Com o anúncio da gravidez da atriz Cláudia Raia, muitas pessoas pararam para se perguntar qual a idade ideal para se ter um filho? Pode-se dizer que o critério sobre o momento certo para dar à luz evoluiu com o tempo e, hoje, admite-se que o ideal é ter a primeira gravidez entre os 20 e 30 anos.
Porém, o universo feminino mudou e, ao invés de quererem ter filhos, as mulheres, agora, ocupam espaços nas universidades e disputam cargos no mercado de trabalho e, com isso, a gravidez ficou para um segundo plano, onde algumas mulheres só passarão a pensar nisso depois dos 40 ou 50 anos.
Segundo as normas éticas do Conselho Federal de Medicina, a idade máxima das candidatas à gestação por técnicas de reprodução assistida é de 50 anos. As exceções a esse limite são aceitas com base em critérios técnicos e científicos, fundamentados pelo médico responsável, sobre a ausência de comorbidades não relacionadas à infertilidade da mulher e após esclarecimento sobre os riscos envolvidos para a paciente e para os descendentes eventualmente gerados a partir da intervenção, respeitando a autonomia da paciente e do médico.
Fundadora e presidente da AMCR – Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil, a professora Marise Samama explica que o mundo está vivendo uma nova era da reprodução humana, onde mulheres ageless, conhecidas por não se identificarem com a meia-idade e com os padrões estéticos ou de comportamento impostos pela idade, vem buscando constituir novos modelos de família aos 50 anos, gerando novos desafios tanto para o corpo, como para a mente e aos médicos.
Mas, será que é saudável para a mulher e para o bebê a gravidez após os 50 anos? Dra. Marise explica que a gravidez natural após essa idade é extremamente rara e pode trazer riscos genéticos ao bebê e a saúde da futura mãe.
“As mulheres com mais de 50 anos estão, em sua maioria, na peri ou pós-menopausa e, para que a gravidez ocorra, é necessário recorrer à reprodução assistida por meio de fertilização in vitro com óvulos previamente criopreservados ou doados. O ideal é que o congelamento dos óvulos tenha sido realizado antes dos 35 anos, pois, quanto maior a idade da mulher, maior o risco de alterações genéticas para os embriões”, comenta a presidente da AMCR.
Dra. Marise comenta que, nessa idade, as mulheres grávidas correm maiores riscos de complicações, como, por exemplo, hipertensão, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, trombose e acidente vascular cerebral, entre outras.
Em relação ao bebê, quanto mais avançada a idade da mãe, maior é a chance de problemas como má formação fetal, alterações cromossômicas que podem resultar em síndromes genéticas como síndrome de Down. O parto prematuro e a restrição de crescimento intrauterino (o que faz com que o bebê nasça menor do que deveria) também pode acontecer.
Para aquelas que desejam engravidar depois dos 50 anos, além do congelamento de óvulos, elas devem passar por uma avaliação psicológica, clínica e cardiológica criteriosa, para ver se o corpo e a mente terão condições de sustentar uma gravidez tardia.
Apesar dos riscos, a gravidez tardia é um processo que tem se tornado cada vez mais comum no Brasil e no mundo. “Sabemos que a decisão final sempre será da mulher, mas cabe aos médicos orientarem da melhor forma as pacientes e deixar claro quais os riscos que ela vai ter se optar por uma gravidez após os 50 anos”, finaliza Profª Dra. Marise Samama.
A AMCR – Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil — é uma entidade sem fins lucrativos, suprapartidária. Fundada em março de 2021, possui 40 associadas, pós-graduadas da área da saúde, distribuídas em todas as regiões do Brasil.
A associação é fruto da vontade dessas mulheres (cientistas, médicas, biomédicas e profissionais de saúde), que defendem a igualdade de oportunidade entre gêneros, reconhecimento e valorização da ciência e atuação das mulheres nas áreas de saúde feminina e Reprodução Humana. Para saber mais informações, acesse o site.