Antes uma exclusividade da rede privada de saúde, a cirurgia robótica vem se tornando cada vez mais comum na rede pública e já representa uma importante aliada no tratamento do câncer de próstata. No Estado do Rio de Janeiro, desde 2019, o Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) realiza cirurgias de robótica, minimamente invasivas, e permitem uma recuperação mais rápida. Em quase quatro anos, ocorreram 758 procedimentos.
“O que se faz no Hupe para o tratamento de câncer de próstata é melhor do que em qualquer serviço privado no Estado do Rio de Janeiro. Todos os exames para diagnosticar a doença são realizados na unidade. Além da cirurgia robótica, aberta, laparoscópica, o tratamento de radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e os cuidados paliativos”, ressaltou o diretor geral do hospital, Ronaldo Damião.
Segundo ele, o hospital localizado no bairro de Vila Isabel, na zona norte carioca, é o único do estado que tem essa estrutura para atendimento ao paciente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo por isso considerado referência no tratamento ao câncer de próstata. O procedimento é considerado de alta complexidade e o HUPE realiza cerca de 30 cirurgias robóticas por mês.
Cirurgia robótica: entenda a tecnologia
A cirurgia robótica é um procedimento minimamente invasivo onde o cirurgião, dentro de uma sala, comanda os movimentos dos braços (pinças) e, por meio de pequenas incisões, insere instrumentos e uma câmera no corpo do paciente. É considerada uma evolução da videolaparoscopia e permite ações praticamente iguais às do ser humano. O uso da tecnologia é mais seguro, permite uma recuperação mais rápida, provoca menos danos ao paciente e problemas no controle da urina.
“Essa tecnologia permite uma visão ampliada e movimentos precisos, minimizando o dano aos tecidos circundantes, o que é importante já que em casos de câncer, é necessário retirar a próstata e fazer uma reconstrução da bexiga, em uma região de difícil acesso”, explica o urologista Ricardo Miyaoka, do Hospital São Luiz Campinas (SP).
Segundo o especialista, essa precisão resulta em menor perda de sangue, incisões menores e uma recuperação mais rápida, com menos efeitos colaterais, que podem envolver, em casos mais graves, incontinência urinária e disfunção erétil (impotência). “Os pacientes relatam ainda menos dor pós-operatória e uma recuperação mais ágil, permitindo que retornem às atividades normais em menos tempo”, enfatiza.
Mais de 10 mil consultas e 979 cirurgias na policlínica
Capacitação de médicos residentes
“O Novembro Azul, para nós do hospital, começa no dia primeiro de janeiro e termina no dia 31 de dezembro. Não é só um dia no ano. Temos ambulatórios específicos para tratar a próstata no Pedro Ernesto, duas vezes por semana. São 320 pacientes atendidos por mês pelas unidades. Há também o tratamento hormonal ou de quimioterapia em que 1.500 pacientes são assistidos no hospital”, frisa Damião.
O hospital e a policlínica integram o Parque de Saúde da Uerj. Em 2022, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) repassou ao HUPE mais de 262 milhões para projetos assistenciais descentralizados de Média e Alta Complexidade (MAC).
Homem com histórico de câncer na família deve fazer o preventivo antes
É importante ressaltar que o câncer de próstata não afeta apenas uma faixa etária. Embora o risco aumente com a idade, homens a partir dos 40 anos devem estar cientes da necessidade de exames de rastreamento, especialmente se tiverem histórico familiar da doença. A Sociedade Brasileira de Urologia sugere que os exames de rastreamento sejam realizados a partir dos 50 anos para pacientes de baixo risco, e 45 anos para alto risco.
“O homem, que tem histórico familiar de câncer de próstata, deve fazer seu preventivo a partir dos 45 anos de idade. Aquele que não tem histórico, a partir dos 50 anos. Dez por cento dos homens que têm câncer de próstata têm histórico familiar. Os exames indicados são o PSA e o toque. Também devem ser investigados os sintomas, como ir ao banheiro com mais frequência, retenção na urina e sangue. Em caso de suspeita, o paciente realiza uma biópsia e exame de imagem para verificar sua extensão”, esclarece o diretor geral do HUPE, Ronaldo Damião.
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O que é o câncer de próstata?
Este tipo de câncer se forma na glândula da próstata, um órgão que faz parte do sistema reprodutor masculino. Trata-se de uma das principais causas de morte no mundo, porém, quando diagnosticado em estágios iniciais, as chances de cura são altas.
*Os sintomas do câncer de próstata podem ser discretos, o que torna essencial a realização de exames de rastreamento, como PSA e toque retal.* Os sinais incluem dificuldade em urinar, aumento da frequência urinária, sangue na urina, dor nos ossos e desconforto pélvico.
Esses sintomas podem ser semelhantes aos de outras condições, como hiperplasia prostática benigna (um aumento não cancerígeno da próstata), o que torna o diagnóstico preciso um desafio. Atualmente, um exame que tem auxiliado no diagnóstico, em conjunto com a biópsia, é o de ressonância magnética.
“Além disso, a doença pode ser classificada em diferentes estágios, de acordo com a extensão do câncer. Por isso, é vital entender o tipo e o estágio da doença para determinar o tratamento mais apropriado, que pode envolver quimioterapia, radioterapia e cirurgia”, orienta Dr. Ricardo Miyaoka.
Novembro Azul: os números no Brasil
O câncer de próstata é uma doença extremamente prevalente na população masculina. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) estimam 704 mil casos novos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% da incidência.
A cada ano, surgem aproximadamente 72 mil novos casos no Brasil de câncer de próstata. Estudos apontam que a enfermidade acomete cerca de 15% dos homens na fase adulta a partir dos 45 anos de idade. No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não melanoma), e o que tem a maior taxa de mortalidade entre indivíduos do sexo masculino.
“Isso quer dizer que um em cada seis homens vai ter câncer de próstata. Então é importante a consciência de que é preciso fazer o rastreamento para iniciar o tratamento de forma precoce, já que a maioria dos casos não apresenta sintomas”, alerta Ricardo Miyaoka.
Novembro Azul é o mês dedicado à conscientização sobre o câncer de próstata. “Campanhas como este são de extrema importância, pois nos ajudam a levar a maior arma que nós temos contra tabus e preconceitos: a informação! O diagnóstico precoce salva vidas”, finaliza o urologista.
Com Assessorias