O Dia Mundial da Trombose (13 de outubro) chama atenção para a importância da conscientização e prevenção da condição que pode evoluir de forma silenciosa e grave. A doença que registrou mais de 75 mil casos no Brasil em 2024, de acordo com o Ministério da Saúde. Apenas no primeiro semestre de 2025, foram identificados 36 mil, o que representa quase a metade do número previsto para o ano.
Complicações graves podem surgir se a condição não for diagnosticada e tratada adequadamente, como é o caso da embolia pulmonar, que pode levar à morte em 30% das ocorrências. Em casos mais críticos, s manifestação clínica pode variar desde um quadro leve e assintomático, a quadros mais graves com dor no peito, falta de ar, arritmias cardíacas, tosse com raias de sangue, até mesmo falência respiratória aguda e parada cardiorrespiratória.
Mais associada às pessoas idosas, a trombose venosa profunda (TVP) também pode acometer jovens e até crianças. Por isso, especialistas ressaltam que a falta de informação e prevenção torna a doença ainda mais grave, já que milhares de mortes poderiam ser evitadas todos os anos.
A trombose é democrática: pode afetar homens e mulheres, jovens e idosos. A diferença está em reconhecer os sinais precoces e agir antes que o quadro evolua”, explica Haila Almeida, médica cirurgiã vascular e fundadora do Instituto Alphaveins, com foco em tratamentos minimamente invasivos, como o uso de tecnologia a laser para varizes e vasinhos.
A trombose venosa profunda (TVP) ocorre quando há a formação de coágulo que causa a obstrução da circulação sanguínea e a inflamação da parede dos vasos, como veia ou artéria, geralmente nas pernas, e pode causar complicações sérias se não for diagnosticada e tratada a tempo. Entre os fatores de risco estão o sedentarismo, histórico familiar, uso de anticoncepcionais, tabagismo, pós-operatórios e longos períodos sentado ou em repouso.
José Francisco Moron Morad, médico angiologista, conselheiro da Central Nacional Unimed, explica que a doença é agravada pelo sedentarismo, longas viagens de avião, varizes, obesidade, tabagismo, diabetes e hipertensão. E observa que o risco fica muito maior para as mulheres com a soma de cigarro e pílulas anticoncepcionais.
Os membros inferiores do corpo são os locais mais afetados e os sinais podem ser silenciosos e exigem atenção. Os sinais clínicos podem incluir inchaço em uma das pernas, geralmente na panturrilha ou coxa, dor ou sensibilidade local semelhante à câimbra, além de calor e vermelhidão na pele da região afetada.
Em caso de dores, inchaço, vermelhidão e aumento da temperatura nas pernas, vá ao médico, pois se houver coágulos serão tratados com anticoagulantes ou cirurgia”, adverte Morad, também presidente da Unimed Sorocaba.
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Entenda a trombose e os principais fatores de risco
Angiologia é o ramo da medicina que estuda as doenças vasculares e seu tratamento. A TVP, também conhecida como flebite, caracteriza-se pela formação de coágulos (trombos) nas veias profundas das pernas, o que pode dificultar e até impedir a passagem do sangue.
Além disso, há casos em que atinge outros órgãos, como pulmão e coração. A trombose ocorre quando um coágulo de sangue bloqueia uma veia ou artéria, podendo resultar em sérias complicações, como embolia pulmonar e acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e infarto.
Entre os principais fatores de risco para a trombose estão quadros anteriores da doença, histórico familiar, gravidez e período pós-parto, câncer, diabetes, hipertensão, doenças como a de Behçet (patologia que começa com aftas dolorosas) e macroglobulinemia de Waldenstrom (tipo de linforma não Hodgkin) aumentam os riscos de TVP. Outros fatores podem ser evitados com mudança de hábitos, como obesidade, tabagismo, sedentarismo,uso de anticoncepcionais, atenção a varizes e como usar corretamente meias de compressão, entre outros pontos.
Viagens longas agravam o risco de trombose
Além disso, cirurgias prolongadas, especialmente ortopédicas, e viagens aéreas e rodoviárias de longa duração, também são fatores predisponentes. De acordo com Caio Focássio, cirurgião vascular membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, é crucial estar atento aos sinais e aos fatores de risco que aumentam as chances de desenvolver trombose. Pessoas que passam longos períodos sentadas trabalhando ou em viagens longas, ou que apresentam condições como obesidade, tabagismo, gravidez e doenças cardíacas, estão no grupo de maior risco.
Evitar longos períodos sentado é essencial para quem trabalha ou viaja por muitas horas que precisa, necessariamente levante-se e caminhar a cada 1 ou 2 horas além de beber água regularmente para ajudar a manter o sangue mais fluido e a prevenir a formação de coágulos. Pessoas com pré-disposição ainda precisam usar as meias de compressão e todos precisam evitar o cigarro, que é um fator que aumenta significativamente os riscos”, alerta.
O Dr. Caio explica que os sintomas de trombose podem ser silenciosos ou manifestar-se por dor e inchaço nas pernas, vermelhidão e sensação de calor na área afetada. “O diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações mais graves”, ressalta.
Inchaço repentino em uma das pernas, dor localizada, sensação de peso e alterações na coloração da pele podem ser os primeiros indícios de trombose. O ideal é buscar avaliação médica o quanto antes”, orienta a dra Haila, lembrando que a prevenção começa com atenção aos pequenos sinais.
É melhor prevenir do que tratar
O tratamento é feito com medicamentos (via oral e injeções subcutâneas). Em manifestações mais agudas, é feita cirurgia para colocação de stent metálico (tubo expansível) na veia, desobstruindo-a. O médico afirma ainda que a trombose, apesar de perigosa, pode ser evitada com hábitos saudáveis e cuidados médicos. “O check-up vascular anual ajuda a manter os riscos da condição se instalar”, finaliza Dr Caio.
Exercício regular, peso equilibrado, tratamento de varizes, diabetes, hipertensão e abandono do cigarro ajudam a prevenir a doença. Em alguns casos, como em voos prolongados, o médico pode recomendar o uso de meias elásticas de compressão, para maior proteção de quem já tenha varizes e histórico familiar da doença.
A prevenção é sempre o caminho mais seguro. Movimentar-se com frequência, manter hábitos saudáveis, evitar o tabagismo e usar meias de compressão quando indicado estão entre algumas medidas que salvam vidas. Também é de extrema importância realizar exames de rotina e o acompanhamento médico e procurar o médico caso fatores de riscos e sintomas sejam observados”, destaca Joé Sestello, cirurgião vascular e diretor presidente da Unimed Nova Iguaçu.
5 medidas simples que ajudam na prevenção da trombose
A Dra. Haila Almeida lista cinco hábitos que podem ser incorporados no dia a dia para evitar a trombose. Confira!
- Levantar e se movimentar após longos períodos sentado (especialmente em viagens e no trabalho);
- Praticar atividades físicas regularmente;
- Manter hidratação adequada;
- Evitar automedicação, especialmente com hormônios e anti-inflamatórios;
- Buscar acompanhamento vascular em casos de histórico familiar ou sintomas recorrentes;
Com Assessorias