Sempre fui uma criança ‘gordinha bonitinha’. Tenho compulsão alimentar e acho que me enxergava errado, não via esse sobrepeso. Praticava corrida antes de ser mãe, cheguei a perder 20 quilos antes da gestação. Mas após o nascimento da minha filha ganhei de volta todo o peso perdido”.
O depoimento é de Melissa Monteiro Bastos, nutricionista de 38 anos diagnosticada com diabetes mellitus tipo 1 aos 8 anos de idade e inscrita no Correndo pelo Diabetes (CPD), programa que promove a saúde e inclusão das pessoas com diabetes e seus familiares a partir da prática regular de exercício físico.
Ao voltar a praticar atividade física regularmente, passei novamente a me dedicar a mim mesma e emagrecer de novo por razões de saúde. Perder peso é fundamental para meu controle glicêmico, especialmente, pelo tempo de diabetes, pela minha idade e pela vida que quero ter pela frente”, conta Melissa.
Hoje morando na Suécia, ela afirma que o CPD tem contribuído para resgatar uma paixão antiga: a corrida. “Recentemente corri 5 quilômetros, às sete horas da manhã, no gelo, numa temperatura de 8 graus negativos”, recorda-se.
Foi um grande momento de superação para ela, só possível graças à rotina de exercícios que segue no CPD. “Recebo todo apoio e acolhimento dos profissionais envolvidos. Isso vai permitir chegar no lugar que quero, melhorar minha imagem no espelho e manter minha saúde física, mental e emocional”, destaca.
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Pandemia afetou a forma como as pessoas se alimentam
Especialista em adequação nutricional e comportamental, Luanna Caramalac Munaro, explica que a pandemia tem sido prejudicial à saúde das pessoas. “Conciliar a quarentena em família com o home office desencadeou doenças emocionais que afetam o modo comportamental de como as pessoas se alimentam. O importante é ficar mais atento nessa condição de isolamento social, já que o menor índice de atividades físicas e maior estresse faz com que as pessoas tenham mais propensão à compulsão alimentar, caracterizada por comer de forma descontrolada, em curto espaço de tempo, mesmo sem fome.
Destaca também a nutricionista que o consumo de alimentos ultra-processados que possuem muitos ingredientes adicionados como açúcar, sal, gordura, e cores ou conservantes artificiais cresceu consideravelmente devido o maior prazo de validade, além de serem mais fáceis de estocar. “O ideal nesta época é ter uma alimentação saudável, cuidar do corpo e da mente para manter o peso mesmo estando dentro de casa.
E finaliza considerando que “é necessário tratar a saúde como um todo. A comida está relacionada com as relações afetivas e todas as pessoas devem cuidar da saúde nutricional e mental. O reflexo das tensões, ansiedade, e estresse com o confinamento são características dos tempos atuais. Buscar apoio de profissionais para avaliação nutricional que irão ajudar encontrar o equilíbrio é essencial. Assim como aumentar o hábito de atividades físicas para reduzir o comportamento sedentário”.
Obesidade em números
No último dia 4 foi comemorado o Dia Mundial da Obesidade, uma doença crônica caracterizada principalmente pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, que cresce em números alarmantes, sobretudo no período de pandemia.
Apesar de comumente associada ao diabetes tipo 2, a obesidade é uma doença crônica, recidivante e multifatorial que também tem sido diagnosticada em pessoas com diabetes tipo 1. A atividade física é apenas um dos pilares para o controle dessas doenças.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico apontou que quase 20 % dos adultos brasileiros estão obesos.
Mostra também a pesquisa do IBGE denominada PNS (Pesquisa Nacional de Saúde) realizada em conjunto com o Ministério da Saúde em 2019, que 96 milhões de pessoas, ou, mais especificamente, 60,3% da população adulta do Brasil, apresentam IMC (Índice de Massa Corporal) maior que 25 kg/m², sendo classificadas com excesso de peso.
As maiores prevalências encontram-se entre o sexo feminino: 62,6% das mulheres estão com sobrepeso, e 57,5% para os homens. Já em âmbito global, segundo a Organização Mundial de Saúde, estima-se que o excesso de peso e a obesidade afetam um terço da população mundial.
Correndo pelo Diabetes
Correndo pelo Diabetes (CPD) é uma organização sem fins lucrativos, que tem como objetivo estimular a prática regular de atividade física como ferramenta de promoção da saúde e inclusão da pessoa com diabetes. Desde 2018, recebe o apoio da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e atualmente faz parte das ações do Departamento de Diabetes, Esporte e Exercício da SBD.
O programa pioneiro visa promover a atividade física, a autonomia, amizade, o acolhimento e acompanhamento. A partir desses pilares, pretende-se oferecer o apoio necessário aos participantes do programa para a busca de uma vida ativa e saudável, rompendo com os paradigmas e estigmas que muitas vezes são associados a pessoas com diabetes.