Cerca de 5 bilhões de pessoas vivem em países com pouco ou nenhum acesso a medicações para o controle da dor de moderada a grave. Mas em algumas partes do mundo, não existem serviços de cuidados paliativos ou esses ainda são incipientes para ajudar essas pessoas. A prestação de cuidados paliativos na maioria dos países está muito aquém da necessidade desses serviços essenciais.

A cada ano, estima-se que mais de 56,8 milhões de pessoas, incluindo 25,7 milhões no último ano de vida, necessitem de cuidados paliativos, das quais 78% vivem em países de baixa e média renda. Cerca dos 2,5 mil hospitais existentes, menos de 10% têm profissionais capacitados para cuidados paliativos, segundo informações da Organização Panamericana de Saúde (Opas), vinculada à Organização Mundial de Saúde (OMS).

O Dia Mundial de Cuidados Paliativos (14 de outubro) é uma data de ação unificada para comemorar e tamb[em apoiar essa atividade em todo o mundo. Antecipando a data, o projeto Cuidados Paliativos no SUS, executado por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) do Ministério da Saúde, lançou a segunda edição do “Manual de Cuidados Paliativos”, em colaboração com Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS).

“Compartilhar conhecimento e melhores práticas colabora para que os pacientes acometidos por doenças ameaçadoras da vida e suas famílias recebam o cuidado necessário para viver com dignidade e conforto. Estamos orgulhosos de fazer parte desse processo e de continuar oferecendo apoio e recursos vitais à comunidade de saúde no Brasil”, afirma a coordenadora médica do projeto Maria Perez, pelo Hospital Sírio-Libanês.

Cuidado paliativo para além das pessoas com câncer

Inicialmente o cuidado paliativo destinava-se apenas a pessoas com câncer avançado. Porém, com a nova definição de saúde pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1986, e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e seus princípios no Brasil, em 1990, pessoas com insuficiências avançadas (cardíaca, renal, hepática e respiratória), Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), doenças neurológicas degenerativas, demências etc. foram enquadradas e se beneficiaram também dos Cuidados Paliativos.

Em 2002, a OMS ampliou o conceito de Cuidado Paliativo: “abordagem que promove qualidade de vida de pacientes e seus familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, através da prevenção e alívio do sofrimento; e requer a identificação precoce, avaliação e tratamento impecável da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual”.

O foco principal é o cuidado ofertado ao binômio paciente-família, respeitando, sempre que possível, a autonomia do paciente nas tomadas de decisões referentes aos cuidados prestados. E esses cuidados, deverão ser mantidos mesmo após a morte do paciente, oferecidos aos familiares e entes queridos no processo de luto.

Manual de Cuidados Paliativos para o SUS é lançado em São Paulo (SP)

O novo manual passou por uma atualização da edição de 2020, buscando acompanhar os últimos avanços no campo dos cuidados paliativos, bem como, trazer novos temas. A publicação visa capacitar e disseminar informações e boas práticas no setor e tem sido um suporte nas ações voltadas aos cuidados paliativos em centros de saúde públicos de todo o País.

O projeto de Cuidados Paliativos no SUS tem impactado o cenário de saúde pública nacional. Para que se tenha uma ideia são mais de 7.800 profissionais de saúde capacitados em todo o Brasil, distribuídos por 32 municípios em 24 estados do país.

Até o momento participaram 33 hospitais, 33 ambulatórios de especialidades e 32 serviços de atendimento domiciliar do SUS. Isso demonstra o alcance e a importância desse projeto na melhoria dos cuidados oferecidos aos pacientes com doenças ameaçadoras da vida.

  • Em 2020, o PROADI-SUS implementou o Projeto de Cuidados Paliativospara integrar o cuidado paliativo na rede de saúde pública e proporcionar assistência contínua e integral a pacientes e famílias.  Atualmente são 285 profissionais envolvidos em atividades de gestão e 4.064, capacitados para atuar em campo.
  • No triênio 2021-2023, mais de 7800 profissionais de saúde participaram de capacitações oferecidas pelo projeto, que também implementou fluxos e protocolos de Cuidados Paliativos em hospitais, ambulatórios de especialidades e serviços de atendimento domiciliar em todo o país.

