Estudantes da escola de São Paulo, que preferiram não se identificar, contaram que o adolescente de 13 anos que matou a professora e feriu três colegas entrou na escola este ano e estava sempre envolvido em brigas. Ele reclamava de sofrer bullying dos colegas. Após o episódio, o Governo de São Paulo anunciou que toda a comunidade escolar terá apoio psicológico. 

No dia 7 de abril é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência Escolar. A data busca chamar a atenção para a problemática reportada em inúmeras instituições de ensino do país. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE), um percentual superior a 40% dos estudantes adolescentes admitiram ao Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), já ter sofrido com a prática de “bullying”, de provocação e de intimidação.

Em 2009, a parcela para essa resposta, na mesma pesquisa, era de 30,9%. Em 2019, foram 40,3%. Entre os estudantes do sexo masculino nessa faixa de ensino, que engloba adolescentes entre 13 e 17 anos, a parcela que admitiu sofrer “bullying” subiu de 32 para 35,4% entre 2009 e 2019. Já entre as mulheres a fatia cresceu 28,8%.

Atualmente, o Brasil é um dos países com maiores índices de violência escolar, sobretudo pelo bullying, que consiste em um conjunto de violências que se repetem ao longo de um período. Geralmente são agressões verbais, físicas e psicológicas que humilham, intimidam e traumatizam as vítimas.

“Não queria ir para a escola, apenas ficar isolado”, diz empresário

É o caso do Alex Araujo, empresário e CEO da 4Life Prime Saúde Ocupacional. Ele conta que quando estava no ensino médio, com os seus 15 anos, sofria bullying constantemente, sendo até mesmo apelidado de “orelha de morcego” pelos seus colegas de classe por conta da sua orelha pontuda. A situação o desmotivou e prejudicou seu rendimento escolar.

“Na época, me encontrava em uma situação desgastante, emocionalmente falando. Não queria ir para escola, apenas ficar isolado no meu quarto, em casa. O mais difícil era lidar com as piadas e insinuações feitas sobre a condição de vida da minha família. Estávamos morando em um sítio no interior e vivíamos sujos de poeira por conta da estrada de terra. Foi uma época complicada, guardei muita mágoa durante um tempo, o que poderia ter me transformado em outra pessoa”, conta.

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Medidas protetivas contra o bullying: corrigir e penalizar é primeiro passo

A expressão “bullying” vem do inglês “bully”, que significa agressor, poderoso e intimidador. Uma pessoa que usa força ou poder para prejudicar ou amedrontar aqueles que são mais fracos. O agressor costuma submeter as vítimas a violências físicas e psicológicas de maneira prolongada. Os alvos são normalmente aqueles que têm maior dificuldade de defender a si mesmos e que se diferenciam da maioria por questões raciais, sexuais, de aparência e de comportamento.

Dentro e fora do ambiente escolar, a repetição de agressões físicas e/ou verbais causa angústias nos estudantes e os alunos ainda têm que lidar com as investidas dos agressores no ambiente digital, conhecidas como cyberbullying. O assunto demanda abordagens nos ambientes escolar e familiar que busquem evitar o uso da força como medida de retaliação.

Para que a situação seja corrigida, é necessário que as escolas utilizem de medidas protetivas e ações estratégicas para alunos vítimas de bullying, como a disponibilização de psicólogos e pedagogos responsáveis pela fiscalização de conduta inadequada em ambiente escolar.

“Corrigir e penalizar o agressor é o primeiro passo para que a situação não se torne cotidiana e que o mesmo reflita suas ações e mude sua postura em sala de aula. A segunda é demonstrar apoio e empatia para estudantes que sofreram com a prática. Debater sobre o bullying na infância contribui para a construção do caráter e evita casos de agressões na vida adulta”, reforça Araujo.

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