Com a chegada do inverno, aumentam os casos de infecções respiratórias. Uma das doenças que ganham força nessa época do ano é a asma uma condição respiratória comum entre crianças, caracterizada pelo chiado no peito, tosse e falta de ar. No Sistema Único de Saúde (SUS), a asma é a terceira doença crônica mais atendida do país. Dados do Ministério da Saúde mostram que são cerca de 20 milhões de brasileiros asmáticos, com alta prevalência entre crianças e adolescentes.
A asma é uma doença inflamatória dos brônquios que não tem cura. No entanto, é possível ter uma vida normal com controle e acompanhamento. Neste contexto, o Dia Nacional de Controle da Asma, 21 de junho, ajuda a conscientizar a população brasileira sobre a importância de ter a doença monitorada.
Ter a asma controlada significa que o paciente consiga desempenhar suas atividades sem esforço, sem crises e sem necessidade de medicação de resgate, a chamada bombinha”, explica Marice Ashidani, pneumologista do Seconci-SP (Serviço Social da Construção).
A necessidade do uso da “bombinha” segue a demanda do paciente e a periodicidade de uso é um indicativo da qualidade do controle da doença. “Não basta tomar a medicação, é necessário fazer uma reavaliação periódica. Mesmo que a pessoa não tenha sintomas, deve retornar ao médico ao menos uma vez por ano”, orienta.
A asma é uma doença crônica das mais comuns. Os sintomas são falta de ar ou dificuldade para respirar, chiado ou aperto no peito, e tosse. O diagnóstico da doença precisa ser confirmado por um médico.
Diagnóstico e controle da asma evitam agravamento
De acordo com a pneumologista, é muito importante consultar o médico para a realização de um diagnóstico correto, feito por raio X ou espirometria (exame que mede a quantidade de fluxo de ar que entra e sai dos pulmões) e iniciar o tratamento corretamente.
A doença não tem cura, mas pode ser controlada. “Usamos duas abordagens nos casos de crises: uma é a medicina de resgate e alívio, com uso da bombinha, e a outra é o tratamento de prevenção, com o uso, por exemplo, de corticoides inalados. Quando a doença está controlada, o paciente quase não apresenta sintomas.”
Ashidani enfatiza que, para evitar o desencadeamento de novas crises, são muito importantes os cuidados com a higiene ambiental, evitando poeira, mofo, pelos de animais, prevenir o tabagismo e também cuidar da saúde mental.
Às vezes a asma aparece na vida adulta e há quem entre em remissão. Por isso, é de extrema importância que o asmático tenha conhecimento da doença e saiba manusear os dispositivos de tratamento, tirando os fatores de risco do ambiente, além de seguir corretamente a parte medicamentosa. Dessa forma, ele conseguirá manter a patologia sob controle e ter um maior bem-estar no dia a dia”, finaliza.
Poeira, fungos e ácaros podem agravar os sintomas
O Ministério da Saúde define a asma pela inflamação dos brônquios, o que provoca sintomas como dificuldade para respirar, chiado no peito, aperto e respiração acelerada. Esses sintomas costumam piorar durante a noite, nas primeiras horas da manhã e diante de fatores como exercícios físicos, exposição a alérgenos, poluição e variações climáticas.
As crises de asma não são provocadas apenas por fatores óbvios como poeira ou exercícios – muitas vezes, elementos menos conhecidos, como fungos e ácaros, podem levar ao agravamento dos sintomas,” explica Julinha Lazaretti, bióloga e cofundadora da Alergoshop, que desenvolve produtos hipoalergênicos.
Segundo a profissional, compreender esses gatilhos é essencial para quem convive com a doença, pois evita crises severas. Ela reforça que, embora a asma não tenha cura, seu controle é totalmente possível por meio de tratamentos adequados e mudanças no estilo de vida. Com acompanhamento médico, exames específicos como a espirometria, e cuidados ambientais, o paciente pode viver normalmente, evitando crises e complicações.
Quais são as causas?
A asma pode ser desencadeada por diversos fatores que atuam isoladamente ou em conjunto. Em primeiro lugar, aspectos ambientais são os mais comuns, como a exposição à poeira, que contém ácaros, fungos e fezes de baratas, que aumentam a inflamação dos brônquios e provocam sintomas.
Em paralelo, mudanças climáticas e infecções virais, especialmente aquelas causadas por vírus respiratórios como o sincicial e o rinovírus, também podem agravar o quadro asmático. Por fim, fatores genéticos, como histórico familiar de asma ou rinite, e condições como a obesidade, aumentam a predisposição para crises, pois o excesso de peso contribui para processos inflamatórios que dificultam a respiração.
Gatilhos pouco conhecidos
Embora muitos gatilhos da asma sejam amplamente conhecidos, alguns são menos evidentes, mas igualmente importantes para o controle da doença. Por exemplo, fungos que proliferam em ambientes úmidos e mal ventilados, comuns no fim do verão e outono, podem agravar a inflamação das vias respiratórias.
