Ainda não sabemos quem matou Odete Roitman no remake da novela Vale Tudo. Mas o fato é que a ‘vilã das vilãs’ vai deixar saudades entre sua legião de fãs Brasil afora, não por suas maldades, mas pelas cenas emblemáticas que deixou uma legião de fãs num Brasil dominado ainda pelo machismo e pela misoginia, principalmente com as mulheres mais experientes.

Odete é uma mulher bem sucedida de mais de 60 anos que não se limita ao papel tradicional, trabalha, cuida de grandes negócios, da sua família à sua maneira e ainda possui vida amorosa ativa — mostrando que força e protagonismo não têm prazo de validade”, avalia o gerontólogo do Instituto de Longevidade MAG, Antonio Leitão.

Segundo o especialista, mesmo sendo ‘vilã’ no contexto geral da novela, Odete traz uma reflexão importante. “A personagem abre espaço para discutirmos um movimento real e crescente relacionado a mulheres maduras que seguem trabalhando, reinventando-se profissionalmente e desafiando estereótipos de envelhecimento”, diz o gerontólogo.

E isso inclui, é claro, a vida sexual. A inesquecível personagem é um exemplo icônico da mulher madura e poderosa. Aos 60 anos, Odete Roitman domina os negócios e sua vida pessoal, inclusive afetiva e sexual, envolvida com homens mais jovens e jamais reduzida a estereótipos de velhice.

E não é só Odete. Na primeira versão da trama, personagens como Celina, Raquel e Aldeíde mostravam que o desejo feminino não tem idade para se apagar. Mas se a televisão dos anos 80 já sugeria essa potência, a realidade de 2025 escancara que a libido das mulheres maduras está viva e exige respeito clínico, escuta emocional e protagonismo.

O tema também levanta debates sociais importantes: o direito da mulher madura de viver plenamente sua sexualidade sem julgamento, algo que, aos poucos, começa a ganhar espaço na mídia e nas conversas cotidianas.

Afinal, há muito, a maturidade deixou de ser sinônimo de fim da vida sexual. Um novo olhar sobre o corpo e o desejo feminino tem ganhado força entre mulheres com mais de 60 anos, que hoje vivem sua sexualidade de forma ativa, saudável e, muitas vezes, com parceiros bem mais jovens.

O desejo não é uma lembrança da juventude. É uma extensão da vitalidade e precisa ser tratado como parte essencial da saúde feminina”, afirma a médica e pesquisadora Fabiane Berta.

Aumenta a procura por reposição hormonal na menopausa

Especialista aponta os benefícios do tratamento para devolver vitalidade e libido na maturidade

Esse movimento tem sido impulsionado por avanços na medicina, especialmente pela terapia de reposição hormonal (TRH), que ajuda a minimizar os desconfortos que surgem com a queda dos hormônios na menopausa e traz mais bem-estar para a mulher. A realidade atual acompanha essa representação.

Segundo a ginecologista Loreta Canivilo, especialista em saúde hormonal feminina, o aumento na procura por tratamentos de reposição entre mulheres acima dos 55 anos reflete um desejo legítimo de manter qualidade de vida, autoestima e prazer sexual.

Com o avanço da medicina, hoje entendemos que não há por que uma mulher se resignar ao fim da libido ou ao desconforto da menopausa. A reposição hormonal, quando bem indicada, pode devolver energia, melhorar a lubrificação vaginal, combater o ressecamento e aumentar a disposição sexual”, explica a especialista.

A reposição hormonal feminina é um tratamento que busca repor os hormônios que estão em déficit no organismo, desta forma, são utilizados hormônios bioidênticos, ou seja, que possuem a mesma composição química dos hormônios naturais. Os principais hormônios utilizados na reposição são o estrogênio e a progesterona, mas em alguns casos a testosterona e a gestrinona também podem ser utilizadas.

É um tratamento seguro e eficaz quando acompanhado por profissionais qualificados, e deve ser personalizada conforme o histórico e os exames clínicos da paciente”, diz Loreta.

Segundo ela, os resultados vão além do aspecto sexual. “É uma transformação completa: melhora o sono, reduz os fogachos, equilibra o humor e traz de volta a vitalidade que muitas pensavam estar perdida, melhora no aspecto da pele e diminui o risco de sofrer fraturas ósseas. Isso impacta diretamente na autoconfiança, na imagem corporal e nos relacionamentos amorosos”, complementa Canivilo.

Mas a terapia hormonal é uma escolha da mulher na menopausa, sempre com acompanhamento médico.

O mais importante é que cada mulher se sinta confortável com suas escolhas. Não se trata de uma corrida contra o tempo, mas de uma reconexão com a própria identidade. E para muitas, isso inclui o prazer sexual, sim. Aos 60, aos 70 e além”, afirma a médica ginecologista Loreta Canivilo, .

Libido de Odete Roitman mostra que a sexualidade feminina não acaba com a fertilidade

Médica e pesquisadora explica que mulheres no climatério não tem prazo de validade e ciência finalmente está entendendo isso

Com a queda hormonal típica do climatério, é natural que muitas mulheres enfrentem ressecamento vaginal, alterações no humor e perda do interesse sexual. Mas isso não significa resignação. “A sexualidade feminina não acaba com a fertilidade. O que falta é prescrição inteligente, abordagem personalizada e menos julgamento”, alerta a médica e pesquisadora Fabiane Berta.

