Casos como o da cantora Lexa, que perdeu a filha Sofia três dias após o parto prematuro, decorrente de complicações da pré-eclâmpsia, ligaram o alerta para um tema pouco falado. Infelizmente, casos de perda gestacional são mais comuns do que se imagina.
Estudos científicos mostram que uma em cada quatro gestações diagnosticadas evoluem para aborto. Este número muitas vezes assusta, principalmente porque nem sempre falamos sobre ele; na maioria das vezes quem passa por um aborto prefere não contar aos demais e assim temos a falsa ideia de que é algo raro.
Grávida de seu terceiro filho, o primeiro com o marido Thiago Nigro, a influenciadora Maíra Cardi também sofreu em janeiro com a perda gestacional. Em um vídeo publicado no TikTok, ela mostrou que foi ao hospital após apresentar sangramentos por alguns dias. Então, durante um ultrassom, a médica informou que o bebê estava sem batimentos.
Independente de toda polêmica que envolve o caso ele traz a tona uma questão poucas vezes abortada, a perda gestacional. Apesar de muito dolorosa e de um peso inigualável a quem passa por ela é relevante sabermos que os abortamentos que ocorrem de forma precoce, ainda no primeiro trimestre da gestação, são relativamente frequentes”, disse Veronica Boeira Lima, diretora de comunicação AMCR – Associação Mulher Ciência e Reprodução Humana do Brasil – organização que tem como propósito disseminar o conhecimento em ginecologia e reprodução humana.
Leia mais
O que não dizer a uma mãe que perdeu um bebê? Saiba como apoiar de verdade
Todas as gestantes devem consumir cálcio para prevenir eclâmpsia
Cantora Lexa perde bebê após sofrer pré-eclâmpsia e síndrome de Hellp
Lexa sofre pré-eclâmpsia: saiba o que é e como prevenir
Alterações genéticas são a principal causa de perde gestacional
Segundo a especialista, a principal causa que leva a uma perda gestacional no início da gestação é a formação inadequada do feto, que em sua maioria apresentaram alterações genéticas que são incompatíveis com a vida. Estas alterações muitas vezes não têm uma causa definida, porém, quanto mais velhos – e neste caso a idade da mãe tem um peso importante – maior a chance de alterações genéticas e consecutivamente de abortos.
Maira tem 41 anos, o que já faz com que uma concepção natural seja mais difícil e aumenta as chances de alterações genéticas no feto, que podem levar a um abortamento; não que este seja um fator definidor, já que muitas mulheres engravidam nesta idade e tem filhos saudáveis, porém os riscos são maiores”, alerta a médica.
Outra questão relevante é saber que dois ou mais abortos consecutivos devem ser sempre investigados, pois quando temos o que chamamos de “aborto de repetição” existe uma chance maior de haver alguma outra questão associada a estas perdas que não apenas alterações genéticas, como é o caso das trombofilias, alterações associadas a anatomia do útero, alterações nos espermatozoides, dentre outras.
É inegável que uma perda gestacional, seja ela pelo motivo que for traz um grande luto ao casal, mas é fundamental saber que o casal que passa por isto não esta sozinho, que (apesar de muito sofrido ) é mais comum do que imaginamos, que é fundamental acolher quem passa por esta perda e saber que na maioria das veze o fato de se ter um aborto prévio não quer dizer que haverão outros ou que este casal terá maiores dificuldades para engravidas, sempre levando em conta as particularidades de cada casal”, disse Veronica.
Como lidar com a espera quando o final da gravidez foge do planejado?
A reta final da gestação pode ser um período de grande expectativa, mas também de angústia e insegurança, principalmente quando surgem complicações de saúde. Em janeiro, a cantora Lexa, grávida de seis meses, precisou internada com pré-eclâmpsia e pediu orações pela sua filha, Sofia, que infelizmente veio a falecer no último dia 5 de fevereiro.
Situações como a da cantora levantam dúvidas sobre o sofrimento emocional da incerteza antes do parto para mães e pais; psicóloga perinatal explica como enfrentar esse momento. Casos como esse despertam uma questão difícil: como lidar com a espera quando o final da gravidez foge do planejado? De acordo com Rafaela Schiavo, psicóloga perinatal e fundadora do Instituto MaterOnline, o final da gravidez é um período de grande vulnerabilidade emocional.
A reta final da gestação é um período de grande vulnerabilidade emocional para as mulheres. Quando surgem riscos para a mãe ou o bebê, o medo e a ansiedade podem se intensificar, por isso é importante um apoio psicológico nesse período”, explica.
Pais também sofrem com a incerteza antes do parto
Os pais também vivenciam a gestação de forma intensa, mas muitas vezes não encontram espaço para expressar seus sentimentos. Assim como as mães, eles podem sentir medo e ansiedade e precisam de suporte emocional adequado.
O acolhimento deve ser para os pais e sua rede de apoio. Os homens costumam se colocar no papel de quem precisa ser forte para apoiar a parceira, mas eles também vivenciam o medo, a frustração e a angústia”, orienta.
Ainda de acordo com a psicóloga, o acompanhamento psicológico, a troca com outras famílias que passaram por situações semelhantes e o apoio de amigos e familiares podem ajudar a aliviar a carga emocional dos pais e fortalecer sua presença nesse período de espera.
Como lidar com a ansiedade antes do parto?
Cada família vive essa fase de maneira única, mas algumas atitudes podem ajudar a minimizar o medo e trazer mais segurança:
1) Apoio profissional: Buscar suporte psicológico e manter um diálogo próximo com a equipe médica pode ajudar a reduzir incertezas.
2) Rede de apoio: Contar com familiares e amigos para compartilhar sentimentos e preocupações é fundamental.
3) Evitar sobrecarga de informações: O excesso de buscas sobre o assunto pode aumentar a ansiedade. É importante se informar com fontes seguras e evitar especulações.
4) Práticas de bem-estar: Técnicas como respiração, meditação e exercícios leves podem ajudar a aliviar o estresse.
5) Validação dos sentimentos: Nenhum medo ou insegurança é exagero. Conversar sobre essas emoções pode torná-las mais fáceis de lidar.
Com Assessorias