Apenas 1% dos casos de câncer de mama ocorrem em homens. Mas muitos deles convivem diariamente com a doença, apoiando suas companheiras, irmãs, mães, avós ou outras mulheres, durante a jornada de tratamento.  Um aspecto muitas vezes invisível do câncer de mama é o papel da rede de apoio para quem foi diagnosticada com a doença.

Mais do que exames e medicamentos, a presença de família, amigos e comunidade pode fazer toda a diferença na recuperação. Por outro lado, médicos relatam que muitas mulheres são abandonadas por seus companheiros logo após o diagnóstico, um dado duro que revela a urgência de se falar sobre acolhimento.

Afinal, quando alguém amado descobre um câncer, sua rede de afetos também sente o impacto da notícia. Mais do que causar efeitos físicos, a doença pode impactar os relacionamentos interpessoais, transformando a saúde emocional, a vida afetiva e até mesmo o interesse sexual.

Uma pesquisa divulgada pela Agência Brasil, em 2023, revelou que metade das mulheres entre 40 e 49 anos não realizaram mamografia nos últimos 18 meses, quando o recomendado é o exame anual para essa faixa etária. Isso reforça a importância de campanhas como o Outubro Rosa, que mobilizam esforços para que as mulheres estejam informadas e protegidas, inclusive com apoio da família,

O futuro que queremos começa com as decisões que tomamos no presente. O Outubro Rosa é uma oportunidade para pais, maridos e filhos tomarem partido nessa luta pela vida. Os números e estudos enfatizam a importância do tema, mas é como aliados que podemos fazer diferença e incentivar nossas mães, filhas e esposas a se prevenirem fazendo exames periódicos”, alerta o médico Tiago Simões Leite, diretor da Medplus.

‘Rosa com Azul: homens e mulheres contra o câncer’

Em meio à importância epidemiológica dos tumores de mama e próstata, que são os tipos de câncer de maior impacto entre os homens e mulheres do Brasil, a  edição do Projeto Coletivo Pink propõe um movimento que ultrapassa as fronteiras do Outubro Rosa e do Novembro Azul, convocando a sociedade para uma visão Tom sobre Tom.

Além dos pacientes, seus maridos, esposas, mães, pais, filhos e netos também ganham espaço na exposiçãTom sobre Tom – Rosa com Azul: homens e mulheres contra o câncer’, que ocupa a Casa das Rosas, na Avenida Paulista (em São Paulo), com uma programação que une arte, cultura, saúde e tecnologia.  Ao longo da exposição, famílias diversas compartilham seus rostos e suas histórias na jornada de enfrentamento do câncer, dividindo aprendizados, desafios e sentimentos.

Durante esse percurso, o visitante também tem a oportunidade de conhecer informações educativas sobre os fatores de risco dos tumores, dados sobre o diagnóstico precoce e detalhes a respeito dos exames de rastreamento – incluindo as novas regras para a realização da mamografia pela rede pública, anunciadas recentemente pelo Ministério da Saúde. Além da exposição inovadora, oficinas, debates e sessões de teatro, música e dança complementam a agenda.

Tecnologia e interatividade

Quem visitar a nova edição do Coletivo Pink poderá interagir com dois avatares temáticos: a Pinker, criada no ano passado, e o Blu, ferramenta inédita que estreia neste ano. Ambos estão programados para tirar dúvidas da população sobre o câncer, a partir de games interativos. A Pinker pode conversar sobre o câncer de mama, enquanto o Blu está preparado para responder a respeito dos mitos e verdades do câncer de próstata.

Atividades culturais e apresentações artísticas fazem parte da programação móvel do Coletivo Pink 2025, planejada para os finais de semana. Como fio condutor, as atrações compartilham a temática da saúde nos relacionamentos. A partir desse mote estão previstos espetáculos de teatro, performances de dança e números musicais – abertos ao público e totalmente gratuitos.

O projeto também contempla vivências, workshops e aulas diversas, tais como Oficina de Escrita Criativa, Oficina de Fotografia, Aula de Onco ioga e Curso de automaquiagem para pacientes.  Estão programados, ainda, debates sobre a saúde oncológica da mulher e do homem, contemplando abordagens físicas, emocionais e sociais, com a participação de especialistas e representantes das associações de paciente do Coletivo Pink 2025.

Chances de cura chegam a 95% com diagnóstico precoce

Outubro Rosa:A Medplus convoca pais, maridos e filhos a se unirem na prevenção do câncer de mama. (Foto: INCA)

câncer de mama é o tipo que mais acomete as mulheres no Brasil. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) calcula que este ano o Brasil registrará 73.610 novos casos de câncer de mama. A estimativa de risco é de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres.  As maiores taxas de incidência e de mortalidade estão nas regiões Sul e Sudeste do País. A letalidade da doença é estimada em de 56,30 casos a cada 100 mil registros. Significam 18 mil mortes no ano.

câncer de mama está relacionado a vários fatores de risco como idade, histórico familiar, menopausa tardia, uso prolongado de anticoncepcionais e comportamentos como o sedentarismo e o consumo de álcool. A conscientização e a mudança de hábitos são essenciais para a prevenção, assim como o acesso a exames de rastreamento. A prevenção primária e a detecção precoce contribuem para a redução da incidência e da mortalidade.

Saber do risco é um estímulo para se cuidar, para fazer mamografia e contar com a ajuda de especialistas. Quando detectado nos estágios iniciais o câncer de mama é curável”, ressalta o médico Tiago Leite.

Conscientização e a mudança de hábitos são essenciais para a prevenção

Se no momento do diagnóstico o tumor tiver menos de 1 centímetro as chances de cura chegam a 95%. Os dados, referendados pelos especialistas do A.C.Camargo Cancer Center, são divulgados junto com sintomas que devem motivar a busca por diagnóstico especializado. Um caroço no seio ou na axila, uma alteração na pele da mama, vermelhidão ou descamação do mamilo, secreção no mamilo ou mesmo dor no mamilo são sinais de alerta para consultar um médico.

Além do diagnóstico precoce, a prevenção envolve a adoção de hábitos saudáveis. A prática regular de atividade física, a manutenção de um peso saudável e a redução do consumo de álcool são recomendados. A amamentação também é considerada um fator protetor, contribuindo para a diminuição do risco de câncer de mama.

O projeto Coletivo Pink – Por um Outubro além do Rosa

Lançado em 2018, o Coletivo Pink – Por um Outubro além do Rosa é um projeto colaborativo que reúne algumas das principais associações de pacientes do Brasil para uma dupla missão: encontrar novas formas de dialogar com a sociedade sobre o câncer (a exemplo das abordagens artísticas e culturais), além de fortalecer a voz e a representatividade das pessoas que convivem com a doença.

De natureza colaborativa, o Coletivo Pink é o resultado de muitas vozes: 14 associações de pacientes participam da edição 2025: Oncoguia – Associação Brasileira de Defesa do Paciente com Câncer, Américas Amigas, Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), Instituto Camaleão, Instituto Lado a Lado Pela Vida, Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama), Instituto Ana Michelle Soares, Instituto Natura, Instituto Olhar Rosa, Instituto Vencer o Câncer, Mão Amiga, UNACCAN (União e Apoio no Combate ao Câncer de Mama), Recomeçar – Associação de Mulheres Mastectomizadas de Brasília e Nossa Casa -Associação de Apoio à Pessoas com Câncer.

Com Assessorias

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