Você sabia que são mais de 360 milhões de surdos no mundo? Sabia que no Brasil tem mais de 10 milhões de pessoas com algum comprometimento auditivo e que, dentre esta quantidade, 2,7 milhões não ouvem nada? Sabia também que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a estimativa é de que 900 milhões de pessoas da população mundial podem desenvolver surdez até 2050?

Em nosso país, desde 2002 a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) foi reconhecida como a segunda língua oficial, mas sua difusão precisa ser melhor ampliada para que o silenciamento de direitos dos cidadãos surdos diminua e eles tenham mais destaque, autonomia e liberdade. Se estudamos e valorizamos línguas estrangeiras, por que não haver mais incentivo e presença do aprendizado da língua de sinais brasileira, em paralelo ao ensino do idioma falado no caso dos ouvintes?

Ebook conta história de “O Jogador” (Imagem: Rony Braga)

Cada vez mais a disciplina de LIBRAS se faz presente no currículo de diversos cursos de licenciatura, estruturando assim sua evidência entre professores, alunos, comunidades escolares e famílias. Para ampliar essa participação, diversas iniciativas estão sendo criadas no meio acadêmico. Uma delas é o recém-lançado e-book gratuito “Histórias, Surdos e Protagonismo”, organizado por Silvana Matos Uhmann, professora de LIBRAS e Educação Inclusiva na Universidade Federal Fluminense, em parceria com alguns alunos.

Ebook conta história de “Lucinha Comunicadora” (Imagem: Rony Braga)

São 167 páginas, com histórias originais e algumas clássicas (adaptadas), que visam contribuir na promoção da cultura surda, do protagonismo surdo e nas discussões sobre inclusão e diferença. O desenho da capa foi feito pelo quadrinista e desenhista Rony Braga. A ideia é distribuir a produção gratuita para famílias, instituições educativas, ouvintes e surdos, aproveitando as abordagens de ensino remoto, EAD e híbrido e o aumento da leitura digital em tempos pandêmicos.

Protagonismo surdo na telona

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotada pela ONU em 13 de dezembro de 2006, em reunião da Assembléia Geral para comemorar o Dia Internacional dos Direitos Humanos preconiza a facilitação do aprendizado da língua de sinais e promoção da identidade linguística da comunidade surda.

Um dos destaques do Oscar 2021, vencedor na categoria Melhor Som, o filme “O Som do Silêncio” conta a trajetória de um baterista de heavy metal que fica surdo e tem de se adaptar à nova realidade.

A Netflix disponibiliza “Crisálida”, 1ª produção de ficção bilíngue brasileira, contada tanto em português quanto em LIBRAS, abordando a diversidade e a experiência da cultura surda no sul do país.

O curta-metragem de animação “Tamara”, disponível no YouTube, conta a história de uma menina surda que sonha em ser bailarina.

Políticas brasileiras recentes

O PL (Projeto de Lei) 161/2019, do vereador Professor Toninho Vespoli (PSOL), está em tramitação na Câmara Municipal de São Paulo. A proposta pede que órgãos e entidades da administração pública direta e indireta, além de empresas concessionárias de serviços públicos, disponibilizem tradutores ou intérpretes de Libras para garantir atendimento às pessoas surdas.

A Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Câmara Municipal de Natal aprovou, durante uma reunião virtual em 14 de junho de 2021, um Projeto de Resolução de autoria da vereadora Júlia Arruda (PCdoB) que estabelece a obrigatoriedade da participação de tradutor e intérprete de Libras nas sessões e reuniões virtuais transmitidas pela TV Câmara Natal.

Serviço:

O livro online grátis pode ser solicitado pelo e-mail lucianalage@id.uff.br e a aquisição da versão impressa (colorida ou preta e branca) é possível através da plataforma PerSe – www.perse.com.br (valores a consultar).

Barreiras a pessoas com deficiência auditiva no mercado de trabalho

Fabio Bussinger: não basta abrir vagas para PCDs

No Brasil, há duas leis (8.213/91 e 13.146/2015) que estabelecem cotas para contratação de pessoas com deficiência. Essas leis exigem que empresas com 100 ou mais funcionários preencham de 2% a 5% de seus cargos com beneficiários reabilitados ou com pessoas com alguma deficiência. Apesar dos avanços, algumas empresas costumam contratar os funcionários com deficiência apenas para cumprir a cota, ao invés de levarem em conta as habilidades de cada um. Isso acaba dificultando na inclusão social de qualidade dessas pessoas.

Muitas empresas do setor industrial já se adaptaram às urgências sociais deste novo século e passaram a adotar uma política de contratação mais inclusiva ao abrirem suas portas para pessoas com necessidades especiais de locomoção, visuais e fonoaudiológicas. No entanto, a maior dificuldade ainda é enfrentada por pessoas com deficiência auditiva.

Por não conseguirem contratar PNEs capacitadas ou devidamente qualificadas, muitas empresas acabam por empregar pessoas com necessidades especiais menores e as direcionam para funções básicas, como as de limpeza e refeitórios de modo a preencherem a cota obrigatória e, desse modo, não sofrerem multas, o que inviabiliza uma inclusão social de qualidade para este grupo.

Não basta apenas abrir vagas para deficientes auditivos para promover a inclusão social de grupos com necessidades especiais, é necessário, acima de tudo, democratizar as ferramentas de treinamento e aprendizado de modo que a inclusão se complemente na forma de crescimento profissional igualitário. Oferecer uma janela de tradução de libras nos vídeos de treinamento de nossos clientes, sem custo adicional, é democratizar o acesso ao preparo profissional e incentivar uma inclusão social de qualidade, em que haja reais condições igualitárias de preparo”, destaca Fábio Bussinger, CEO da QRtraining.

