamas, a lipoaspiração, a blefaroplastia, a abdominoplastia e a rinoplastia.
Parte desse crescimento constante do Brasil é atribuído ao aumento do público masculino nos consultórios. Assumindo a vaidade e o cuidado com o corpo, os homens realizaram mais de 3 milhões de procedimentos cirúrgicos e não cirúrgicos. A procura dos homens hoje vai além dos implantes capilares. Entre eles, a blefaroplastia é a campeã, seguida por lipoaspiração e ginecomastia.
Novos dados divulgados pela Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (Asps) revelam que os americanos querem melhorar rosto e corpo, uma vez que as estatísticas de cirurgias plásticas anuais mostram um crescimento de 3% nos procedimentos cosméticos, durante o último ano.
De acordo com as estatísticas da ASPS, 17,1 milhões de procedimentos cirúrgicos e minimamente invasivos cosméticos foram realizados nos Estados Unidos, em 2016. Os dados também mostram novas tendências cosméticas nos liftings faciais e no emprego da própria gordura do paciente.
Brasil é referência mundial no assunto
Referência mundial quando o assunto é cirurgia plástica, o Brasil é pioneiro e exporta para o mundo todo técnicas consagradas. Hoje existem 5.900 cirurgiões plásticos atuando no Brasil, contra 6.500 profissionais americanos. Mas quem vê os corpos que desfilam pelas praias e piscinas durante o verão, nem imagina que para chegar até ali, a maratona teve início bem longe das academias de ginástica no decorrer do outono e inverno. Já é tradição que nesse período as clínicas de cirurgia plástica tenham um movimento 40% maior, reflexo da procura de pacientes por aumento dos seios, abdominoplastia, correções de nariz e pálpebra.
De acordo com o cirurgião plástico Cláudio Lemos, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e pós-graduado pelo Instituto Ivo Pitanguy, o período entre o fim de março e o início de agosto é o preferido de quem deseja se submeter a algum tipo de procedimento. “Nessa época do ano, com a chegada da nova estação, é comum que os pacientes tenham menor exposição ao sol e se tratando de cirurgias uma recuperação tranquila, evitando qualquer tipo de problema no pós-operatório. Além disso, o clima mais ameno é confortável em se tratando das cintas modeladoras e ajuda a evitar possíveis manchas na pele e na cicatriz pela exposição solar”, afirma o especialista.
Ainda segundo ele, por conta das altas temperaturas e do calor excessivo, os dias abafados ainda representam um incômodo extra para os pacientes. “A utilização da cinta, por exemplo, depois da operação se torna um incomodo, apesar de hoje existirem os modeladores com tecido hi-tec, o qual são extremamente maleáveis já que não esquentam e são muito confortáveis”, diz Lemos. Outro período que pode facilitar a recuperação são as férias que também são na estação mais fria do ano. Ao se ausentarem da vida social e profissional, os pacientes conseguem esconder possíveis inchaços e marcas.
Alguns pacientes optam por cirurgias conjugadas. De acordo com Claudio Lemos, as associações mais comuns são aquelas feitas em regiões do corpo que estão próximas, como mama e abdome. “Hoje em dia já é possível realizar dois procedimentos sem oferecer tanto risco ao paciente como antes”, afirma recomendando que procedimentos muito longos sejam evitados. “O tempo médio é de cinco horas, para cirurgias associadas, assim com o tempo mais curto reduzimos a chance complicações como trombose e hipotermia, pelo longo período de cirurgia”, destaca.
Mês das noivas também alavanca procura
Conhecido como o mês das noivas, maio também é um mês muito propício para cuidar da aparência, com grande crescimento em procedimentos estéticos. Mas a procura cresce antes mesmo de maio, já que algumas intervenções requerem tempo para alcançar o resultado desejado. A cirurgia mais procurada pelo público feminino é em disparada a prótese de silicone mamária, seguido pela lipoaspiração de abdome e modelagem da cintura, de acordo com a médica Ivanoska Filgueira.
“No casamento as mulheres querem usar o vestido dos sonhos. A maioria delas escolhe peças que valorizam muito a parte do colo, e por isso querem os seios perfeitos. Esse tipo de cirurgia tende a valorizar esta região que querem destacar na ocasião”, complementa a cirurgiã plástica. As operações devem ser realizadas com no mínimo dois meses de antecedência do casório, para que as fases do pós operatório sejam concluídas com sucesso.
Além do silicone mamário, os procedimentos estéticos que combatem a celulite também estão no ranking dos mais pedidos pelas noivas. “O público pensa até na lua de mel. Principalmente aqueles que irão passar alguns dias na praia, querem ter a certeza de que estarão sem celulites e gordurinhas extras”, comenta Ivanoska.
Os homens não ficam de fora na corrida estética focada no casamento. Segundo a médica, a procura por lipoaspirações tem se tornado comum quando se trata do público masculino. A área mais pedida para realização o procedimento é a do abdome. “Esta intervenção é indicada apenas quando o peso do paciente não está muito acima do ideal, pois se estiver, o resultado não será como o esperado. A elasticidade da pele também deve ser boa, para evitar flacidez e garantir que a área fique bem modelada”, considera a cirurgiã.
Fonte: Isaps, Claudio Lemos e Ivanoska Filgueira