Para a alegria da criançada e de muitos adultos, o domingo mais doce do ano está chegando com a Páscoa, que é comemorada no próximo dia 9. Diante de tantas opções de ovos de chocolate, até para quem segue firme na dieta fica difícil resistir à tentação. Mas calma, com chocolates mais saudáveis e moderação na hora do consumo, é possível saborear a iguaria sem culpa.
Muitas pessoas correm para as lojas a fim de comprar os ovos e chocolates para os amigos e familiares. Mas com tantas ofertas diferentes como escolher o chocolate ideal, inclusive para as crianças? O chocolate é um alimento funcional, o que significa que pode oferecer vários benefícios à saúde, além do seu valor nutritivo convencional.
Muito apreciado pelas pessoas, é quase sempre pedido para ser incluído em dietas. Segundo a nutricionista Mariana Venturini, , pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional, com formação em Nutrição e Fertilidade e em Modulação Intestinal, esse delicioso alimento pode ser incluso nas dietas, exceto em casos de alergia ou sensibilidade alimentar.
“Mas, para termos esse alimento no nosso dia a dia, precisamos saber escolher. Porque, para ele ser saudável, a qualidade do mesmo importa, principalmente porque todo valor atribuído ao chocolate vem do cacau”, explica.
A especialista complementa que os benefícios do cacau são inúmeros, como: ação anti-inflamatória e antioxidante, atuação no sistema imunológico, cardiovascular (efeitos na pressão arterial, resistência à insulina e função vascular e plaquetária), intestinal (crescimento da microbiota intestinal saudável) e até mental (com influência em redução de ansiedade, melhora de aspectos cognitivos, como memória e concentração, e em distúrbios degenerativos).
Mariana enumerou 4 fatores essenciais para observarmos ao escolher o chocolate que será consumido:
1. O chocolate mais saudável é aquele que tem mais cacau. Portanto, o cacau como o primeiro ingrediente é um fator importante a se observar no rótulo.
2. O segundo fator importante é verificar se tem gordura vegetal adicionada, que é uma gordura de qualidade ruim e nociva e que já coloca o chocolate como de qualidade inferior.
3. Depois de se atentar nesses dois, verifique o açúcar: quanto menos, melhor.
“Normalmente o açúcar vem no segundo ou terceiro ingrediente, e está tudo bem. Isso não muda o fato de ser uma opção mais saudável, porque o teor de cacau continua alto e o alimento como um todo é melhor nutricionalmente do que a maioria do mercado”, alerta.
4. Além disso, é muito comum o uso de emulsificantes e aromatizantes. O ideal é buscar as opções mais naturais, com menos ingredientes e sem esses aditivos.
Os diferentes tipos de chocolates
1 – O chocolate amargo contém a maior porcentagem de cacau e é acrescido de manteiga de cacau e um pouco de açúcar. É o tipo mais saudável, como já descrito.
2 – O chocolate ao leite tem uma porcentagem menor de cacau e é acrescido de leite, manteiga de cacau e açúcar (que é geralmente o primeiro ingrediente e, por isso, o que tem em maior quantidade nesse tipo de chocolate).
3 – O chocolate branco é à base de açúcar, manteiga de cacau e leite.
Para a nutricionista, em termos de calorias, os tipos não são muito diferentes; o que realmente muda é o valor nutricional atribuído.
“Já sabemos que o mais rico em cacau tem benefícios à saúde e que os outros têm ingredientes que, em excesso, podem ser danosos. Sendo assim, nada nos impede de apreciar todos os sabores, inclusive numa data que só acontece uma vez no ano, que é a Páscoa. O que precisamos ter todos os dias do ano é bom-senso e moderação no consumo. E, claro, manter um estilo de vida saudável como princípio básico”, finaliza.
Quanto maior a quantidade de cacau, mais indicado é o produto
Nutricionista do Centro Municipal de Saúde Hélio Pellegrino, na Tijuca, Mariana Jordão diz que as pessoas podem comer, sem problemas, até cerca de 30 gramas de chocolate por dia, o que corresponde, aproximadamente, a um quadrado de um tablete. Porém, sabemos que, no domingo de Páscoa, essa quantidade pode aumentar, então o ideal é optar pelo chocolate com uma maior porcentagem de cacau.
“É bom lembrar que quanto menor a quantidade de cacau, maior o teor de açúcar. Desta maneira, a opção do chocolate amargo, a partir de 70% de cacau em sua formulação, é uma opção mais saudável para essa data festiva. O chocolate ao leite contém menor quantidade de cacau e mais açúcar, não sendo a melhor pedida para o consumo frequente”, explica Mariana.
Para não cair no “conto do vigário”, antes da compra, é indispensável conferir os rótulos dos produtos e a data de validade. Nos ovos de Páscoa, o ideal é que o primeiro ingrediente seja o cacau, indicando uma maior quantidade deste componente e, consequentemente, uma melhor qualidade nutricional.
Rico em flavonoides, o chocolate tem efeito anti-inflamatório e antioxidante, que promove a proteção das células contra os efeitos dos radicais livres produzidos pelo organismo. O consumo moderado do produto também ajuda na redução da pressão arterial e aumento do fluxo vascular.
