A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu a comercialização, a fabricação, a importação, a propaganda e o uso de lotes do preservativo masculino Blotex Zero e Blotex Sensitive Super Aloe Vera. A decisão, publicada no Diário Oficial da União, foi tomada depois que os lotes falharam em ensaios de estouro após três anos, o que, segundo a agência, impossibilita a manutenção da validade por até cinco anos.

De acordo com a Anvisa, a empresa detentora dos registros já iniciou ações de campo de recolhimento dos lotes. Por meio de nota, a Fábrica de Artefatos de Látex Blowtex Ltda confirmou que os lotes foram inicialmente produzidos com prazo de validade de cinco anos, mas que testes laboratoriais recentes indicaram que pode haver risco maior de ruptura após três anos.

“Com qualquer preservativo, se este romper, você deve tomar precauções adicionais para reduzir a chance de gravidez ou de infecções sexualmente transmissíveis”, alertou a empresa.

E caso de dúvidas, o consumidor deve entrar em contato com a Central de Atendimento ao Cliente (SAC) pelo e-mail, pelo WhatsApp no número (41) 99201-6156 ou pelo telefone 0800 773 6968.

O horário de funcionamento é das 9h às 12h30 e das 13h30 às 16h, exceto feriados e fins de semana.

Dentre rapazes de 15 a 24 anos, só 56,6% usou camisinha

No período pós-carnaval, aumenta o número de homens que procuram consultórios de urologia. A constatação é do especialista Heleno Diegues Paes, professor da Faculdade de Medicina Santa Marcelina, em São Paulo.

A comemoração em si já é uma tradição oriunda de festas romanas em que havia maior permissividade especialmente no que se refere à sexualidade. Dados do Ministério da Saúde indicam que a transmissão de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) costuma se intensificar no Carnaval, e que o uso de preservativos está longe do ideal: na faixa etária de 15 a 24 anos, apenas 56,6% dos rapazes usam camisinha.

A última edição da Pesquisa Nacional de Saúde (PeNSE) de 2019 do IBGE, divulgada em julho de 2020, mostra que apenas 59% dos jovens entrevistados disseram ter usado camisinha na última relação sexual, contra 72,5%, em 2009. Ainda de acordo com o levantamento, somente 22,8% de brasileiros acima de 18 anos relataram usar preservativo durante as relações sexuais, o que equivale a cerca de 26,6 milhões de pessoas.

“A percepção prática que a gente tem hoje, comparada a dez ou 20 anos atrás, é que as pessoas estão usando menos preservativos”, diz o urologista.

Aids

O presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Alfredo Canalini, lembra que na década de 1980, quando começou a aparecer a epidemia HIV e Aids, o medo da contaminação aumentou, uma vez que não havia nenhum tipo de tratamento para a doença na época.

As campanhas pelo uso da camisinha e os debates sobre o sexo seguro aumentaram significativamente. “E todo mundo usava preservativo, que era distribuído durante o carnaval, em blocos”, diz Canalini.

Com o passar do tempo, contudo, o medo da contaminação foi diminuindo e as pessoas pararam de se proteger de maneira adequada. Além disso, o especialista lembra que com o tempo, as pesquisas avançaram e surgiram os tratamentos profiláticos e de pré-exposição, os PrEPs, que diminuem a chance de contaminação pelo HIV, mesmo após sexo sem preservativo.

Com os tratamentos cada vez melhores dessa doença, hoje em dia é muito difícil se ver alguém morrendo de Aids. Acho que isso levou a um regresso, a uma perda do medo de não usar a camisinha. Os mais jovens, em especial, não tiveram essa experiência.

IST

Canalini destaca, contudo, que esses tratamentos não afastam outras infecções sexualmente transmissíveis, como herpes, sífilis, e HPV, que é uma das causas do câncer de pênis. Por isso, o urologista reforça a importância do sexo seguro, com uso de preservativo.

“O uso do preservativo é absolutamente necessário, mesmo que você seja vacinado contra o HPV, mesmo que esteja fazendo tratamento pré-exposição em relação à profilaxia do HIV. Você não deve deixar de usar o preservativo nas relações sexuais. Essa é a mensagem que tem que ficar: sexo seguro! Carnaval é alegria, pode ser alegria, mas a alegria tem que se manter depois do carnaval e você não pode perder sua alegria com diagnóstico de que adquiriu uma infecção sexualmente transmissível”.

O especialista Heleno Paes chama a atenção para outras doenças sexualmente transmissíveis, como gonorreia, sífilis e verrugas penianas. Ele conta que o tratamento vai depender do diagnóstico. No caso das verrugas genitais, por exemplo, o tratamento consiste, basicamente, na remoção dos nódulos genitais e na orientação em relação às recidivas (quando os sintomas voltam).

