Setembro é o mês dedicado à conscientização sobre a importância da doação de órgãos, o chamado “Setembro Verde” e a mobilização ganha força especialmente em 27/09, Dia Mundial da Doação de Órgãos. Um único doador pode salvar até oito vidas, o que reforça o ato de amor e solidariedade.

Balanço divulgado pelo Ministério da Saúde no último mês de junho, mostra que o Brasil bateu um recorde histórico no número de transplante de órgãos e tecidos: foram mais de 30,3 mil procedimentos realizados no ano de 2024. O índice supera o recorde anterior, de 2023, quando foram realizados 28.700 transplantes no país.

O balanço positivo contrasta com o número de doadores efetivos, que registrou queda: foram 4.120 doadores em 2023 e 4.086 no ano passado. O Ministério informou ainda que, atualmente, 78 mil pessoas aguardam doação de órgãos no país. As maiores demandas são por rim, córnea e fígado.

Segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), cerca de 72 mil pessoas estão na fila de espera por algum tipo de transplante, com o rim sendo o órgão com a maior demanda.

Transplante muitas vezes é única saída

Especialista em transplante de órgãos abdominais do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM), de Curitiba (PR), o cirurgião Igor Luna Peixoto – professor convidado da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR), explica que, em muitos casos, o transplante é a única saída quando ocorre a falência de um órgão.

Como se trata de um recurso naturalmente escasso e dependente exclusivamente da doação, sem esse ato de doar seria impossível salvar uma grande quantidade de pessoas todos os anos. A maioria dos hospitais possui uma comissão intra-hospitalar para doação de órgãos e tecidos para transplante (CIHDOTT)”, explica.

É essa equipe de profissionais que faz uma busca de pacientes que estão em condições irreversíveis de recuperação neurológica, organizando todo o fluxograma necessário para cumprir todas as exigências necessárias ao diagnóstico de morte encefálica.

Profissionais da equipe de transplantes do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM), de Curitiba-PR (Foto: Divulgação)

Segundo ele, apesar de estar em morte encefálica, a viabilidade dos órgãos para transplante depende também da condição clínica do doador. “Manter os órgãos e sistemas funcionando adequadamente após o diagnóstico de morte até a doação é o principal desafio. Para isso, é importantíssima a capacitação adequada de equipes de UTI que possam lidar com potenciais doadores”, explica Dr. Peixoto.

Processo idôneo e regulamentado

Outro ponto crucial nesse processo é a abordagem aos familiares, já que se trata de um momento delicado e de muita dor. “Esse processo é acompanhado de um suporte psicossocial especializado, pela equipe da CIHDOTT do hospital, e deve sempre deixar claro para a família que não há reversão para a condição neurológica do paciente (morte encefálica), e que o órgão doado pode efetivamente salvar vidas”.

É importante ressaltar que o processo de doação de órgãos é extremamente regulamentado e idôneo, seguindo protocolos rígidos e mundialmente aceitos do diagnóstico da morte encefálica. “Os órgãos doados são destinados conforme prioridade definida pelo Sistema Nacional de Transplantes, sem interferência de fatores externos”, conta o especialista.

Ele ainda destaca a importância da conscientização sobre o tema. “É necessário conscientizar a população a expressar o desejo de ser doador de órgãos aos seus familiares, pois essas são as pessoas que definirão o desfecho da doação”, finaliza.

Hospital Estadual Azevedo Lima registra aumento de 85,7% nas captações de órgãos e tecidos em 2025
No mês de conscientização, unidade destaca a importância do gesto que salva vidas


Em 2025, o número de captações de órgãos do Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal), em Niterói (RJ, aumentou 85,3% de 2024 para 2025. De janeiro a agosto de 2025, a unidade realizou 76 captações, no mesmo período de 2024 foram 41. No ano passado,  30 famílias autorizaram a captação dos órgãos e tecidos, contra 55 em 2025.

Segundo Alexander Moraes, coordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do Heal, o aumento dos números está diretamente ligado ao papel desempenhado pelas equipes que realizam a abordagem familiar.
No ambiente hospitalar, onde tantas histórias de dor e luta se entrelaçam, a CIHDOTT se coloca como ponte entre a dor da perda e a esperança de um novo começo. Cada família que, mesmo em meio ao luto, encontra forças para dizer ‘sim’ à doação, transforma sua dor em solidariedade. Esse gesto faz renascer a vida em outros corpos, leva esperança a quem aguardava ansiosamente por um transplante e eterniza a memória de quem partiu”, Moraes.
Em 2024, das 30 famílias que consentiram as doações(somadas morte encefálica e protocolo de coração parado), foram realizadas 41 captações entre coração, rim, fígado, ossos, pele e córneas. E em 2025 foram 55 famílias que autorizaram e um total de 76 captações entre rim, fígado, ossos e córneas.

