Os meses mais frios do ano chegaram e junto com a troca da estação, a alimentação também acaba mudando bastante. A maioria das pessoas sente mais fome durante o frio, o que traz aquela “vontade” de comer alimentos mais calóricos.

A explicação para esse comportamento está ligada a diversos fatores fisiológicos e psicológicos. Um dos fatores é que, durante o frio, o organismo gasta mais energia para manter a temperatura corporal, o que aumenta o apetite.

A nutricionista especializada em nutrição esportiva, Thainara Gottardi, confirma que a mudança de temperatura desempenha um papel fundamental no aumento do apetite. “Nos meses mais frios, o corpo precisa gastar mais energia para manter sua temperatura interna estável. Isso leva a um aumento no metabolismo, o que pode gerar uma maior sensação de fome“, comenta.

Além disso, o frio também faz com que o corpo busque fontes de calor através dos alimentos, especialmente aqueles que são mais calóricos, como sopas, pratos pesados e alimentos reconfortantes.”

E realmente, na estação mais fria do ano, algumas bebidas e alimentos viram protagonistas. Cafés e chás são boas escolhas para se aquecer. Os carboidratos, como pães, batatas e massas, são outros aliados neste período.

Se, por um lado, a gastronomia ganha destaque durante o clima de inverno, com pratos à base de carnes gordurosas, feijoada, caldos cremosos, fondues, chocolates e guloseimas de festas julinas, por outro, é essencial não se render aos exageros.

É verdade que o corpo precisa de mais calorias para manter a temperatura corporal durante o frio, como explica a nutricionista Fernanda Mangabeira.  No frio, o corpo trabalha mais que o normal para manter a temperatura interna, e isso faz com que se queime mais calorias para manter o metabolismo ativo. Então, uma média de 200 calorias são gastas a mais do que em outros períodos do ano”, conta a nutricionista.

Baixa exposição solar também influencia

Outro fator relevante, de acordo com Thainara, é o impacto das estações no humor e no comportamento alimentar. ” Durante o período de temperaturas mais baixas e com menor exposição à luz solar, a produção de serotonina no organismo tende a diminuir. Esse neurotransmissor, essencial para regular o bem-estar, o controle do apetite e o humor, tem seus níveis reduzidos, o que pode levar o corpo a buscar alimentos que proporcionem prazer e conforto emocional”, destaca a nutricionista.

Durante o período de temperaturas mais baixas e com menor exposição à luz solar, a produção de serotonina no organismo tende a diminuir. Esse neurotransmissor, essencial para regular o bem-estar, o controle do apetite e o humor, tem seus níveis reduzidos, o que pode levar o corpo a buscar alimentos que proporcionem prazer e conforto emocional.

Embora esse comportamento seja natural e resultado de processos fisiológicos, Thainara ressalta para a importância de escolhas alimentares equilibradas. Equilíbrio, como sempre, é a palavra de ordem, especialmente no inverno.

As porções devem ser equilibradas, pois a ingestão em excesso aumenta os níveis de glicose no sangue. Sopas, cremes e caldos estão na lista das comidas que geram conforto e, em geral, são preparações nutritivas, o que ajuda a manter a saciedade”.

Riscos para a saúde cardiovascular

Ultrapassar muito a quantidade de calorias e gorduras ingeridas, inclusive, pode comprometer o funcionamento do organismo, como explica a cardiologista Mayara Pachêco Gonçalves Martins. Ela alerta que o consumo excessivo pode culminar em infarto cardíaco e Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Segundo dados do Instituto Nacional de Cardiologia divulgados pelo Ministério da Saúde (MS), as ocorrências de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) podem aumentar em até 30%, especialmente em temperaturas abaixo de 14°C. Pacientes com idades entre 75 e 84 anos e aqueles que já apresentam doenças relacionadas ao coração são os mais vulneráveis.

O consumo excessivo de alimentos gordurosos e calóricos aumentam os níveis de placas de colesterol, podendo, assim, causar obstruções nas coronárias, culminando em infarto cardíaco e AVC. Além disso, a má alimentação também aumenta a incidência de hipertensão, diabetes e obesidade”, salienta.

As recomendações, porém, nem sempre são seguidas, resultando em um índice maior de problemas cardíacos. “Em temperaturas mais baixas, os vasos sanguíneos sofrem constrição, aumentando, assim, a frequência do coração e, consequentemente, o consumo de oxigênio pelo músculo cardíaco. Em pacientes já suscetíveis, isso pode aumentar a chance de um infarto. Por isso a importância de uma alimentação saudável a longo prazo”.

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Como incluir no cardápio alimentos amigos do coração?

É importante prestar atenção no tipo de alimento consumido, mesmo durante o frio. “Optar por opções saudáveis, como sopas à base de legumes, grãos integrais e proteínas magras, pode ajudar a satisfazer a fome sem sobrecarregar o organismo com calorias extras. O segredo está em manter a qualidade nutricional da alimentação“, sugere Thainara Gottardi.

Segundo Fernanda, geralmente, há uma resistência aos alimentos frios, então, a orientação é consumir frutas, nem que sejam de outras maneiras, como uma banana assada, maçã ou pera cozida com canela, que são formas mais ‘quentinhas’ delas.

Os legumes e verduras podem ser refogados em vez de crus, dando uma sensação mais confortável por conta de estarem quentes. Essas são algumas alternativas para não deixar de ingerir minerais, nutrientes e sais minerais necessários ao corpo”, propõe Fernanda.

A cardiologista indica incluir no cardápio alimentos “amigos do coração”: frutas, oleaginosas, caldos e sopas preparados com legumes e verduras. A nutricionista completa que também é preciso ter preocupação especial com vitaminas, nutrientes e minerais a fim de garantir mais imunidade, evitando, por exemplo, gripes e resfriados.

Hidratação e atividades físicas no inverno

Um outro ponto que exige atenção é a hidratação. “No inverno, há um consumo menor de líquidos, mas é importante ressaltar que a hidratação deve ser mantida, e uma das opções é consumir chás”, sugere a cardiologista. E, por último, mas não menos importante, ela lembra das atividades físicas.

O jeito é driblar a preguiça dos dias com temperaturas mais baixas. “Pensar sempre na saúde é primordial. Não existe dica para isso, mas, sim, disciplina e determinação”, encoraja a cardiologista.

Mas antes de sair por aí se exercitando, a médica salienta que é preciso fazer uma avaliação médica antes de iniciar qualquer atividade. “Pode ser um cardiologista ou clínico geral e, se possível, ter um acompanhamento com nutricionista e preparador físico, pois pode ser muito vantajoso”, conclui.

Thainara também  reforça que a prática de atividades físicas pode ajudar a controlar o apetite. “O exercício físico regular pode auxiliar no equilíbrio da fome, pois ajuda a regular o metabolismo e reduz o desejo por alimentos mais calóricos”, conclui a nutricionista.Com Assessorias

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