Temporada de férias chegando ao fim e o retorno às aulas da garotada já é missão garantida para os pais. Esse costuma ser um período estressante para os pais, não só pelos gastos extras com material escolar e a readequação da rotina das crianças. Há ainda a ameaça constante de que, no momento em que o filho pisar na escola, vai começar a ficar doente.

Ninguém está livre de pegar alguma doença, mas crianças – graças ao seu sistema imunológico imaturo – tendem a ser ainda mais vulneráveis.  É que o ambiente escolar pode favorecer a transmissão de algumas doenças, pois a concentração de crianças é maior e o contato entre elas muito mais próximo. E, consequentemente, são dias, muitas vezes semanas ou meses, de ida a hospitais e consultórios.

Crianças até 3 anos têm ainda o risco de desenvolver a ‘Síndrome da Creche’, que acomete os pequenos a infecções repetidas, como faringites, otites, amigdalites, entre outras. A baixa imunidade também pode favorecer a contaminação por vírus e bactérias, responsáveis por crises de amigdalites e gripe. Mas por que crianças adoecem tanto nos primeiros anos de vida escolar?

“Um dos fatores mais importantes é que elas entram cada vez mais cedo na escola. Nessa fase alguns anticorpos ainda estão em processo de formação; o sistema imunológico pode ser um pouco mais deficitário”, detalha o médico.

Fora esse aspecto, existem outros que entram na conta: o verão e a maior frequência em praias, rios e piscinas aumentam os casos de otites (inflamações no ouvido), enquanto o uso intenso de ar-condicionado e ventiladores favorece as alergias respiratórias”, explica o otorrinolaringologista do Hospital Cema, Milton Orel.

E tem mais: viajar também faz com que as crianças se alimentem em lugares incomuns e diferentes, o que pode ser porta de entrada para verminoses. Muitas escolas tendem a fazer reformas no período de recesso, o que aumenta a exposição a poeira e produtos químicos, como a tinta, por exemplo.

Por fim, o contato com crianças, que voltam das férias não somente com novidades, mas também com uma “flora bacteriana” nova, aumenta os episódios de viroses, conjuntivites e problemas respiratórios, graças à exposição a novos vírus e bactérias. “Tem ainda o fato de que os cuidados são menores, por parte dos pais, do que no período escolar. Os pais tiram férias também”, diz o especialista.

Mas não é possível evitar completamente que as crianças adoeçam nessa fase. Faz parte do desenvolvimento do sistema imunológico essa exposição aos micro-organismos. No entanto, algumas medidas podem ajudar a minimizar os episódios de doença. Para Paulo Tadeu Falanghe, pediatra e conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), o ideal é a prevenção.

É muito comum, nessa época do ano, registrarmos o aumento de casos de doenças como alergias, micoses e impetigo, por exemplo. É aconselhável que ao retornar das férias, caso os pais percebam qualquer sintoma, consultem o pediatra e mesmo o dermatologista, se indicado”, comenta o médico.

Manter a carteira de vacinação em dia, prolongar a amamentação o máximo possível, tendo em vista que o leite materno é um dos principais responsáveis pelo fortalecimento do sistema imunológico infantil; alimentação equilibrada e rica em nutrientes, hábitos de higiene pessoal e coletiva, banhos de sol diários e prática de atividades físicas são algumas ações bastante eficientes.

Higienização das mãos e dos alimentos

De acordo com o pediatra, o período de férias é um período mais flexível, em que há mais liberdade na alimentação e na rotina doméstica, até mesmo por conta de, muitas vezes, a família estar fora de casa. “A retomada da rotina deve contemplar alimentação saudável e boa higienização das mãos e dos alimentos, principalmente”, afirma.

Entre as principais medidas de higiene que devem ser ensinadas e adotadas desde cedo está a de lavar as mãos regularmente, principalmente antes das refeições, antes e depois de ir ao banheiro, ao chegar da rua, especialmente se a criança ficou em lugares com aglomeração, como transportes coletivos. Essa importante atitude é essencial, tendo em vista que a maior parte das viroses entra pela via digestiva, começando pela boca.

Lavar as mãos é uma atitude que faz o ser humano viver mais a cada ano, por incrível que pareça”, esclarece o médico. Quando não for possível fazer isso, pode-se utilizar álcool gel. Além de tudo, é preciso caprichar na higiene dos alimentos, objetos e brinquedos. Com essas medidas, os episódios de doença certamente serão menores, para alívio das crianças – e também dos pais.

Temporada de piolhos

Além da ocorrência de diversas doenças que podem ser transmitidas entre os pequenos, o médico alerta ainda para a temporada de piolhos. É nesta época do ano que se registram aumento do número de casos de pediculose. Isso porque o piolho se reproduz com as altas temperaturas. Para evitar a infestação, é importante evitar o compartilhamento de itens pessoais, como pentes, toalhas, grampos, chapéus, capacetes, travesseiros e fones de ouvido.

O médico aconselha aos pais que supervisionem a cabeça dos filhos diariamente. Caso sejam encontrados piolhos ou lêndeas, os pais devem fazer a limpeza nos cabelos das crianças com pente fino todos os dias, assim como procurar um médico pediatra ou dermatologista para que seja indicado o melhor tratamento.

É extremamente prudente e aconselhável que a volta às aulas seja precedida de uma avaliação médico pediátrica, para que as crianças sejam devidamente avaliadas do ponto de vista nutricional e de sua saúde, buscando identificar fatores que possam interferir na qualidade de vida da criança, bem como permitir à mesma ter um ótimo aproveitamento escolar.

Rotineiramente, é indicada ainda avaliação da saúde bucal com profissional cirurgião dentista e, nas crianças na idade entre 5 e 6 anos, recomenda-se a avaliação oftalmológica. Também é recomendável que seja feita a avaliação da carteira de vacinação da criança buscando sempre que a proteção e a prevenção estejam de mãos dadas com a criança no retorno escolar.

Chegou a hora do meu filho ir para a escola, e agora?

Chegou o momento de a criança ir para uma nova escola, seja ela a primeira da vida ou uma mudança de outra instituição. Isso pode deixar pais e filhos apreensivos e uma nova rotina precisa ser estabelecida para que todos se acostumem. Depois de pesquisar e escolher onde o pequeno vai estudar, o momento do início das aulas é importante para a adaptação da família toda.

Falar de adaptação escolar é falar sobre a segurança da criança. É o tempo que ela precisa para confiar e se sentir segura naquele novo ambiente e com aqueles novos cuidadores e isso varia muito de acordo com cada um. Também é importante pensar na segurança dos pais em entregar seus filhos na mão dos profissionais da instituição.

“Esse período pode durar alguns dias ou semanas. É importante trabalhar e conquistar a confiança dos pequenos e o olhar dos pais para a situação. Um trabalho bem feito em conjunto sempre dá bons resultados”, conta a pedagoga Marizane Piergentile, diretora da Rede Adventista da região do ABC e Baixada Santista.

Toda escola tem um período preparado para essa recepção dos novos alunos, com profissionais designados para acolher e acomodar a criança nesse início. “Se chega chorando sempre tem alguém para cuidar e levar para um ambiente divertido, para proporcionar atividades para essa recepção, por isso é muito importante que os pais confiem na instituição e nos profissionais que escolheram para esse cuidado”, complementa Marizane.

Enfim, prepare o coração para demonstrar a segurança que seu filho precisa, afinal esse período é uma adaptação para a família toda. Converse com os pais de amiguinhos e troquem telefones para marcar passeios e aumentar a interação das crianças, assim fica tudo mais divertido.

Dicas para tornar a adaptação mais tranquila

Mande um brinquedo, uma fraldinha, cobertor ou algo de casa que possa ajudar a criança a dormir melhor e não sentir tanto a distância dos pais e de casa.

Demonstre confiança nos profissionais e deixe que eles acolham a criança também. Os pequenos sentem essa segurança dos pais e isso torna o processo mais fácil.

Só prometa o que será possível cumprir. Se disser que ficará lá até a hora de ir embora, esteja lá, se prometer chegar no horário exato da saída, chegue, pois a criança pode precisar dessa segurança. Se não conseguir ficar, não prometa.

Converse bastante com seu filho, explique todo o processo, envolva o pequeno nos preparativos para a nova escola, como arrumar o uniforme, comprar alguns itens da lista, até mesmo a visita para escolher a escola pode ser feita com a criança.

Dê detalhes sobre a criança para os profissionais. Saber sobre preferências de brincadeiras, desenhos, histórias, personagens, músicas, comidas, tudo o que for possível ajuda a equipe que receberá o novo aluno a tornar tudo mais familiar, a falar sobre assuntos que ele gosta, a fazer atividades que chamem a atenção para mudar o foco da separação.

Faça combinados com a escola. Se a criança manifestar saudade, se não quiser ficar e se chorar, a escola pode contornar ou os pais podem preferir buscar nesse início. Tudo pode ser combinado.

Com Assessorias

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