O Dia Mundial do Dentista (3 de outubro) vai além da celebração da profissão, ele marca a criação da primeira faculdade de Odontologia do mundo, a Baltimore College of Dental Surgery, fundada em 1840 nos Estados Unidos. Desde então, a Odontologia evoluiu e consolidou-se como uma das áreas mais importantes da saúde.
O Brasil, inclusive, ocupa um papel de destaque nesse cenário: segundo o Conselho Federal de Odontologia (CFO), são mais de 423 mil dentistas ativos, representando cerca de 20% de todos os profissionais globalmente.
Mas em meio a números tão expressivos, cresce também uma reflexão: “dentista” ainda é o nome que melhor representa essa profissão em transformação?
Atualmente, o cirurgião-dentista vai muito além de restaurar dentes ou tratar cáries. Seu trabalho impacta diretamente na saúde integral do paciente, dialogando com áreas como estética, sono, autoestima e até prevenção de doenças sistêmicas.
Com avanços tecnológicos, tratamentos menos invasivos e um mercado cada vez mais conectado ao bem-estar, a odontologia moderna deixou de se restringir ao consultório tradicional.
Hoje a área inclui desde a harmonização orofacial até o uso de softwares de planejamento digital, impressão 3D e toxina botulínica, uma revolução que impacta saúde, estética e qualidade de vida.
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Confira 5 áreas da saúde que você talvez não soubesse que também estão sob os cuidados do dentista:
1. Saúde sistêmica
A boca é a porta de entrada para o corpo, e para várias doenças também. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 3,5 bilhões de pessoas no mundo sofrem com problemas bucais, que podem se conectar a condições crônicas como diabetes, doenças cardiovasculares e até parto prematuro.
“A inflamação gengival, por exemplo, pode dificultar o controle da glicemia no diabetes, e a periodontite está associada a riscos cardíacos”, reforça Laís de Mattos, doutora e mestra pela USP em odontologia. Cuidar da boca é, portanto, também cuidar da saúde integral do paciente.
2. Mastigação
Mastigar mal vai além de um simples hábito: pode trazer impactos para todo o organismo. “Quando o paciente mastiga apenas de um lado ou engole sem triturar bem os alimentos, isso gera sobrecarga nos dentes, gengivas e articulações da mandíbula, além de dificultar a digestão”, explica a Dra Laís.
A mastigação correta é fundamental para a absorção de nutrientes, para a saúde do sistema digestivo e para o equilíbrio da saúde bucal.
3. Prevenção de riscos em cirurgias
Sabia que visitar o dentista antes de uma cirurgia pode reduzir complicações pós-operatórias? Um estudo realizado no Hospital Universitário de Ehime, no Japão, mostrou que pacientes que passaram por tratamento odontológico prévio tiveram risco significativamente menor de desenvolver pneumonia durante a internação.
O cuidado oral pré-cirúrgico é uma estratégia de prevenção que reduz complicações e tempo de hospitalização, trazendo benefícios tanto para o paciente quanto para o sistema de saúde.
4. Área psicológica
A odontologia também pode ajudar na autoestima e no bem-estar emocional. Pesquisadores da FOA/UNESP identificaram que o impacto psicológico do bullying relacionado à saúde bucal é até três vezes mais prejudicial à qualidade de vida dos adolescentes do que a necessidade de tratamento ortodôntico.
“O sorriso tem uma conexão direta com a autoconfiança, especialmente entre os jovens. O tratamento odontológico pode ser um fator de proteção contra os efeitos do bullying”, destaca XXX.
Esse aspecto dialoga com a transformação da profissão: cada vez mais, saúde bucal e imagem pessoal caminham juntas. Segundo pesquisa da Kantar (2022), 71% dos brasileiros acreditam que a aparência impacta diretamente no bem-estar psicológico.
5. Qualidade do sono
Se o paciente relata sonolência constante, fadiga e a sensação de nunca dormir bem, o dentista pode ser peça-chave na investigação. Distúrbios como a apneia, por exemplo, podem estar relacionados à saúde oral e, nesses casos, o ortodontista pode indicar o uso de aparelhos intrabucais para avanço mandibular, alternativa não cirúrgica que auxilia na respiração durante o sono.
Com mais de 180 anos de história, a profissão segue em desenvolvimento e talvez até precise de um novo nome para refletir o que já se tornou: uma área fundamental da saúde, da autoestima e do bem-estar.