Além da terapia hormonal, indicada com critério e individualização, estratégias como fisioterapia pélvica, uso de lubrificantes adequados, atividade física regular e apoio psicológico têm mostrado resultados expressivos. “Quando olhamos para a mulher como um sistema complexo e não como um útero em fim de carreira, tudo muda. Ela responde e responde bem”, reforça Fabiane.

E não é só no consultório. A libido ganhou espaço em realities como Casamento às Cegas 50+, onde mulheres maduras expressam com clareza o desejo de viver novas experiências amorosas e sexuais. A ficção apenas acompanha um fenômeno real nunca visto antes que as mulheres acima dos 40 se recusam a aceitar o rótulo de “fase final”. Para muitas, é o início.

O maior erro da medicina foi calar o desejo feminino na maturidade. A mulher climatérica não está se despedindo de nada. Ela está reivindicando tudo como prazer, saúde, vitalidade e escolha, e isso inclui o orgasmo também”, dispara Fabiane.

O avanço da ciência, o aumento da longevidade e a autonomia conquistada por milhões de mulheres ao redor do mundo transformaram o climatério em terreno fértil para reinvenções, inclusive entre quatro paredes. A libido, longe de desaparecer, reaparece com novas narrativas, outras urgências e muito menos culpa.

O prazer não tem data de validade. O que tem prazo curto é a paciência das mulheres com o silenciamento histórico que vivemos. É hora de falar de sexo, de desejo e de potência com ciência e sem pudor”, conclui Fabiane.

Leia mais

9 dicas para ajudar as mulheres a lidar com a sexualidade na pós-menopausa
Menopausa: conheça 10 dicas sobre a terapia hormonal
Vale Tudo: a odisseia das mulheres para alcançar o orgasmo

Por que mulheres mais velhas querem os homens mais novos?

Ao longo da trama, a maior vilã de todos os tempos, Odete Roitman,  protagonizou cenas quentes com seus amores, homens de duas a três décadas mais novos, belos e com corpos de tirar o fôlego, que são atraídos pela empresária bem-sucedida.

Em entrevista recente ao Fantástico, Débora Bloch, de 62 anos, que dá vida à personagem no remake da novela, comentou: “A ideia era fazer uma mulher de 60 em 2025, desejável e ainda ‘pra jogo’. Acho interessante que ela não seja só a vilã, ainda que ela seja uma personagem que fala coisas horríveis”.

Na lista dos affairs de Odete Roitman, estão Marlon, vivido por Ricardo Vianna; Igor, personagem de Ricardo Velasco, e Walter, interpretado por Leandro Lima. Seguindo a versão original da novela, Odete ainda se casa com César, vivido pelo galã Cauã Reymond.

Satisfeita no amor e nos negócios, a ricaça de Vale Tudo é controversa e faz jus ao nome da trama, não medindo os meios para atingir seus fins, com muitos traços exagerados, complexos e polêmicos, típicos de um enredo de novela.

‘Eu queria um ‘César’ pra mim’, diz Cauã Reymond

Cauã Reymond também comentou em entrevista ao programa Mais Você, da TV Globo, sobre o relacionamento do personagem que interpreta em Vale Tudo, César Ribeiro, com a Sugar Mommy mais famosa das telas brasileiras. “O papo entre eles é muito reto. Acho isso muito interessante, acho maduro. Eu queria um ‘César’ pra mim”, brincou o ator.

Na entrevista para a apresentadora Ana Maria Braga, Cauã sugeriu, ainda, que a relação de César e Odete tornou a personagem mais leve na trama por conta do bom humor, característica que, para ele, não pode faltar em suas relações na vida real.

Mulheres que vivem esse tipo de relacionamento também buscam leveza e bem-estar e relatam inúmeros benefícios em escolher a hipergamia, ou relacionamento sugar, como afirma Caio Bittencourt, especialista do site MeuPatrocínio, que reúne 16 milhões de usuários interessados nesse estilo de vida.

O relacionamento Sugar é formado pessoas que priorizam relações sem pressões e sem joguinhos. A proposta é que tudo seja leve, com transparência e base no diálogo. A Sugar Mommy é uma mulher experiente e próspera que procura um parceiro mais jovem porque, sendo muito ativa, deseja alguém que possa acompanhar a disposição que ela tem.”

5 benefícios de namorar homem mais novo

Mas, afinal, o que é o relacionamento Sugar vivido pelo casal na trama?  Segundo Caio, nesse tipo de relação afetiva, uma das pessoas tem um status econômico e social superior, ou seja, é mais rica, tem influência em sua profissão, possui um vasto networking, e, por isso, apoia financeiramente a outra”.

A base do estilo de vida Sugar é ter um relacionamento com uma pessoa de status social, econômico e de poder superior, também conhecido como hipergamia. Não se trata de uma conexão apenas carnal mas também mental e emocional. A ou o Sugar Baby busca parceria afetiva com alguém bem-sucedido e maduro, que é chamado de Sugar Daddy ou Sugar Mommy e gosta de patrocinar experiências e aprendizados para o outro”, explica.

Embora seja amor de ficção, o enredo de Vale Tudo reflete uma tendência nacional: segundo pesquisa do site de relacionamento MeuPatrocínio, em parceria com o Instituto QualiBest, 30% dos jovens da Geração Z têm interesse na chamada hipergamia.  Confira os dados:

  • Mais motivação – 31%
  • Companheirismo – 22%
  • Bom humor – 18%
  • Segurança emocional – 14%
  • Status social – 3%
Com Assessorias
Shares:

Posts Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *