O fôlego é fundamental para todo mundo, nas mais diversas atividades do dia a dia. Mas, para quem vive de cantar, a saúde dos pulmões está sempre em destaque. Por isso, em agosto, Mês de Conscientização do Câncer de Pulmão, grandes nomes da música brasileira serão desafiados para um dueto especial, com o propósito de chamar a atenção para o combate à doença, que tem entre seus sintomas justamente a falta de ar. Todos eles são ídolos do sambista amador Ailton Ferreira, um paciente que foi diagnosticado em 2016, aos 49 anos, sem nunca ter fumado.

Cada um dos artistas gravará com Ailton uma música de seu repertório, como forma de unir suas vozes à dele, fortalecendo o movimento digital Desafio de Fôlego, que tem o objetivo de estimular o combate à doença, destacar seus fatores de risco, a importância do diagnóstico precoce e a atenção aos sintomas. Fruto de uma parceria entre o Instituto Vencer o Câncer (IVOC), o Instituto Oncoguia e a Pfizer, o #DesafiodeFolego estreia nas redes sociais logo em 1º de agostoDia Mundial de Combate ao Câncer de Pulmão.

Os músicos Diogo Nogueira, Péricles e Salgadinho (ex-integrante do Katinguelê), assim como o grupo Samba da Vela, estão entre os artistas que aderiram à causa. O público também poderá participar do desafio, gravando vídeos caseiros com trechos das músicas cantadas pelos artistas durante o #DesafiodeFolego. As peças deverão ser divulgadas nas redes sociais com as hashtags da campanha.

Os tumores de pulmão representam um grande desafio para o País e são a primeira causa de morte por câncer entre os brasileiros. Hoje, apenas 16% dos casos são diagnosticados em estágio inicial no Brasil e a taxa de sobrevida relativa em cinco anos é de 18%, chegando a 15% entre os homens¹, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Por outro lado, quando o câncer de pulmão é identificado em sua fase inicial (localizado), essa taxa chega a 56%.

“Infelizmente, o câncer de pulmão é uma doença grave que vem crescendo ano a ano, principalmente entre as mulheres. Portanto, é muito importante ficar atento aos sinais, como tosse e falta de ar. E vale lembrar que o câncer, muitas vezes, não está relacionado apenas ao cigarro”, afirma o oncologista Fernando Maluf, fundador do Instituto Vencer o Câncer.

Além do cigarro

Em agosto, no dia 29, também é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Fumo. E, de fato, o cigarro está associado à maioria dos casos de câncer de pulmão e responde por cerca de 80% das mortes relacionadas à doença². Mas diferentes estudos vêm sugerindo um aumento no número de não fumantes entre os pacientes diagnosticados com o tumor.

Nos Estados Unidos³, após a análise de dados de 10.593 pacientes de três estabelecimentos, colhidos entre 1990 e 2013, os pesquisadores identificaram que a proporção de não fumantes entre os pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células (CNPCP) havia aumentado consideravelmente nos três grupos. Em um deles, a taxa de não fumantes passou de 8,9%, entre 1990 e 1995, para 19,5% dos pacientes com câncer de pulmão, de 2011 a 2013.

Presidente do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz destaca o estigma em relação aos pacientes com câncer de pulmão. “Quando dizem que estão com câncer de pulmão, logo alguém já quer saber por quanto tempo a pessoa fumou, mas nem sempre foi isso o que ocorreu. De toda forma, ainda precisamos reforçar a informação de que o cigarro causa câncer. Em uma pesquisa que fizemos neste ano, 8% dos entrevistados desconheciam essa associação”, afirma.

Embora o Brasil tenha registrado uma queda geral no número de fumantes nos últimos anos4, as estatísticas para o câncer de pulmão continuam elevadas no País. Se para os anos de 2016 e 2017 o INCA estimava o registro de 28.220 novos casos de câncer de pulmão por ano, para o biênio 2018-2019 esse número¹ subiu para 31.270.

Outros fatores de risco

Além do cigarro, outros fatores, como a exposição à poluição do ar, infecções pulmonares de repetição e aspectos ocupacionais, podem favorecer o desenvolvimento do câncer de pulmão. Existem, ainda, grupos de pacientes que nunca fumaram e, mesmo assim, apresentam uma predisposição aumentada para a doença. Esse é o caso dos indivíduos com alterações genéticas específicas.

Entre essas alterações está a translocação de ALK (quinase do linfoma anaplásico), um oncogene que está presente em cerca de 5% dos casos de câncer de pulmão de não pequenas células (CNPCP)5. O adenocarcinoma de pulmão, um subtipo de CNPCP, é o tipo de câncer pulmonar mais comum entre os pacientes que nunca fumaram.

Além da mutação em ALK, outras alterações genéticas estão associadas ao desenvolvimento de CNPCP. Entre elas está a mutação em ROS1, um proto-oncogene (gene que se transforma em oncogene por um aumento na expressão de proteínas). Tanto o gene ALK, quanto o ROS-1 atualmente são biomarcadores para terapias-alvo, medicamentos especialmente desenhados para inibir mutações que são determinantes para a evolução da doença, aumentando a sobrevida e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

“Vale lembrar que estamos falando de uma doença agressiva, com elevadas taxas de mortalidade. Por isso, é fundamental trazer essa temática para o centro das discussões, de uma forma que aproxime as pessoas do debate e favoreça a disseminação de informações de qualidade, que colaborem para o diagnóstico precoce, quando o prognóstico do paciente é muito melhor”, diz a diretora médica da Pfizer Brasil, Márjori Dulcine.

O câncer de pulmão, de acordo com o levantamento Globocan 2018, do IARC, agência de pesquisa sobre câncer daOrganização Mundial da Saúde, registrou mais de 2 milhões de novos casos em 2018 no mundo, com aproximadamente 1,7 milhão de mortes no período. Esses números representam 11,6% dos casos de câncer e 18,4% do total de mortes por câncer. No Brasil, é o segundo tipo de câncer mais comum em homens e o quarto entre as mulheres, totalizando mais de 30 mil novos casos previstos para 2019.

 

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