A esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica, progressiva e autoimune, que faz com que as células de defesa do corpo ataquem o próprio sistema nervoso central, cérebro e medula espinhal, destruindo o tecido protetor (mielina) que envolve as fibras nervosas, impedindo ou alterando a transmissão das mensagens do cérebro para as diversas partes do corpo.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que hoje entre 2 e 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo têm EM. No Brasil, conforme o Ministério da Saúde, a prevalência é de 8,69 casos para cada 100 mil habitantes. Em média, 40 mil brasileiros têm a doença.
A Esclerose Múltipla atinge 8,69 pessoas a cada 100 mil no Brasil e costuma afetar pessoas mais jovens, sobretudo mulheres. Quando um tratamento adequado não é realizado, a EM pode provocar dificuldades motoras e sensoriais significativas.
O Dia Nacional de Conscientização Sobre a Esclerose Múltipla (30 de agosto) tem o objetivo de dar maior visibilidade à doença e informar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado. A data é um marco e um convite para promover a conscientização sobre o assunto.
A seguir, Maurício Hoshino, neurologista do Hospital Santa Catarina – Paulista esclarece os principais mitos e verdades referentes à esclerose múltipla: (EM):
1. A Esclerose Múltipla é uma doença de pessoas idosas
MITO – Diferentemente do imaginário popular, a EM não é uma doença causada pelo envelhecimento. A maioria dos casos diagnosticados ocorre em pessoas jovens, dos 20 aos 45 anos, com pico aos 30 anos, e majoritariamente em mulheres, ou seja, não é uma doença exclusiva dos idosos. “Muitas pessoas confundem o avanço da idade com o surgimento da EM o que não procede”, explica o especialista.
Os sinais da esclerose múltipla são diversos e nem sempre são os mesmos para todos. Os pacientes podem apresentar visão turva ou a ter a perda da visão por um curto período, sentir movimentos involuntários de contração muscular, dormência e formigamento nos braços e pernas. Além disso, podem apresentar tontura e fadiga excessiva, dificuldades motoras como falta de coordenação, desequilíbrio e tremores e problemas de memória e concentração.
2. Mulheres têm mais tendência de ter esclerose múltipla
VERDADE – Sim, e por razão não completamente compreendida. Estudos apontam que a proporção é de duas mulheres para cada homem diagnosticado com a doença. “Acredita-se que fatores hormonais e genéticos desempenham um papel importante para que esse quadro ocorra”, conta Dr. Hoshino.
3. Quem tem esclerose múltipla vai morrer em pouco tempo
MITO – A esclerose múltipla não tem cura, mas é considerada uma doença fatal. Os sintomas da doença podem ser controlados. O tratamento busca atenuar os efeitos e desacelerar sua progressão. Dessa forma, o paciente pode ter uma melhora significativa na qualidade de vida. Com os avanços no tratamento e no manejo da doença, muitas pessoas vivem uma vida relativamente normal e têm uma expectativa de vida próxima à média da população sem a doença.
4. O tratamento da esclerose múltipla não é impeditivo para gravidez
VERDADE – Sim, mulheres com esclerose múltipla podem engravidar, caso desejem. “A paciente deve informar ao seu neurologista, pois alguns tratamentos para EM podem causar danos ao feto e precisam ser ajustados. Também é necessário acompanhamento especial no período do puerpério, quando a EM pode ficar mais ativa”, explica o neurologista.
5. Pessoas que não tomam sol têm mais chance de ter esclerose múltipla
VERDADE – Há fortes evidências de que baixos níveis desta vitamina aumentam a incidência da doença. “Ficar mais exposto ao sol, especificamente aos raios UV-B, pode ajudar na prevenção da doença. A vitamina D tem papel no sistema imunológico, sua deficiência pode contribuir para a predisposição à EM”, relata o neurologista do Hospital Santa Catarina – Paulista.
6. Apesar de não ser uma doença hereditária, filhos de pacientes têm mais chances de desenvolver a doença
VERDADE – A esclerose múltipla não é diretamente hereditária, mas há um componente genético na susceptibilidade à doença, ou seja, filhos de pacientes com EM têm um risco aumentado em comparação com a população geral: “Estima-se um aumento de risco da ordem de 2,5% a mais de chance, principalmente em parentes de primeiro grau e que a mãe seja a acometida pela doença”, conta Dr. Maurício Hoshino.
7. A Esclerose Múltipla é uma doença mental
MITO – A Esclerose Múltipla não é uma enfermidade mental, não significa demência e tampouco é contagiosa. Trata-se de uma doença neurológica inflamatória crônica, que ocorre quando o organismo ataca o próprio sistema nervoso central, gerando um processo inflamatório que danifica a bainha de mielina, uma membrana que envolve e isola as fibras nervosas. Dessa forma, a transmissão dos impulsos nervosos para o resto do corpo fica prejudicada, podendo causar lesões no cérebro e na medula espinhal.
8. Não existe um exame único para o diagnóstico da doença
VERDADE. A confirmação do diagnóstico deve ser feita com a combinação de alguns exames, como de sangue, testes de função neurológica, ressonância magnética e punção lombar. Com isso, busca-se eliminar hipóteses que provoquem sintomas similares e possam ser confundidas com a Esclerose Múltipla.
9. É possível prevenir a esclerose múltipla
VERDADE – Manter níveis adequados de vitamina D, evitar tabagismo e estilo de vida saudável podem reduzir o risco de desenvolver a doença ou sua gravidade.