No caso da gonorreia e da sífilis, o tratamento inclui antibióticos específicos para cada doença. “São doenças que podem ser curadas. Esse é o ponto positivo”.

Já as lesões da herpes genital desaparecem sozinhas. Todas essas doenças podem ser evitadas com o uso da camisinha. “É importante tratar o parceiro também para quebrar a cadeia de transmissão”, recomendou o médico.

Atendimento

Os postos de saúde de todo o país são orientados a distribuir gratuitamente camisinhas internas e externas (conhecidas como femininas e masculinas), sem restrição quanto ao número.

Em caso de sexo sem proteção, procure o posto de saúde mais próximo de sua casa.

Rio prossegue até domingo campanha de combate ao HIV

A Coordenadoria da Diversidade Sexual da Prefeitura do Rio de Janeiro dá prosseguimento, até o próximo dia 26, à campanha Rio – Carnaval com Prevenção, que consiste na distribuição gratuita de material informativo sobre prevenção, preservativos internos e externos e ventarolas informativas sobre PrEP e PEP. Desde o início do carnaval, na sexta-feira (17), a campanha distribuiu 284.800 mil preservativos, sendo 244.800 mil externos e 40 mil internos.

PrEP

A Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) é um método de prevenção à infecção pelo HIV. Ela consiste na tomada diária de um comprimido que reduz o risco de infecção no caso de um possível contato com o vírus HIV, causador da Aids, preparando o indivíduo antes de ter uma relação sexual. A PrEP é a combinação de dois medicamentos (tenofovir + entricitabina) que bloqueiam alguns caminhos que o HIV usa para infectar o organismo. “Se você tomar PrEP diariamente, a medicação pode impedir que o HIV se estabeleça e se espalhe em seu corpo”, informa a campanha.

Homens e mulheres, cis ou trans, independentemente da orientação sexual ou identidade de gênero, podem usar a PrEP. Para saber como começar a usar essa profilaxia, a pessoa interessada deve procurar uma unidade de saúde. Após exame, ela será orientada para receber o medicamento, que é entregue gratuitamente a cada 3 meses.

PEP

A PEP é uma medida de prevenção de emergência para ser utilizada em situação de risco de exposição ao vírus HIV. Consiste no uso de medicamentos ou imunobiológicos para reduzir o risco de adquirir essa infecção. Deve ser utilizada após qualquer situação em que exista risco de infecção, como violência sexual; relação sexual desprotegida, isto é, sem o uso de camisinha ou com seu rompimento; acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico). A PEP é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nos postos de saúde municipais.

A PEP é uma tecnologia inserida no conjunto de estratégias da prevenção combinada, cujo principal objetivo é ampliar as formas de intervenção para atender às necessidades de cada pessoa ou, ainda, das possibilidades de inserir o método preventivo na sua vida.

Essas medidas visam evitar novas infecções, seja pelo HIV ou pela hepatite B e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). É considerada uma urgência médica e deve ser iniciada o mais rápido possível, preferencialmente nas primeiras 2 horas após a exposição de risco e, no máximo, em até 72 horas. A profilaxia deve ser realizada durante 28 dias e a pessoa tem que ser acompanhada por equipe de saúde, inclusive após esse período, realizando os exames necessários.

Na avaliação do coordenador da Diversidade Sexual do Rio de Janeiro, Carlos Tufvesson, a informação é o melhor caminho para a prevenção. “A PrEP é uma importante ferramenta contra a infecção do HIV, com excelentes resultados em vários países. Com a nota técnica do Ministério da Saúde, que autoriza esse medicamento também para mulheres cis, temos um grande avanço na política de prevenção no país. É a prova que essa estratégia de prevenção é para todos e todas, independente de orientação sexual ou identidade de gênero”, disse.

Tufvesson disse que a campanha explica os 3Ps da prevenção: PEP, PrEP e preservativo. “Sem esquecer da importância da testagem para toda pessoa sexualmente ativa. É só procurar uma unidade de saúde da Prefeitura do Rio”, disse o coordenador.

Para mais informações sobre onde encontrar a PrEP e a PEP, acesse Onde Ser Atendido.

OMS

De acordo com o portal Invivo, do Museu da Vida da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o HIV continua sendo um grande problema de saúde pública mundial. Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2021, apontam que mais de 38 milhões de pessoas no mundo vivem com esse vírus. No Brasil, são cerca de 960 mil indivíduos.

Somente no ano de 2021, a cada hora, pelo menos cinco brasileiros foram infectados pelo vírus HIV, o que significa, na prática, cerca de 50 mil novos casos no país, segundo a OMS. O Invivo é voltado à divulgação de temas de ciência, saúde e tecnologia.

Da Agência Brasil

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