Tornados, como o que atingiu o estado do Paraná, onde seis pessoas morreram e pelo menos 750 pessoas ficaram feridas, a maioria em e Rio Bonito do Iguaçu – cidade de 14 mil habitantes que teve cerca de 90% das residências e comércios destruídos – são fenômenos localizados, de curta duração e difíceis de prever. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), eles se formam dentro de nuvens de tempestade e causam estragos quando atingem o solo.
Com a formação do ciclone extratropical no Rio Grande do Sul, a gente teve também a formação de uma frente fria na parte mais norte desse ciclone, ou seja, no Paraná. Dentro dessa frente fria, nós temos vários fenômenos, como chuvas intensas, tempestades de raios, queda de granizo, e há a possibilidade de uma dessas nuvens formar um tornado”, informou o meteorologista do Inmet, Danilo Siden.
Segundo ele, este é um fenômeno bem intenso, mas de curta duração, que pode ocorrer dentro de uma frente fria, mas não tem como fazer previsão porque ele é bem localizado”, acrescenta Danilo.
No caso de Rio Bonito do Iguaçu, a nuvem que deu origem ao tornado foi chamada de “supercélula” pelo Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná. Como os ventos ultrapassaram 250 quilômetros por hora, o tornado foi classificado como F3, na escala Fujita, que vai de 0 a 5. Isso representa danos severos.

Formação de tornados
De acordo com o meteorologista, algumas características podem favorecer a formação de tornados, como a presença de ar mais quente próximo ao solo, e a mudança rápida na direção ou velocidade do vento, mas mesmo em locais que têm sistema de alertas só conseguem prevê-los com cerca de 15 minutos de antecedência.
No Brasil, os tornados parecem raros, mas não são. A engenheira ambiental e pesquisadora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e do Instituto Serrapilheira, Celina Rodrigues, explica que a Região Sul do país é um dos locais com maior incidência da América do Sul, ao lado da Argentina e do Paraguai.
Esse fenômeno é relativamente frequente, mas suas consequências ficam mais evidentes quando atingem áreas povoadas. É mais comum no período de transição entre a primavera e o verão”, disse Celina.
Apesar de ter ocorrido após a formação de um ciclone extratropical, a engenheira ambiental revelou também que os dois fenômenos não são iguais, e nem sempre ocorrem juntos.
Os tornados são fenômenos de pequena extensão, que variam de dezenas a centenas de metros, podendo atingir poucos quilômetros, e têm uma duração que vai de segundos a minutos. Por outro lado, os ciclones atmosféricos são fenômenos de grande escala, que afetam grandes áreas. Sua duração geralmente é de alguns dias, cobrindo de centenas a milhares de quilômetros.”
O ciclone que ainda atua na costa das regiões Sul e Sudeste do país é chamado de extratropical por ser formado por massas de ar quente e fria. Além de causar ventos fortes, ele provocou o deslocamento de uma frente fria, levando chuvas intensas para diversos pontos dessas duas regiões.
Desequilíbrio ambiental aumenta força de tornados
A oceanógrafa Renata Nagai, pesquisadora da Universidade de São Paulo, apoiada pelo Instituto Serrapilheira, explica que tornados, como o que atingiu Rio Bonito do Iguaçu, não acontecem apenas por causa das mudanças climáticas, mas o desequilíbrio do clima pode contribuir para que eles sejam mais frequentes e intensos.
As mudanças climáticas estão associadas a um aporte de combustíveis fósseis e de gases de efeito estufa na atmosfera e isso aumenta a energia, causando o aquecimento da atmosfera e também dos oceanos. Esse aumento do calor provoca também o aumento da umidade, pela evaporação. Mais calor e mais umidade servem quase como um combustível para esses eventos meteorológicos extremos”
A especialista explica que tornados são colunas de ar que giram em altíssima velocidade, formadas a partir de nuvens de tempestades. Apesar de serem rápidos e de pequena extensão, podem ter grande poder destrutivo, ao tocarem o solo. O fenômeno é favorecido pela alta umidade e pelo ar quente.
O professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Michel Mahiques afirma que esse tipo de fenômeno pode se tornar mais comum.
Tornados, como o que aconteceu no Paraná, ocorrem por conta de grandes diferenças de pressão, causadas por massas de ar com propriedades muito diferentes, como a temperatura. Agora, com as mudanças climáticas, essas diferenças se intensificam, e a possibilidade de ocorrer eventos extremos como esse aumenta”.
Ciclone causa danos em dez municípios gaúchos e 200 mil ficam sem luz

