A exemplo do que vem ocorrendo com a explosão de casos de Transtorno do Espectro Autista (TEA), nos últimos anos se observa um crescimento nos diagnósticos de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Essa condição do neurodesenvolvimento afeta aproximadamente 5,9% dos jovens e 2,5% dos adultos, globalmente, segundo a Federação Mundial de TDAH.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, no Brasil, até 2022, a prevalência de TDAH era estimada em 7,6% em crianças e adolescentes com idade entre 6 e 17 anos, 5,2% nos indivíduos entre 18 e 44 anos e 6,1% nos indivíduos maiores de 44 anos apresentando sintomas do transtorno. No total, cerca de 11 milhões de brasileiros são afetados pelo transtorno, conforme levantamento divulgado em 2022.
Um estudo da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) aponta que o transtorno afeta cerca de 5% das crianças e pode persistir na vida adulta em até 60% dos casos. Segundo dados do Painel Brasileiro de Especialistas sobre Diagnóstico de TDAH em Adultos, 56% dos adultos relataram sintomas persistentes de hiperatividade e 62%, de impulsividade.
Em 2024, a Doctoralia registrou 51 mil buscas pelo termo TDAH. Só no primeiro semestre de 2025, já foram 34 mil, um aumento de 36%. Esse salto acompanha um dado global: até 20% da população pode ser neurodivergente, incluindo condições como TDAH, autismo e dislexia.
“Os números mostram o quanto as pessoas estão buscando respostas”, afirma Flávia Soccol, Head Global de Patient Care da Doctoralia. “No meu caso, essa busca também é pessoal: descobrir a neurodivergência em minha família foi recente e transformador. Falar sobre isso é essencial para quebrar tabus e abrir espaço para mais acolhimento, empatia e informação.”
Como os sintomas impactam na vida adulta?
Neste 13 de julho, Dia Internacional do TDAH, a atenção se volta para um tema ainda cercado de dúvidas: o TDAH na vida adulta. O transtorno é caracterizado por padrões persistentes de desatenção, hiperatividade e impulsividade que interferem no funcionamento diário e no desenvolvimento pessoal, impactando a vida do indivíduo. Os sintomas mais comuns incluem desatenção, impulsividade e hiperatividade, o que pode comprometer o desempenho escolar, as relações sociais e o bem-estar emocional.
Embora geralmente diagnosticado na infância, o TDAH pode persistir por toda a vida, e afetar significativamente o cotidiano, as relações e o desempenho profissional. No ambiente profissional, é comum a presença de desorganização, atrasos, esquecimento, falas impulsivas e baixa produtividade. Tarefas que exigem atenção prolongada ou oferecem recompensas a longo prazo costumam ser procrastinadas.
Apesar de os sintomas aparecerem ainda no período do desenvolvimento, dos primeiros anos de vida até os 12 anos de idade, em alguns casos o diagnóstico preciso só acontece na fase adulta. Embora os sintomas sejam mais evidentes na infância, cerca de 60% das crianças diagnosticadas continuam apresentando sinais do transtorno na idade adulta — como dificuldade para manter a atenção e se concentrar, assim como para organizar, planejar e executar atividades diárias, perda de objetos, dificuldade para manter horários, gerenciar dinheiro e controlar impulsos, relações instáveis, sono irregular, dentre outros.
Para que o TDAH seja diagnosticado, é necessário que os sintomas tenham surgido antes dos 12 anos de idade. No entanto, o reconhecimento do transtorno nem sempre acontece cedo: muitas pessoas buscam a primeira ajuda quando o transtorno passa a prejudicar o desempenho profissional, os relacionamentos e a organização da rotina diária. Aproximadamente 65% das pessoas diagnosticadas com TDAH na infância ainda apresentarão prejuízos significativos ao longo da vida.
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Dificuldade em manter o foco é o principal sintoma
O médico psiquiatra Pietro Figueiredo Mylla, parceiro da plataforma Doctoralia, explica que ainda há quem associe o transtorno apenas a crianças inquietas, mas a realidade é que muitos adultos seguem enfrentando dificuldades significativas. “Na vida adulta, os sintomas de inquietação tornam-se mais raros. O TDAH passa a se manifestar, principalmente, como dificuldade em manter o foco.”
Adriele Neves, médica psiquiatra, especialista em TDAH, também parceira da plataforma Doctoralia, explica que muitos adultos enfrentam os desafios do transtorno muitas vezes sem diagnóstico ou acompanhamento adequado. Nos adultos, o transtorno pode se manifestar de forma diferente e comprometer a vida profissional, pessoal e as relações sociais”, afirma
O adulto com TDAH frequentemente desenvolve estratégias para compensar essas dificuldades, o que costuma dificultar ainda mais o reconhecimento da doença. Ainda assim, quando não tratados, esses sintomas podem colocar o paciente em riscos; sabe-se que adultos com TDAH têm maior probabilidade de se envolverem em acidentes de trânsito, por exemplo.
O TDAH no adulto acaba afetando diretamente a autoestima e a qualidade de vida da pessoa”, afirma o Dr. Pietro. O diagnóstico tardio deve ser considerado quando esses sintomas resultam em um sofrimento significativo ou quando impactam no funcionamento do indivíduo.