Segundo Alexander, essa corrente de solidariedade transforma a vida de todos que contribuem para o processo. Cada integrante da CIHDOTT carrega consigo as marcas dessas histórias: a frustração diante de uma negativa, a emoção diante de cada sim, a dor compartilhada com as famílias, e o aprendizado humano que só a vivência próxima ao luto e à esperança podem trazer.

Esse trabalho envolve não apenas técnica, mas também sensibilidade. É fruto da união de equipes multiprofissionais, que se mobilizam para garantir que cada passo seja feito com dignidade, respeito e amor”, finalizou.

Hospital Regional de Santarém realiza captação de órgãos 

Em parceria com equipe médica da Santa Casa do Pará, HRBA captou dois rins e um fígado, durante a campanha de incentivo à doação de órgãos na região

Durante a campanha nacional de incentivo à doação de órgãos denominada “Setembro Verde”, o Hospital Regional do Baixo Amazonas Dr. Waldemar Penna (HRBA), em Santarém, oeste do Pará, realizou a captação de dois rins e um fígado, doados por um homem de 25 anos, que teve o diagnóstico de morte encefálica confirmado.

O procedimento ocorreu, na última quarta-feira (24), e contou com a parceria de uma equipe médica da Santa Casa do Pará, de Belém, que foi até Santarém para realizar a captação do fígado. Já os médicos do HRBA realizaram a captação dos dois rins. Os três órgãos foram encaminhados à Central Estadual de Transplantes do Pará (CET-PA) e serão doados a pacientes na fila de espera.

Este paciente estava internado no Hospital Municipal de Santarém e nossa equipe realizou a busca ativa de potenciais doadores. Depois de fecharmos o diagnóstico de morte encefálica, tivemos a resposta positiva da família para a doação. Ele foi transferido para cá e o nosso time cirúrgico fez a captação renal. Já o fígado, foi captado por profissionais da Santa Casa do Pará”, explicou o enfermeiro da Organização de Procura de Órgãos (OPO) Tapajós, Fábio Santos.

Esta foi a primeira captação de órgãos realizada pelo HRBA no ano de 2025. A unidade é habilitada desde 2012 pelo Ministério da Saúde para este tipo de procedimento. De lá para cá, já foram captados na unidade 197 órgãos, sendo 103 rins, 77 córneas, 13 fígados e quatro corações, em um total de 55 procedimentos de captação.

A unidade conta com a Organização de Procura de Órgãos (OPO) Tapajós. Hoje, um médico e dois enfermeiros fazem parte da OPO, que trabalha na busca ativa de potenciais doadores, no apoio ao diagnóstico de morte encefálica e no acolhimento e consentimento da família para a doação.

Além das captações, o HRBA também é referência em transplantes renais desde 2016, com 130 procedimentos já realizados, sendo 54 intervivos – quando o doador é geralmente parente do transplantado – e mais 76 de doadores falecidos. Só em 2025, a unidade já realizou 15 procedimentos desse tipo, levando mais qualidade de vida a pacientes que puderam deixar as sessões de hemodiálise para trás.

Sabemos da importância da doação neste processo de recuperação dos pacientes e ficamos muito felizes de poder fazer as captações e transplantes renais aqui no HRBA, oferecendo uma mudança de vida a esses usuários. Por isso, além de realizar estes serviços, também trabalhamos na conscientização, com a OPO e a campanha de incentivo durante todo o mês de setembro. Doar órgãos é contribuir com a saúde de uma outra pessoa, um ato de solidariedade e de amor ao próximo que é muito impoetante e precisa ser discutido e esclarecido”, destacou o diretor-geral do hospital, Matheus Coutinho.

Como se tornar um doador de órgãos

Para ser um doador de órgãos após a morte, é necessária a realização de um rigoroso protocolo médico que vai determinar se o paciente teve morte encefálica, que consiste na parada irreversível das funções do cérebro. No Brasil, a retirada de órgãos só pode ser realizada após a autorização familiar. Assim, mesmo que uma pessoa tenha dito em vida que gostaria de ser doador, a doação só acontece se a família autorizar.

Quando uma pessoa recebe um órgão e deixa as sessões de hemodiálise ou sai de uma fila de espera, é uma vitória muito grande. Para isso acontecer, precisamos da captação. E sabemos que é um momento muito difícil para a família que está doando e que a decisão precisa ser tomada rapidamente. Mas, quando os familiares autorizam, é uma atitude bonita, que inspira a solidariedade. Mesmo com toda a dor que eles estão sentindo, decidem ajudar outras pessoas”, ressaltou o enfermeiro Fábio Santos.

Setembro Verde – O Hospital Regional do Baixo Amazonas promove durante todo o mês ações alusivas à campanha Setembro Verde, com palestras educativas dentro do hospital, para colaboradores, pacientes e acompanhantes. Também são feitas ações fora da unidade, orientando professores e estudantes das escolas públicas da cidade sobre a importância da doação de órgãos. Além disso, a fachada do hospital ganhou um laço e fica iluminada na cor verde durante a noite.