Outro caso, mais comum no Sul do Brasil, são os pólens de flores, gramas e árvores, que circulam pelo ar especialmente na primavera, são fatores relevantes que exigem atenção redobrada.
A asma tem cura?
A asma é uma doença crônica que não possui cura definitiva. Contudo, é importante destacar que o controle adequado da doença é totalmente possível por meio de tratamentos específicos e mudanças no estilo de vida.
Segundo Lazaretti, com o manejo correto e o uso de medicações apropriadas, o asmático pode levar uma vida normal, com qualidade e sem limitações. “O monitoramento médico contínuo, o uso de medicamentos preventivos e a adoção de cuidados ambientais são fundamentais para minimizar crises e evitar complicações”, completa.
Como evitar as crises de asma?
Para prevenir crises de asma, é fundamental adotar medidas que reduzam a exposição aos principais gatilhos ambientais. Manter a limpeza do ambiente regularmente, utilizando produtos suaves e evitando químicos agressivos, contribui diretamente para o controle da poeira e do mofo, principais agentes irritantes das vias respiratórias.
O uso de acaricidas é outra estratégia válida para eliminar e controlar a proliferação de ácaros, fungos e bactérias no ambiente. Esse produto, não tóxico, pode ser aplicado em diversos tecidos e superfícies, como tapetes, cortinas, roupas e estofados, impedindo a reinfestação e reduzindo significativamente a presença desses micro-organismos que desencadeiam crises.
O uso de capas antiácaro em colchões e travesseiros é fundamental no controle da asma e rinite, segundo o Consenso Mundial de Tratamento dessas doenças. Isso porque colchões e travesseiros são os principais focos de ácaros — pequenos organismos que se alimentam da pele que perdemos enquanto dormimos.
Sem proteção, essas partículas ficam no ar e são inaladas durante o sono, desencadeando crises alérgicas. As capas funcionam como uma barreira, reduzindo o contato com os alérgenos. Para completar, evitar o contato com fumaça de cigarro, garantir boa ventilação e controlar a umidade da casa são práticas fundamentais para manter o ambiente saudável”, explica especialista.
5 dicas para evitar crises de asma em crianças
Higiene adequada do espaçador e controle da umidade do ambiente estão entre as ações que ajudam a controlar a doença
Segundo a médica Marcela Maciel Villela de Marco Sacho, pneumologista do Ambulatório Multiassistencial (AMAS), unidade de saúde pública sob a gestão do Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês, a prevenção das crises de asma é fundamental para garantir a saúde e o bem-estar dos pequenos.
É preciso educar o paciente e sua família para executar medidas relacionadas à higiene do ambiente em que vivem, evitar fatores desencadeantes como os alérgicos e identificar rapidamente a perda de controle da doença para que a criança seja levada para atendimento médico”, explica a médica.
A especialista elenca abaixo cinco dicas essenciais para evitar crises de asma em crianças:
- Higienize adequadamente os inalatórios: O uso inadequado dos dispositivos como os espaçadores podem desencadear novas crises. Para limpar o espaçador é preciso desmontar o dispositivo, lavar com água corrente e detergente neutro usando a própria mão. Não utilize esponjas para esfregar! Após isso, coloque de molho com 1 litro de água e 2 gotas de detergente por 15 minutos, retire e deixe secar no papel toalha. Importante que escorra naturalmente para que o detergente forme uma película que evita a eletricidade estática. O recomendado é que a higienização seja feita pelo menos 1 vez por semana.
- Mantenha a medicação em dia: Quando o paciente suspende o medicamento por conta própria ou não o utiliza da forma adequada, as chances de desencadear novas crises aumentam. É fundamental seguir as orientações do médico, tirar dúvidas em relação ao uso do medicamento e sempre estar com um plano de emergência.
- Evite objetos que acumulem poeira: Objetos como pelúcias, cortinas pesadas e tapetes podem acumular poeira e desencadear crises. É recomendado optar por materiais que sejam mais fáceis de limpar e que não retenham alérgenos.
- Controle a umidade do ambiente: Ambientes muito úmidos podem favorecer o crescimento de fungos e ácaros. Manter a ventilação adequada são medidas que podem ajudar a prevenir crises.
- Promova um estilo de vida saudável: A prática regular de atividades físicas e uma alimentação equilibrada são fundamentais. Exercícios leves, como caminhadas, podem fortalecer os pulmões e diminuir a frequência de crises.
Com essas dicas, os pais podem ajudar a proteger seus filhos e garantir que eles tenham uma vida ativa e saudável, apesar da condição da asma. A especialista lembra que, mesmo com essas ações, as visitas periódicas ao médico são essenciais para monitorar a condição da criança e ajustar o tratamento conforme necessário.
Com Assessorias