“É uma condição que afeta a capacidade do indivíduo de planejar, priorizar e desenvolver tarefas do cotidiano, gerando graves consequências, como baixo desempenho profissional e uma sensação contínua de frustração, além de sentimentos de inferioridade e baixa autoestima”, destaca a Dra. Adriele.
Escola e identidade
As experiências escolares vividas por quem tem TDAH tendem a deixar marcas duradouras. Reprovações, expulsões e transferências compulsórias são comuns, além do preconceito sofrido por parte de colegas e até professores. Essas vivências, segundo estudos, contribuem para o desenvolvimento de inibição social, dificuldade em expressar sentimentos e baixa autoestima.
Apesar disso, alguns adultos relatam que a superação das dificuldades os ajudou a criar estratégias de enfrentamento e desenvolver maior autonomia.
Diagnóstico na vida adulta
O diagnóstico do TDAH na vida adulta ainda enfrenta obstáculos. Muitas pessoas passam anos tentando entender por que têm dificuldade em manter empregos, relacionamentos ou mesmo uma rotina básica, sem saber que têm um transtorno neurobiológico.
Um dos grandes desafios é justamente diferenciar os sintomas do TDAH de outras condições mentais, emocionais ou de personalidade. Por isso, é fundamental buscar ajuda profissional especializada para o correto diagnóstico e o tratamento mais adequado”, orienta a Dra. Adriele.
Para a médica, o dia 13 de julho reforça a necessidade de quebrar o estigma e o preconceito, ampliar o acesso ao diagnóstico correto e oferecer apoio e acolhimento às pessoas que convivem com o transtorno.
A informação é a melhor ferramenta contra o estigma. Reconhecer o TDAH na vida adulta é abrir espaço para o cuidado e a empatia, para um melhor desempenho pessoal e profissional e uma maior qualidade de vida dessas pessoas”, finaliza a psiquiatra.
O Dr. Pietro afirma que reconhecer o TDAH na vida adulta é abrir espaço para a promoção da qualidade de vida. “É fundamental que o diagnóstico seja realizado por um profissional médico capacitado e que o tratamento proposto seja respaldado por evidências científicas”, conclui o psiquiatra.
Tratamento pode reduzir os impactos do transtorno
O tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar, que pode incluir medicamentos, psicoterapia, mudanças comportamentais e no estilo de vida. O suporte precoce, com acompanhamento especializado, é essencial para reduzir os impactos do transtorno.
Além da psicoterapia, o tratamento pode incluir medicamentos que ajudam a melhorar a atenção e controlar a impulsividade e a hiperatividade. Existem tratamentos e cuidados que ajudam a melhorar a vida do paciente. Psicoestimulantes, como o metilfenidato, são considerados tratamentos farmacológicos de primeira linha de escolha por diversas diretrizes internacionais.
Já existem no mercado opções com liberação prolongada e dose única diária, livre de corantes artificiais, o que facilita a adesão, torna o tratamento mais seguro, especialmente para crianças e contribui positivamente na qualidade de vida dos pacientes e cuidadores’’, Erika Barbosa Inacio, representante da Cellera Farma.
Agenda Positiva
Cristo Redentor é iluminado de verde em atenção ao TDAH
Em referência ao Dia Mundial do TDAH, celebrado em 13 de julho, e à Semana Nacional de Conscientização, que tem início em 1º de agosto, a Cellera Farma promove uma série de iniciativas no Rio de Janeiro e em São Paulo. A campanha busca ampliar o diálogo, combater estigmas e facilitar o acesso à informação de qualidade sobre o transtorno.
Uma das ações mais simbólicas será a iluminação do Cristo Redentor na cor laranja, no dia 12 de julho, no Rio. A cor representa a campanha global de conscientização sobre o TDAH e o gesto visa chamar a atenção da população para a importância do diagnóstico precoce e do tratamento multidisciplinar.
A ação faz parte da campanha “TDAH Além dos Rótulos”, promovida pelo Movimento Dislexia TDAH do Grande ABCD, de São Paulo, com apoio da Cellera Farma e NEA FMABC e da Arquidiocese do Rio de Janeiro, e tem como objetivo ampliar a conscientização sobre a necessidade de diagnóstico e tratamento do transtorno.
Queremos jogar luz – literalmente – sobre um tema que ainda sofre com desinformação, julgamentos e banalização. O TDAH é um transtorno sério, que exige diagnóstico adequado e acompanhamento profissional. Iluminar o Cristo, uma das sete maravilhas do mundo e um dos principais cartões-postais do país, é uma forma de acolher e dar visibilidade a quem lida com esse desafio todos os dias”, destaca Erika.
Nos dias 2 e 3 de agosto, a empresa realiza uma ação presencial no Polo Shopping Indaiatuba (SP). Gratuita e aberta à população, a iniciativa contará com a presença de médicos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, que estarão disponíveis para tirar dúvidas sobre o TDAH.
Também serão distribuídos gibis do especial “Mais que um transtorno”, lançado em 2023 pela Cellera em parceria com a Mauricio de Sousa Produções e estrelado pela personagem Débora, que vive com TDAH, além de folders educativos voltados principalmente a famílias e cuidadores.
Com Assessorias