Para mais informações sobre o projeto e o manual, basta acessar os links oficiais do PROADI-SUS – site projeto | Manual.

Experiências de hospitais com cuidados paliativos

Evento de lançamento reuniu especialistas em saúde pública e cuidados paliativos para discutirem os desafios de profissionais de saúde no cuidado de pacientes com doenças ameaçadora da vida

A nova edição foi apresentada durante o terceiro encontro do projeto, num evento híbrido realizado na sede do hospital na capital paulista e com mais de dois mil profissionais de saúde inscritos para acompanhar a transmissão. Nas mesas abertas do evento, serviços de saúde participantes do projeto, como o Núcleo Regional de Atenção Domiciliar de Ceilândia-DF, o Ambulatório do Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira-GO e o Hospital Municipal de Contagem-MG, compartilharam suas experiências exitosas.

O encontro também teve a participação de representantes do Ministério da Saúde, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), da Organização Panamericana da Saúde (OPAS), da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre e da Secretaria Estadual de Saúde do Pará, que apresentaram suas perspectivas e planos relacionados à atuação da iniciativa como estratégia para o SUS.

“Temos o compromisso de apoiar na implementação dos cuidados paliativos no SUS. A realização do encontro e o lançamento da 2ª edição do Manual de Cuidados Paliativos representam um marco significativo nessa jornada”, diz Carina Tischler Pires, gerente do projeto pelo Sírio-Libanês.

Qual a função dos cuidados no tratamento oncológico?

Na oncologia, os cuidados paliativos são uma abordagem multidisciplinar que visa melhorar a qualidade de vida de pacientes com câncer avançado ou em estágio terminal. Centrados na pessoa e não na doença, os cuidados oferecem assistência humana e compassiva, de forma que os pacientes possam viver o mais confortavelmente possível.

Esses cuidados concentram-se no alívio dos sintomas, controle da dor e do sofrimento emocional, além de oferecer suporte psicossocial e espiritual. O objetivo é proporcionar conforto e bem-estar aos pacientes, independentemente do estágio de sua doença. Eles são oferecidos em conjunto com o tratamento oncológico, não representam uma substituição, mas sim um complemento.

Os profissionais de saúde envolvidos nos cuidados incluem médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, conselheiros espirituais e outros especialistas, dependendo das necessidades individuais de cada paciente. O objetivo da equipe é evitar expor o paciente a procedimentos e intervenções que não tenham foco em diminuir sintomas e aliviar sofrimento.

A medicina ainda não detém a capacidade de cura de todas as doenças, mas vem registrando muitos progressos rápidos e revolucionários. A medicina personalizada, por exemplo, faz uso dos avanços da genética, da bioinformática e das influências ambientais.

O seu alvo principal é a área do câncer, na qual várias alterações genéticas já foram identificadas como causadoras da doença, permitindo um tratamento preciso. O mesmo tratamento oncológico não serve mais para todos. O câncer é muito mais complexo do que se imaginava. Há diferenças marcantes dos mesmos tipos de tumor entre os pacientes. São como “digitais”, específicas para cada indivíduo.

Com a medicina personalizada, ou de precisão, os indivíduos são tratados como únicos e não se adequam ao tratamento, ao contrário, o tratamento se ajusta ao paciente, trazendo uma gama de benefícios. Por exemplo, numa abordagem de prevenção, ela permite investigar a susceptibilidade a determinadas patologias, mesmo antes de se manifestarem clinicamente, possibilitando um acompanhamento e até a sua prevenção.

Já na questão de tratamentos, a medicina de precisão indica uma escolha de tratamento que tenha maiores chances de resultado, uma vez que é personalizada. Além disso, a medicina de precisão promove o desenvolvimento de tratamentos alternativos personalizados para indivíduos que não responderam aos tratamentos convencionais.

Saiba mais no portal oficial de PROADI-SUS aqui

 

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