Recentemente, o ator Miguel Falabella revelou estar enfrentando um quadro de hérnia de disco lombar — condição que acomete milhões de brasileiros e está entre as principais causas de afastamento do trabalho. O que pouca gente sabe é que hoje existe um arsenal terapêutico moderno, seguro e altamente eficaz na fisioterapia para tratar essa condição sem recorrer a cirurgias invasivas.
A era da fisioterapia moderna trouxe novas abordagens, menos invasivas e mais centradas na inteligência do corpo em se reequilibrar. A boa notícia para Miguel Falabella — e para milhares de brasileiros com hérnia de disco — é que a cirurgia deixou de ser a única saída. Hoje, com o protocolo certo, profissionais capacitados e ferramentas atualizadas, é possível retomar a vida com qualidade, sem bisturi.
A hérnia de disco lombar, também chamada de enêdisculo em linguagem técnica popularizada em cursos de terapia manual, ocorre quando o núcleo do disco intervertebral extravasa ou desloca-se, gerando dor, limitação funcional e, por vezes, irradiando para membros inferiores. O tratamento fisioterapêutico moderno se baseia em entender que esse disco não precisa ser retirado: ele precisa ser descomprimido, reposicionado e o tecido ao redor reequilibrado.
Osteopatia: reposicionamento e mobilidade
A osteopatia é uma das ferramentas mais potentes neste contexto. Com técnicas específicas de manipulação vertebral (thrusts) e mobilizações articulares, é possível devolver mobilidade aos segmentos rígidos da coluna, reduzir a compressão sobre raízes nervosas e melhorar o aporte sanguíneo local.
Estudos como os de Franke et al. (2015), publicados no Spine Journal, mostram que manipulações osteopáticas têm eficácia comparável — e às vezes superior — a medicamentos anti-inflamatórios no alívio da dor lombar.
Dry Needling: agulhas que “desligam” a dor
O dry needling, ou agulhamento seco, é uma técnica que utiliza agulhas semelhantes às da acupuntura, mas com foco em pontos gatilho musculares. Em pacientes com hérnia de disco, os músculos da região lombar e glúteos geralmente ficam em constante contração protetora, piorando a dor.
A liberação desses pontos com dry needling reduz significativamente a espasticidade e facilita a reeducação postural. Segundo Shah e Gilliams (2008), a técnica diminui mediadores inflamatórios e melhora a condução nervosa periférica.
Tração cíclica: descomprimir sem cirurgia
A tração cíclica é um tratamento específico das fascias com uso de equipamentos modernos e ciclos intermitentes de força, ela promove o “recolhimento” do núcleo discal herniado, favorecendo o reposicionamento do disco e alívio da pressão sobre nervos.
É o que demonstram estudos como o de Cevik et al. (2021), que associam a tração cíclica a melhoras funcionais e anatômicas em exames de imagem.
Terapia neural com injetáveis: reset do sistema nervoso
A terapia neural, pouco conhecida no Brasil, é uma abordagem que injeta pequenas doses de anestésicos locais (como a procaína) em regiões estratégicas — cicatrizes, ganglios, pontos de interferência. Ela promove um “reset” do sistema nervoso autônomo, modulando inflamação e reduzindo dores crônicas que muitas vezes não melhoram com nenhuma outra intervenção.
Estudos da Escola Alemã de Terapia Neural, com destaque para o Dr. Huneke, mostram que em casos de dor irradiada por hérnia de disco, a terapia neural pode interromper a cronificação do quadro em poucas sessões.
Diástase: a conexão que quase ninguém faz
É comum que pacientes com hérnia lombar também apresentem diástase abdominal (separação dos retos abdominais), especialmente mulheres no pós-parto. A tração cíclica abdominal e exercícios de fechamento com biofeedback ajudam a reorganizar o core, diminuindo sobrecarga na lombar.
Autores como Lee & Hodges (2016) destacam que o controle motor da musculatura profunda abdominal (transverso do abdome e multífidos) é essencial para estabilizar a coluna e prevenir recidivas.
Se você tem dor lombar crônica, formigamentos ou já foi diagnosticado com hérnia de disco, busque um fisioterapeuta especializado em terapia manual, osteopatia ou neurofuncional. O caminho da recuperação pode ser surpreendentemente eficaz.