Setembro Amarelo, Outubro Rosa, Novembro Azul, Dezembro Laranja, Janeiro Branco… De janeiro a dezembro as cores invadem o calendário da saúde como um alerta para a necessidade de conscientização da população. Mas você já ouviu falar do Fevereiro Roxo?

Ainda pouco divulgada, a campanha de conscientização alerta para a importância do diagnóstico precoce de três doenças crônicas ainda pouco conhecidas, mas que afetam muitas pessoas e quem com elas convivem: Lúpus, Fibromialgia e Alzheimer. Além disso, este mês marca a campanha Fevereiro Laranja, de conscientização sobre a leucemia, um tipo agressivo de câncer que afeta o sistema sanguíneo.

Todas essas doenças causam muito impacto no organismo e ainda não têm cura. O que reforça ainda mais a importância de um diagnóstico precoce, que pode garantir uma melhor qualidade de vida para o paciente. Ações deste tipo se espalham pelo mundo dando informações e mostrando para as pessoas como lidar com as diferenças. E de quebra, atuam no combate ao preconceito gerado com algumas doenças. 

PALAVRA DE ESPECIALISTA

Vamos falar de Fevereiro Roxo

Por Vinícius Bednarczuk de Oliveira e Verônica Stasiak Bednarczuk*

Muito provavelmente, tenha sido em campanhas na TV, rádio ou em ações pela internet, você já ouvir falar do Outubro Rosa – que assinala o Mês de Conscientização do Câncer de Mama, ou ainda do Novembro Azul, que igualmente reforça a conscientização do Câncer de Próstata. Para cada mês, há uma cor e uma causa, e por meio destas ações, importantes temas são trazidos à tona, transformando através da informação correta, a vida daqueles que padecem pela falta de diagnóstico correto. 

E nesta linha, te perguntamos: Você conhece o Fevereiro Roxo?

Campanha criada em 2014, na cidade mineira Uberlândia, o Fevereiro Roxo apresenta à sociedade a importância do diagnóstico precoce de três doenças: Lúpus, Fibromialgia e Alzheimer que, embora sejam doenças diferentes, ainda não têm cura, mas, com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, é possível amenizar os sintomas, contribuindo com a melhora na qualidade de vida das pessoas que convivem com estas patologias.

Conheça abaixo um pouco sobre cada doença:


Lúpus Eritematoso Sistêmico – LES, ou somente Lúpus, é uma doença inflamatória e autoimune que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos, como pele, articulações, rins, cérebro e outros órgãos, causando fadiga, febre e dor nas articulações. Doença ainda sem cura e o tratamento proporciona uma melhora na qualidade de vida destes pacientes. De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, o lúpus pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, raça e sexo, porém as mulheres são muito mais acometidas. Ocorre principalmente entre 20 e 45 anos, sendo um pouco mais frequente em pessoas mestiças e nos afrodescendentes. Estima-se que no Brasil existam aproximadamente 65.000 pessoas com lúpus. 

O diagnóstico é feito através do reconhecimento pelo médico de um ou mais dos sintomas acima. Ao mesmo tempo, como algumas alterações nos exames de sangue e urina são muito características, eles também são habitualmente utilizados para a definição final do diagnóstico. Exames comuns de sangue e urina são úteis não só para o diagnóstico da doença, mas também são muito importantes para definir se há atividade do LES. 

Já o Alzheimer, segundo o Hospital Albert Einstein (HAE), é uma doença degenerativa do cérebro que acomete pessoas com mais idade. Funções cerebrais como memória, linguagem, cálculo, comportamento são comprometidas de forma lentamente progressiva levando o paciente a uma dependência para executar suas atividades de vida diária. Ainda segundo o HAE, é um processo diferente do envelhecimento cerebral, pois ocorrem alterações patológicas no tecido cerebral como deposição de proteínas anormais e morte celular.

O diagnóstico atualmente se dá com a entrevista médica e a exclusão de outras doenças por meio de exames de sangue e de imagem (tomografia ou ressonância magnética) e avaliação neuropsicológica (expandida ou computadorizada). Não existe ainda um marcador biológico da doença, ou seja, um exame único que o médico possa pedir e ter a segurança total do diagnóstico, mas recentes avanços laboratoriais tem melhorado a acurácia diagnóstica. Quando diagnosticada no início, é possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente. 

