Quando criança, tinha aquela amiga magrinha que comia de tudo, feito a Magali das historinhas da Turma da Mônica, e nunca engordava. Eu morria de ódio (ou seria inveja?) porque só de pensar na comida, eu já engordava. Apesar de nunca ter sido uma criança obesa, era, como se dizia, fofinha. Enquanto ela… se empanturrava e nenhum grama a mais a balança!!! Mas por que será que algumas pessoas comem de tudo e não engordam e outras fazem regime e não conseguem emagrecer?
A dúvida que intriga nove em cada dez mulheres é a questão central do livro ‘O Mito das Dietas’, recém-lançado pela Editora Alaúde. Para o autor, Tim Spector, médico e professor de epidemiologia genética do King’s College de Londres, a fórmula mais do que básica de que basta ingerir menos calorias e fazer mais exercícios não passa de mais um mito em torno do desafio do emagrecimento.
Ele também contesta a eficácia dos regimes tradicionais e dos que estão na moda. De forma criativa e bem humorada, o livro destaca o que pode estar atrapalhando quando o objetivo é emagrecer. O autor também responde, com base em pesquisas científicas sobre alimentação e obesidade, outras perguntas como ‘Por que os cubanos são mais saudáveis que os norte-americanos embora comam duas vezes mais açúcar’ e ‘Por que o índice de ataques cardíacos entre os franceses não é alarmante se eles consomem grande quantidade de queijos gordurosos’.
Para o Vida & Ação, Tim Spector selecionou quatro mitos de dietas que mais atrapalham do que ajudam em qualquer dieta para emagrecimento. Confira:
1. Conte calorias, elas são importantes!
Quando começamos um regime, a primeira ideia é contarmos calorias. Mas isso nem sempre funciona – 2 mil calorias de fast food terão consequências muito diferentes de 2 mil calorias de grãos integrais, frutas e hortaliças. Fora que há inúmeras incertezas de quanto aos números médias de calorias que homens e mulheres precisam diariamente para repor as energias perdidas. A maneira como o alimento interage em cada organismo é mais importante que a quantidade de calorias que ele contém. Assim, prefira opções naturais e saudáveis.
2. Dietas restritivas funcionam para todos
Reduzir a escolha e a diversidade dos alimentos é um sério equívoco. Cortar trigo, cevada e centeio, por exemplo, poderia não ter problema se estes fossem substituídos por outros alimentos saudáveis, o que raramente acontece. Se o indivíduo for privado de se alimentar de específicos produtos, ele ficará defasado de várias fontes de vitaminas, fibras e prebióticos, o que acarretará na diminuição da variedade de micróbios – esses trilhões de bactérias fazem parte da relação do corpo com a comida, cujo trabalho é digerir os alimentos e nos manter vivos e saudáveis
3. Cortar carboidratos faz bem
Os carboidratos possuem nutrientes muito importantes, como trigo, sementes, legumes, leguminosas e algumas frutas e hortaliças. O ideal é comer alimentos mais diversos, não menos. Ao restringir o consumo de carboidratos, a variedade de bactérias intestinais diminui – essas, entre outras funções, previnem a obesidade, diabetes, alergias e doenças autoimunes.
4. Gorduras fazem mal à saúde
É óbvio que o consumo em excesso faz mal para todo nós, porém, Spector ressalta as pesquisas que demonstram que, comer as gorduras certas fazem bem à saúde e ainda ajudam no emagrecimento. Um bom exemplo é a troca do iogurte natural para o desnatado. Sim, o desnatado possui menos calorias, mas, isso muitas vezes é acompanhado de mais produtos químicos e açúcares para compensar o sabor e a textura.