HCN destaca a importância da conscientização sobre a doação de órgãos

Unidade do governo de Goiás já realizou 28 procedimentos de captação e tem desempenhado papel fundamental na promoção da doação de órgãos

A doação só acontece com autorização da família, por isso é importante comunicar o desejo de se tornar um doador ainda em vida (Foto: Cristiano Martins/IMED)

Setembro é mundialmente conhecido como mês de conscientização sobre a doação de órgãos, tendo como um dos principais objetivos incentivar a população a conversar com seus familiares sobre o desejo de ser um doador. Visando destacar a importância da campanha Setembro Verde, o Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano (HCN), unidade do governo de Goiás em Uruaçu, busca trazer informações relevantes sobre a doação.

Referência em Goiás e no Sistema Único de Saúde (SUS), o HCN tem se destacado na captação de órgãos e vem desempenhando um papel fundamental na promoção da doação e no salvamento de vidas por meio de transplantes. Desde a sua primeira captação, em junho de 2022, o hospital já soma um total de 28 procedimentos, realizados na própria unidade, que possui todo aparato tecnológico para realizar esse tipo de coleta e faz parte da Central Estadual de Transplantes (CET).

Os números são resultados do trabalho conjunto com a CET, unidade da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), e da forte presença e atuação da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do HCN, que atua sob a administração do Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento – IMED.

Em Goiás, mais de 2.400 pessoas aguardam por um transplante, sendo que um único doador pode beneficiar até 8 pessoas dessa fila. Por isso, no dia 25 de setembro, a CIHDOTT do HCN realizará um evento a fim de conscientizar os colaboradores, pacientes e seus familiares, com dinâmicas e apresentações com informações sobre a lista de espera no estado a alguns dados sobre as doações na unidade.

Segundo João Batista da Cunha, diretor assistencial do HCN, o tratamento humanizado é de extrema importância no momento da doação de órgãos e tecidos. “O momento é muito delicado e, para obtermos a autorização dos entes queridos, existe um serviço humanizado de acolhimento. Por isso, é necessário trabalharmos, cada vez mais, na capacitação dos nossos profissionais para lidar da melhor forma com as famílias doadoras”, explica ele.

O hospital se tornou um grande aliado dessa causa, instruindo e estimulando familiares e pacientes sobre a importância de ser um doador. Apesar da difícil decisão e da dor da perda, as famílias são abordadas e amparadas pela equipe multidisciplinar da CIHDOTT da unidade, composta por profissionais do serviço social, psicólogos, equipe médica e de enfermagem, entre outros departamentos importantes para a efetivação da captação.

A doação de órgãos ainda é cercada por tabus, mitos e desinformações que geram insegurança nas famílias e na sociedade. No entanto, com conscientização e informações verdadeiras, é possível transformar essa realidade e impactar muitas vidas. Doar é um gesto de amor e solidariedade que permite que a vida floresça e continue de uma nova forma em outras pessoas. Converse com sua família e declare sua vontade: seja um doador de órgãos.”, ressalta a presidente da CIHDOTT e coordenadora de uma das UTIs do HCN, Kellen Lopes.

Rede D’Or incentiva diálogo familiar com mensagens sobre doação de órgãos

Ação faz parte do Setembro Verde, mês nacional de conscientização sobre doação de órgãos, e busca sensibilizar os familiares sobre o desejo de doar

No Brasil, a doação após morte encefálica só acontece com autorização da família. Por isso é importante comunicar para as pessoas mais próximas o desejo de se tornar um doador. A doação de órgãos é um ato de amor que possibilita salvar muitas pessoas.

A Rede D’Or lançou, neste Setembro Verde, mês dedicado à conscientização sobre a importância da doação de órgãos e tecidos, uma campanha que convida as pessoas a compartilhar, com familiares, a decisão de se tornarem doadoras de órgãos.

Foi disponibilizada uma ferramenta digital que possibilita o disparo de uma mensagem por WhatsApp para contatos selecionados. A mensagem, simples e direta, reforça a importância de falar sobre o tema em vida, já que no Brasil a autorização da família é indispensável para que a doação aconteça.

Sei que falar sobre esse tema não é simples, mas expressar esse desejo em vida ajuda a família a respeitar a vontade de quem escolhe doar. Enfrentar essa dificuldade pode ser doloroso, sim, mas permite que outras pessoas tenham a chance de viver”, diz o texto enviado na ação, que define a doação como um verdadeiro “ato de amor”.

O objetivo principal da campanha é sensibilizar a sociedade para aumentar a taxa de autorização de doação de órgãos, já que, em média, 45% de potenciais doadores notificados não são autorizados pelas famílias..

Site da Rede D’Or com a ferramenta de disparo de mensagens e mais informações sobre doação de órgãos.

Além da ferramenta de disparo, mais informações sobre a campanha, tipos de doaçãoórgãos e tecidos, legislação e esclarecimento de mitos estão disponíveis no site da Rede D’Or: https://www.rededorsaoluiz.com.br/doacao-de-orgaos .

Com Assessorias
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