Tradução em libras em plataforma digital

Com objetivo de promover inclusão social para deficientes auditivos, o empresário carioca criou uma startup de vídeos de treinamento para indústrias com tradução em libras. O QRtraining decidiu investir em um recurso que visa ajudar pessoas com deficiência auditiva. Lançada em janeiro deste ano, a plataforma digital, além de operar com tecnologia exclusivamente brasileira, sem similar no mundo, decidiu ir mais além e irá oferecer tradução em libras sem custo adicional aos clientes que precisem disponibilizar esse recurso em seus vídeos tutoriais.

A plataforma digital é voltada ao gerenciamento de conhecimento industrial. Permite que, por uma assinatura mensal, empresas possam enviar seus vídeos tutoriais e armazená-los para serem acessados por seus colaboradores a qualquer hora. E tudo isso para instruções digitais, micro treinamentos no próprio local de trabalho, registro de conhecimento tácito das operações críticas da empresa, tudo com acesso fácil, ágil e com inteligência de organização de conteúdo, através da simples leitura de QR Codes.

QRtraining fez uma parceria com empresa especializada para disponibilizar edição de uma janela de tradução em libras nos vídeos de treinamento às empresas que necessitem desse recurso em seus tutoriais. Nós oferecemos uma franquia de 60 minutos de conteúdo para inclusão de “janela” de tradução sem qualquer custo adicional, independentemente da quantidade de vídeos. Caso o conteúdo exceda essa duração, nós colocaremos a empresa em contato com a prestadora de serviço para que negociem diretamente a um custo diferenciado”, explica Bussinger.

O QRtraining conta com empresas nacionais e multinacionais de peso em seu portfólio de clientes, como Abbott, Guerbet, Hypera, entre outros. Com seu funcionamento focado primordialmente em linhas de produção, muitos setores de empresas industriais operam de maneira “silenciosa”, onde apenas o recurso visual é requisitado, como é o caso da Gerbet Brasil, multinacional francesa líder mundial na produção de contrastes radiológicos. 

Gerbet Brasil, nossa cliente, possui uma área de produção “silenciosa” para revisão de frasco-ampolas, que requer apenas a visão para ser operada. Por conta disso, ela determinou que só irá contratar pessoas com deficiência auditiva para esse setor, o que irá demandar uma janela de tradução em libras nos vídeos tutoriais para o treinamento desses funcionários”, complementa Bussinger.

Devido à enorme estrutura, com maquinários de grande porte e extensas linhas de produção, empresas do setor industrial chegam a empregar milhares de funcionários em uma única planta. “Oferecer esse tipo de recurso é uma maneira de incentivar essas empresas a contratar mais funcionários com esse tipo de necessidade especial”, afirma o executivo.

Para saber mais sobre o QRtraining  acesse www.qrtraining.com.br

Catálogo ‘Encontros CCBB sobre Acessibilidade digital’

Outra iniciativa que ajuda a promover a inclusão digital de pessoas com deficiência é o catálogo dos Encontros CCBB Sobre Acessibilidade Digital, série de debates e oficinas técnicas que abordaram conceitos, dados de mercado, dicas e melhores práticas para quem deseja produzir conteúdos culturais digitais mais inclusivos para todas as pessoas. Recém-lançado pelo Centro Cultural Banco do Brasil, o material (confira aqui) reúne informações sobre a programação do evento, promovido entre 20 de maio e 14 de junho, que já atingiu mais de 20 mil visualizações no YouTube do Banco do Brasil.

Dividido em cinco capítulos, o catálogo também apresenta um resumo do contexto nacional das pessoas com deficiência, aborda as novas tecnologias e o aumento do uso da internet durante a pandemia. Assim como todas as atividades oferecidas durante a programação, a publicação propõe a reflexão sobre a importância da inclusão digital e o efetivo acesso a conteúdos culturais na Web, por quem tem deficiência. Uma parcela expressiva da população, formada por mais de 45 milhões de brasileiros.

Também está disponível para consulta pública o Estudo CCBB Sobre Acesso a Arte e Cultura por Pessoas com Deficiência. A pesquisa de opinião realizada com 256 pessoas com algum tipo de deficiência, entre maio e junho deste ano, foi divulgada em 14 de junho, último dia dos Encontros.

O levantamento revelou que 72% das pessoas com deficiência que responderam à pesquisa passaram a usar a internet com mais frequência, durante a pandemia, em busca de conteúdos culturais. Do total de respondentes, 88,3% costumam acessar conteúdos culturais virtuais, em sua maioria (61,6%) pelo celular. O sistema operacional da maior parte dos celulares desses usuários é o Android (61,7%), seguido pelo iOS (35,9%). Confira aqui o estudo na íntegra.

Vídeos – Os vídeos dos sete dias de evento, que contaram com interpretação em Libras, legendas em tempo real (estenotipia) e audiodescrição, podem ser acessados em: www.youtube.com/bancodobrasil . Os Encontros CCBB Sobre Acessibilidade Digital têm patrocínio do Banco do Brasil, curadoria do Movimento Web para Todos e são uma idealização da Agência Galo, produtora executiva da iniciativa.

Com Assessorias (atualizado em 5/7/21)

Shares:

Posts Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *