Depois de São Paulo, Salvador, Fortaleza, Florianópolis, João Pessoa e Belo Horizonte, entre tantas outras capitais e grandes cidades brasileiras, o Rio de Janeiro também decidiu embarcar na onda da precaução. Após pressão da opinião pública, o prefeito Eduardo Paes anunciou o adiamento do Réveillon, considerado o maior do Brasil. O motivo? O temor de um novo surto de Covid-19 por causa da quarta onda de coronavírus na Europa e do avanço da variante Ômicron, que já circula no Brasil.
Na sua conta de Twitter, na manhã deste sábado (4/12), Paes disse que o Rio de Janeiro não terá a tradicional festa na Praia de Copacabana – que chega a atrair mais de 2 milhões de pessoas todos os anos – e nem outros pontos da cidade. Segundo ele, entre a decisão dos comitês científicos municipal e estadual, vai valer sempre a mais restritiva.
“O Comitê da prefeitura diz que pode. O do Estado diz que não. Então não pode. Vamos cancelar dessa forma a celebração oficial do réveillon do Rio”, escreveu ele na rede social, destacando uma matéria publicada pelo jornal “Extra” com especialistas.
Paes disse ainda que vinha conversando com o governador Claudio Castro e que a recomendação de cancelamento não era o que ele vinha lhe passando até então. Ele ressaltou que está acatando a decisão estadual. Segundo a Riotur, a festa ainda não tinha patrocínio oficial para este ano.
“Se é esse o comando do Estado (não era isso o que vinha me dizendo o governador), vamos acatar. Espero poder estar em Copacabana abraçando a todos na passagem de 22 para 23. Vai fazer falta mas o importante é que sigamos vacinando e salvando vidas”, explicou.
Por fim, ele lamentou que a festa tenha que ser cancelada, e ressaltou as dificuldades em relação a medidas de segurança sanitária e de logística para se organizar a festa em tão pouco tempo.
“Tomo a decisão com tristeza mas não temos como organizar a celebração sem a garantia de todas as autoridades sanitárias. Infelizmente não temos como organizar uma festa dessa dimensão, em que temos muitos gastos e logística envolvidos, sem o mínimo de tempo para preparação”, pontuou o prefeito.
Secretaria de Estado não confirma orientação
O Comitê Científico da Secretaria de Estado de Saúde (SES) orienta também as outras cidades do estado e suas respectivas festas. Nem todas as prefeituras já tomaram uma decisão definitiva em relação ao réveillon. O principal temor é em relação à falta de conhecimento que a comunidade científica tem sobre a nova variante da Sars-Cov2, a Ômicron.
“No meu entendimento, essa decisão, que não é definitiva, é baseada em incertezas, que certamente, ao longo das próximas semanas, a gente vai compreender melhor o comportamento dessa nova linhagem. O combinado é que essa decisão vai ser postergada por mais alguns dias. Em havendo mudança nesse cenário, isto é, tendo melhores respostas, vamos poder tomar a melhor decisão”. disse o secretário estadual de Saúde, Alexandre Chieppe, em entrevista ao Globo.
Antes, ele havia afirmado ao jornal O Estado de São Paulo que a nova variante “em nada altera o plano do Estado”. Os planos de carnaval e réveillon, assim como o acesso de turistas, estão mantidos até que, porventura, seja identificado “algum fato novo ou informação de risco”.
Risco global muito alto, diz OMS
Na maioria das cidades que cancelaram o Réveillon, os anúncios não foram acompanhados de novas medidas restritivas, e festas particulares continuam permitidas. A descoberta da nova cepa do vírus impulsionou os planos de evitar aglomerações, que já ocorriam ao longo do mês – mais de 70 municípios paulistas já haviam desistido do carnaval, entre elas São Luiz do Paraitinga e Guarujá.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) enviou aos governos ontem alerta em que aponta risco global “muito alto” da Ômicron. Mas destacou haver poucas evidências concretas sobre se a nova cepa é mais transmissível ou escapa das vacinas. No Brasil, há dois casos suspeitos em investigação: um homem vindo da África do Sul, que chegou em Guarulhos, e uma mulher vinda do Congo, que buscou atendimento médico em Belo Horizonte.
Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) diz que, com ou sem Ômicron, “todos que puderem suspender aglomerações” devem adotar a medida. “Não podemos baixar a guarda”, defende.
Levantamento da CNM, feito de 16 a 19 de novembro, aponta que, de 2.362 gestores ouvidos, 97,8% pretendiam continuar com a máscara obrigatória em locais privados e 88,6% disseram mantê-la em espaços públicos.
“Diante da chegada de uma nova variante do coronavírus e do aumento de casos na Europa, estou tomando a decisão de cancelar o Virada Salvador deste ano”, escreveu o prefeito soteropolitano, Bruno Reis (DEM), nas redes sociais. O evento costuma reunir mais de 250 mil pessoas.
Reis prevê adiar ao máximo a decisão sobre o carnaval – ele quer bater o martelo com o governador baiano, Rui Costa (PT). Pressionado por empresários do setor, Costa já sinalizou cautela. “Países estão fechando cidades quando aparecem cinco casos”, disse, no dia 18.
Na sexta da semana passada, o governo do Ceará informou o cancelamento da tradicional Festa da Virada, na Praia de Iracema, em Fortaleza. “Até chegamos a considerar a possibilidade de realizar nossa tradicional festa da virada, se a situação permitisse”, disse o prefeito José Sarto (PDT). “O cenário internacional é preocupante.
Florianópolis vai ter queima de fogos, mas não shows musicais. Por outro lado, a capital catarinense prevê festividades natalinas, com público. O Estado suspendeu a exigência de máscaras em local aberto desde a semana passada.
João Pessoa cancelou a festa, mas o acesso às praias está liberado. Belo Horizonte disse não planejar festa pública de réveillon. Guarujá, que já havia cancelado a virada, decidiu ontem suspender o carnaval.
A Prefeitura de São Paulo informou, em nota, que “o réveillon (na Avenida Paulista) já está sendo planejado e a realização do evento está condicionada ao quadro epidemiológico”. Afirmou ainda que, na primeira semana de dezembro, serão apresentados dados para guiar a decisão sobre o uso de máscara ao ar livre. N
Na semana passada, o Estado disse prever o fim da exigência no dia 11, mas as prefeituras podem ser mais restritivas. A decisão sobre o carnaval do paulistano também continua em aberto. A Prefeitura informou ter aprovado 440 blocos de rua, mas a confirmação do evento só deve ocorrer no fim deste mês.
Com Agência Estado e G1