Por fim, também de acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a Fibromialgia é uma doença de causas ainda desconhecidas que se caracteriza por dor crônica em vários pontos do corpo, especialmente nos tendões e nas articulações. O diagnóstico é clínico, isto é, não se necessitam de exames para comprovar que ela está presente. Se o médico fizer uma boa entrevista clínica, pode fazer o diagnóstico de fibromialgia na primeira consulta e descartar outros problemas. O sintoma mais importante da fibromialgia é a dor difusa pelo corpo. Habitualmente, o paciente tem dificuldade de definir quando começou a dor, se ela começou de maneira localizada que depois se generalizou ou que já começou no corpo todo.

Seja qual for o mês, a cor ou a causa que ele represente, uma verdade todos têm em comum: a informação pode salvar vidas e saber o que se tem, pode mudar toda a história. 

Se você ou alguém que você conhece apresenta estes sintomas, busque imediatamente ajuda médica. E não esqueça de compartilhar estas informações – nunca sabemos onde o conhecimento pode chegar e quem ele pode salvar. 

  • Vinícius Bednarczuk de Oliveira é farmacêutico, doutor em Ciências Farmacêuticas, coordenador do curso de Farmácia e de Práticas Integrativas e Complementares do Centro Universitário Internacional Uninter. Verônica Stasiak Bednarczuk é psicóloga, especialista em Análise do Comportamento, fundadora e diretora do Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística.

Fevereiro Roxo: alerta para Alzheimer, fibromialgia e lúpus

Por *Felipe Ibiapina dos Reis*

Desde 2014, a campanha “Fevereiro Roxo” busca a conscientização em relação a três importantes doenças: o Alzheimer, a Fibromialgia e o Lúpus. Apesar das suas características próprias, as três têm muito mais em comum do que se imagina. São doenças crônicas, de origem ainda não totalmente esclarecida, sem cura e que afetam de forma significativa a qualidade de vida, não somente dos pacientes portadores, mas também dos familiares e cuidadores.

A doença de Alzheimer é o tipo de demência mais comum. Afeta principalmente idosos e é marcada por uma perda progressiva da memória e outras funções cerebrais, tornando o paciente cada vez mais dependente de auxílio para tomadas de decisões importantes e até mesmo para atividades antes triviais, como tomar banho, vestir-se e se alimentar.

A fibromialgia, por sua vez, tem como principal sintoma dores no corpo por longos períodos, com pontos de sensibilidade maior em articulações, músculos e tendões. As dores estão associadas, por vezes, a sintomas incapacitantes, como cansaço, fraqueza e insônia, e também a quadros de depressão e ansiedade.

Já o lúpus é uma doença inflamatória autoimune, mais comum (mas não restrita) em jovens, na qual o próprio sistema imunológico ataca tecidos saudáveis do corpo, podendo afetar vários órgãos, como pele, articulações, rins e o próprio cérebro. O paciente com lúpus pode também sofrer com sensibilidade à luz solar e, dependendo da gravidade, pode ter distúrbios de coagulação e ser mais suscetível a infecções, tromboses, miocardite, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral.

Apesar de ainda incuráveis, muitas descobertas da ciência têm trazido uma nova luz ao tratamento e, principalmente, para a prevenção. Hábitos saudáveis, como hidratação adequada, alimentação balanceada, evitando excesso de alimentos industrializados, frituras e carboidratos (“açúcares”), assim como medidas de higiene do sono, adequado manejo do estresse e a prática regular de atividades físicas, mantendo o corpo e a mente sempre ativos, são os primeiros e mais importantes passos para a prevenção. 

A saúde é nosso bem mais precioso. Em caso de dúvidas, não hesite em procurar o seu médico. O diagnóstico precoce é extremamente importante para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, dos familiares e dos cuidadores. 

*Felipe Ibiapina dos Reis é médico neurologista que integra o corpo clínico do Hospital Dona Helena, de Joinville (SC), e professor do curso de medicina da Universidade de Joinville (Univille)

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