Pesquisas apontam que o leite materno é capaz de aumentar a imunidade das crianças, protegendo-as ao longo da vida do agravamento de várias doenças com as quais venham a nascer ou que possam vir a adquirir ao longo do seu desenvolvimento. Entretanto, muitos bebês ainda são privados deste direito à vida no Brasil. Este foi o caso da primeira filha de Laís Costa, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e mãe de duas crianças.

Ela conta que, quando ambas as filhas nasceram, produziu bastante leite, mas, com a primogênita, que nasceu com síndrome de Down e uma cardiopatia, o que reforçaria ainda mais a importância da vacinação, o tratamento foi outro. Após o nascimento, Laís saiu da maternidade com a fórmula prescrita para que a bebê se alimentasse com leite artificial. Já com a segunda filha, a pesquisadora deixou a maternidade amamentando a criança.

A grande diferença entre as minhas duas filhas é que a primogênita nasceu com síndrome de Down. Havia um pressuposto de que a doença a impediria de mamar. Isso é um mito. Famílias de crianças com síndrome de Down saem com fórmula prescrita, mas, quando chegam no banco de leite ou numa informação precisa, conseguem garantir esse direito à vida.”

Laís lamenta que, embora o leite humano seja o melhor alimento para todos os bebês, ainda beneficie proporcionalmente ainda mais alguns. “Ele protege ainda mais alguns que precisam de mais proteção. A pergunta é: por que, das minhas filhas, aquela que precisava de mais proteção foi aquela privada desse direito fundamental para a garantia da vida?”

20% das mães não receberam qualquer apoio na hora de amamentar

Uma pesquisa com 645 mães do Club MAM, divulgada no Agosto Dourado de 2023, mostrou que 86% das mulheres buscaram por informações sobre a amamentação durante a gravidez, o que mostra uma relevância significativa do interesse e preocupação sobre o tema.

Dentre as 80% que disseram ter contato com algum apoio, na maioria das vezes, ele veio por meio dos seus médicos (41%), seguido por membros da família, como pai e mãe (40%) e por comunidades online de mães (34%). Em quarto lugar, ou seja, das 645 mães que responderam, apenas 200 disseram ter tido este suporte por parte dos parceiros.

Das 20% das mães que não receberam qualquer apoio na hora de amamentar, 87% contaram que gostariam de ter tido algum tipo de assistência.  O levantamento da marca MAM Baby mostrou ainda que dentre as maiores dificuldades na hora de amamentar estão dor e mamilos doloridos (41%), baixa produção de leite (26%) e bebê com dificuldade para sugar (25%).

Agosto Dourado: os benefícios da amamentação para o bebê e para a mãe

O oitavo mês do ano foi batizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como Agosto Dourado por estimular ações para incentivar o aleitamento materno e promover informações acerca da importância da amamentação.

O Ministério da Saúde reitera que “a amamentação é a forma de proteção mais econômica e eficaz para redução da morbimortalidade infantil”, com grande impacto na saúde da criança. O aleitamento materno reduz em 13% a mortalidade até os cinco anos, diminuindo a ocorrência de diarreias, afecções perinatais e infecções respiratórias, principais causas de morte de recém-nascidos.

Além disso, o leite materno diminui o risco de alergias, diabetes, colesterol alto e hipertensão, leva a uma melhor nutrição e reduz a chance de obesidade e contribui para o desenvolvimento da cavidade bucal da criança. Ao mesmo tempo, traz inúmeros benefícios para a saúde da mulher, como a redução das chances de desenvolver câncer de mama e de ovário e promove o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê.

Até os seis meses de idade, os bebês devem ser alimentados exclusivamente com leite materno, que fornece todos os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento. No Brasil, além da exclusividade no primeiro semestre de vida, o Ministério da Saúde recomenda a amamentação até os dois anos de idade ou mais, pois ela é responsável por passar os nutrientes e anticorpos para a criança, protegendo contra infecções enquanto o sistema imunológico se desenvolve.

Consultora de amamentação dá dicas

Para a consultora de amamentação e do sono infantil da MAM Baby, Dayse Melo, a busca pelo profissional de saúde nesse momento de tantas incertezas, informações e receios é fundamental. “A melhor forma de se preparar para a chegada do bebê é ouvindo de um profissional a realidade para a sua amamentação, conforme a sua saúde e as suas condições”, comenta.

A profissional destaca, ainda, que é necessário à mãe ter consciência de que o leite é produzido na hora da amamentação. Portanto, a quantidade que o bebê está ingerindo vai depender do manejo adequado e do posicionamento da mãe e do filho.

Para facilitar esse momento, a consultora de amamentação e do sono infantil orienta a mãe a atentar para o posicionamento da cabeça do bebê e a realizar uma prega com a mão, em forma da letra C ao redor da aréola, levando-o ao encontro do seu seio e mantendo sua sustentação. A utilização de uma almofada também ajuda muito nessa prática.

Seis dicas douradas na hora de amamentar

  • Como lidar com mamilos doloridos: primeiramente, evite pomadas oleosas. Procure um profissional e/ou local especializado em assistência de amamentação para auxiliar na melhor conduta para a redução do desconforto;
  • Aumento da produção de leite: requer um processo de ajuste entre mãe e filho. Uma pega bem feita garante a efetividade da cavidade oral de transferir o leite;
  • Refluxo durante a amamentação: é necessário ajustar a amamentação, observar e entender se há realmente refluxo ou se houve excesso e o bebê está bem alimentado e satisfeito. Caso seja uma condição recorrente, procure um pediatra ou especialista em gastropediatria;
  • Como lidar com infecções mamárias: faça drenagem do leite de maneira efetiva e associe à conduta medicamentosa sempre orientada pelo médico;
  • Retomada da amamentação após uma pausa: dependendo do tempo, a mãe precisará trabalhar o fluxo e aceitação do bebê;
  • Bombeamento, armazenamento e aquecimento do leite materno: a ingestão do leite materno fortalece o sistema imunológico do bebê. Por isso, é importante ter uma quantidade disponível para eventuais emergências ou retorno da mãe ao trabalho. Existem bombas manuais econômicas e elétricas duplas para extração. Na sequência, armazene em um copo esterilizado ou em bolsas de leite materno, potes livres de BPA e de vidro com tampas plásticas. Guarde na geladeira por 12 horas ou no freezer por 15 dias. O descongelamento deve ser feito apenas em banho-maria.

Com informações da Agência Brasil e Congresso Nacional e MAM Baby

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