A artista Carla Ferraz, de 37 anos, decidiu dar um passo importante na vida: parar de fumar. Fumante desde os 13 anos, ela abandonou o cigarro durante a pandemia com ajuda de profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS), no Rio de Janeiro. Após 20 anos de vício, Carla afirma que sua vida mudou completamente. Está livre do cigarro há quatro anos e conta que já economizou mais de 12 mil reais.
Melhorei ainda mais a minha disposição, paladar e respiração. E ainda economizo. Eram R$ 8,50 por dia e R$ 3.100 por ano. Já economizei mais de R$ 12 mil em quatro anos sem tabaco. Com esse dinheiro viajei e comprei coisas que antes não conseguia mesmo porque gastava tudo em cigarro”, conta Carla Ferraz.
A artista carioca começou a fumar ainda na adolescência, influenciada pelo comportamento da mãe e pela ideia de que fumar era uma “moda”. “Eu não tinha um motivo. Comecei porque era modinha, queria fumar. Via a minha mãe fumar e ficava curiosa. Mas era muita coisa de adolescente. Comecei e nunca mais parei”, lembra a artista Carla.
Ela só conseguiu parar depois de pedir ajuda a uma amiga, que indicou o Programa de Controle do Tabagismo na Policlínica Antônio Ribeiro Netto, no Centro do Rio. O programa da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) é oferecido gratuitamente em todas as unidades de Atenção Primária do município.
Maia de 4 mil fumantes atendidos só este ano
O Programa de Controle do Tabagismo oferece acompanhamento a quem deseja parar de fumar, além de promover a desnaturalização do cigarro em ambientes coletivos. O tratamento inclui medicação e apoio psicológico e social.
Fazemos o paciente refletir sobre o porquê de fumar e o que pesa mais na vida dele. Esse processo de conscientização ajuda a entender que parar é a melhor escolha em todos os sentidos”, explica a assistente social Priscila Ricciotti, da Policlínica Antônio Ribeiro Netto.
Só neste ano, mais de 4 mil pessoas já foram atendidas pelo Programa nas unidades de Atenção Primária. A maioria dos atendidos é formada por idosos: 58% têm mais de 50 anos. O público também é majoritariamente feminino: em 2025, os pedidos de ajuda na rede municipal são 67,8% feitos por mulheres, os homens representam apenas 32,2% dos atendidos.
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Desafio é alcançar jovens que usam vapes
O desafio está em alcançar os mais jovens que hoje têm acesso a diversas formas de nicotina. Segundo a psicóloga Ana Helena Rissin da SMS, 90% dos fumantes começam até os 19 anos, em grande parte influenciados pelas propagandas da indústria do tabaco.
Para prevenir o início precoce do hábito e conscientizar sobre seus riscos, o Programa de Tabagismo atua em parceria com o Saúde na Escola buscando alcançar o público jovem por meio de ações educativas. “As pesquisas mostram que é uma geração que não fumava e que está começando a fumar. Muitos não se consideram fumantes, o que ainda é pior”, alerta Ana Helena.
Um dos enganos mais comuns é acreditar que existem formas seguras de fumar, como o vape e outros Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs). De acordo com a psicóloga Ana Helena, o vape tem uma nicotina sintética, cheia de químicas. O cheiro disfarça, mas equivale a mais do que um maço de cigarro.
A Carla, por exemplo, pensou que ao largar o cigarro tradicional e optar pelo tabaco de apertar teria menos prejuízos, mas percebeu que os danos e o vício persistiram. Hoje, ela celebra os benefícios de largar o vício com a ajuda do programa.
Dia Nacional de Combate ao Fumo
Para marcar o Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado nesta sexta-feira (29), a SMS-Rio realizou em diferentes unidades da Atenção Primária, ações como café da manhã colaborativo, rodas de conversa, palestras, orientações de saúde bucal e caminhadas.
Em lugares de grande movimentação de pessoas, dois eventos vão contar com distribuição de folders, avaliação de saúde bucal e oferta de auriculoterapia. Como a que foi realizada quinta-feira (28) no Terminal Gentileza e nesta sexta (29) no Metrô Rio.
Fonte: SMS-Rio