O ciclone extratropical que atingiu a região Sul do Brasil nessa sexta-feira (7) causou estragos em, pelo menos, dez municípios gaúchos com chuvas de até 177 milímetros (mm) e ventos de até 95 quilômetros por hora (km/h), segundo boletim da Defesa Civil do estado publicado na manhã deste sábado (8).
A tempestade também deixou pelo menos 200 mil residências sem energia elétrica, segundo a CEEE Energia, empresa responsável por um terço da energia no estado. A companhia informou que trabalha para restabelecer os serviços, dando prioridade a hospitais e unidades de abastecimento de água.
Apesar dos estragos menores que no Paraná, que decretou calamidade pública, no Rio Grande do Sul o fenômeno causou a obstrução de vias, queda de árvores, destelhamento de residências e prédios comerciais, além de rompimento de cabos de energia elétrica.
Reportaram estragos os municípios de Anta Gorda, Bom Retiro do Sul, Cidreira, Erechim e Relvado, entre outros. Em Frederico Westphalen, houve o destelhamento de um pavilhão industrial e um depósito de madeireira.
O governador do estado, Eduardo Leite, informou que as equipes estão em campo tentando desobstruir as vias e auxiliando prefeituras e companhias de energia e saneamento para o restabelecimento dos serviços interrompidos.
Houve uma linha de instabilidade que passou pelo estado, já gerando muitos ventos e chuva intensa. Trouxeram naturalmente muitos transtornos, quedas de árvores. que acabam fazendo cair energia elétrica”, comentou em rede social, acrescentando que os planos de contingência foram acionados.
As regiões mais atingidas foram o Norte do RS e a Grande Porto Alegre. As maiores chuvas foram registradas em Ilópolis, Anta Gorda, Dois Lajeadores e Arvorezinha. Já os ventos mais fortes foram registrados nos municípios de Planalto, Canguçu, Passo Fundo e Tramandaí. Em Porto Alegre, o vendaval chegou a 77 km/h e as chuvas ficaram em 28 mm.
Com frente fria, Rio acionou estágio 2 de alerta
Isso significa que alguns eventos climáticos estão impactando a rotina da cidade.

A frente fria que atua sobre as regiões Sul e Sudeste do país, e que provocou a formação de um tornado no Paraná, também causou problemas no Rio de Janeiro. O Centro de Operações e Resiliência da capital fluminense acionou estágio 2 de alerta, o que significa que alguns eventos climáticos estão impactando a rotina da cidade.
Foram registrados seis pontos de alagamento e 26 quedas de árvores. O caso mais grave foi a queda de um muro entre as estações Coelho Neto e Colégio do metrô, o que obrigou a interrupção parcial do serviço no início da manhã deste sábado (8). Neste momento, a circulação das composições é normal.
Os sistemas de monitoramento da prefeitura carioca chegaram a registrar rajadas de vento de até 77,7 quilômetros (km) na região do Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador. Apesar disso, o terminal opera normalmente.
Núcleos de chuva moderada e forte continuam sobre toda cidade, e há previsão de pancadas com raios e rajadas de vento para as próximas horas.
São Paulo aciona alerta severo para temporais
Gabinete de crise com Defesa Civil e Corpo de Bombeiros é mobilizado para monitorar temporais em SP, que segue sob alerta severo
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o mau tempo se deve a um sistema frontal que se formou na Argentina e chegou ao Sul do Brasil nesta sexta-feira (7). O núcleo desse sistema atravessou a Região Sul e chegou ao Sudeste na manhã de hoje.
A frente fria favorece a ocorrência de tempestades e rajadas de vento nos estados do Sul e também em São Paulo, no Rio de Janeiro e em partes de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
Em São Paulo, o Corpo de Bombeiros registrou, na madrugada e manhã deste sábado (8/11), 24 chamados para quedas de árvores na capital e na região metropolitana. A corporação também atendeu três ocorrências de desabamento e desmoronamento no período.
Na noite dessa sexta-feira (7/11), a Defesa Civil emitiu um alerta severo para a formação de fortes temporais e rajadas de vento extremas, devido à passagem de um ciclone extratropical pela costa da região Sudeste do país. O aviso vale para todas as regiões do estado.
Um gabinete de crise começou a ser mobilizado neste sábado, apontado pelas autoridades como o dia de maior risco. O grupo reunirá a Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), concessionárias de energia e gás, além de equipes municipais.
Os órgãos estarão concentrados no Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), na cidade de São Paulo, monitorando a evolução das chuvas e prestando apoio imediato em caso de desastres.
Com informações da Agência Brasil e Metrópoles