Diet x light x zero: entenda as diferenças
Sobre as versões de ovos “diet”, “light”, “zero”, a nutricionista alerta que estes também devem ser consumidos com moderação.
“O chocolate diet geralmente é feito com adoçantes, em vez de açúcar. No entanto, pode conter uma quantidade maior de gordura do que o chocolate comum, para manter a textura e o sabor. Já o light é produzido com menos gordura e, consequentemente, tem menos calorias. Entretanto, a quantidade de açúcar pode ser a mesma ou até maior do que a do chocolate comum. A versão zero é geralmente feita com adoçantes e com menos gordura, o que não significa que deva ser consumido sem equilíbrio”, ressalta.
Para os intolerantes à lactose — pessoas com distúrbio digestivo associado à baixa ou nenhuma produção de lactase pelo intestino delgado — além do ovo sem lactose, uma boa opção é o chocolate amargo sem a adição de leite em sua composição. Há ainda as opções de chocolates veganos ou feitos com ingredientes alternativos, como leites vegetais.
Conheça os benefícios do cacau, o fruto que dá origem ao chocolate
Fruto é rico em vitaminas, possui ação anti-inflamatória e pode auxiliar na prevenção contra quadros crônicos
Abril é o mês do chocolate, com ovos de todos os tipos presentes por conta da Páscoa, como chocolate branco, ao leite ou amargo e outros alimentos, que têm como principal apelo a presença do chocolate, produzido a partir das sementes do cacau. É natural que os consumidores sintam dificuldade em separar quais alimentos entregam sabor e qualidade de nutrientes e quais entregam somente sabor, mas podem comprometer a dieta com excesso de gorduras e açúcar refinado.
A história do cacau tem origem na civilização Maia, população que vivia na região do México e parte da América Central entre 250 d.C. e 900 d.C.. Os Maias sempre consideraram o fruto como uma oferenda inestimável destinada, principalmente, aos deuses. Após torrar as sementes do cacau e moê-las, transformavam o pó em uma bebida amarga e picante que, para eles, tinha poderes energizantes e afrodisíacos. Diz a lenda que o deus Maia Quetazacoalt concebeu as sementes de cacau e as chamou de “cacaohualt”, que significa água amarga.
Após a colonização do império Maia pelos espanhóis, o cacau chegou à Europa e passou a ser consumido de outras formas, misturado com leite, açúcar, oleaginosas ou outros ingredientes, dando origem ao chocolate como conhecemos hoje. Mas os benefícios nutricionais do chocolate vêm, basicamente, da semente pura do cacau, torrada e moída, que pode ser encontrada atualmente na formulação de muitos alimentos.
O Brasil é um dos grandes produtores e consumidores do fruto cacau e de seus subprodutos: manteiga e cacau e cacau em pó, ambos utilizado na formulação de chocolates. Segundo dados da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), foram processadas 224.168 toneladas de cacau, somente em 2021. Não por acaso, o setor movimenta R$ 23 bilhões anualmente no Brasil, tendo a Bahia como principal produtor.
Benefícios nutricionais
De acordo com a E4, consultoria nutricional da Jasmine Alimentos, o cacau é um fruto com potente ação anti-inflamatória e antioxidante. Sua composição é rica em vitaminas, minerais e triptofano, um aminoácido essencial e que ajuda o organismo a produzir a serotonina, responsável pela sensação de bem-estar, e a melatonina, substância também conhecida como “hormônio do sono”. Substâncias presentes no fruto também podem influenciar na prevenção contra quadros crônicos, melhora dos níveis lipídicos (gorduras) em indivíduos obesos e do fluxo sanguíneo cerebral e, consequentemente, das funções neurocognitivas.
Cacau x chocolate
O cacau é um dos principais ingredientes do chocolate – produto consumido por cerca de 75% dos brasileiros. Com isso, é comum que o consumidor pense que ambos possuam os mesmos benefícios e valor calórico. Mas, na verdade, muitos chocolates apresentam baixa quantidade de cacau – cerca de 20%, e grande quantidade de gorduras e açúcares.
Para usufruir dos benefícios do cacau, é necessário buscar produtos que contenham cacau puro, açúcar não refinado, como o mascavo, e gorduras boas, como os presentes em amêndoas e outras oleaginosas, e também no coco.
98,1% dos chocolates industrializados não têm conservantes
Um estudo sobre chocolates industrializados comercializados no Brasil, divulgado em março, mostrou que 99,6% não incluem antioxidantes, 98,1% não possuem conservantes e 95,2% são isentas de corantes. Também ficou comprovada a presença de teores de proteínas, fibras e polifenóis nas formulações dos produtos estudados.
Intitulada Chocolates Industrializados: alimentos para socialização e nutrição, a publicação gratuita foi lançada pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Foram analisadas as composições e valores nutricionais de 483 produtos de chocolate.
O estudo, que contou com apoio da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), faz parte do projeto Alimentos Industrializados 2030, que busca consolidar bases de um sistema alimentar saudável e sustentável, informando com dados técnicos e científicos e contrapondo mitos e preconceitos sobre alguns alimentos.
As informações contidas nos rótulos de cada chocolate foram avaliadas levando em consideração características como saudabilidade e bem-estar, matérias-primas e aditivos. O presidente da Abicab, Ubiracy Fonsêca, destaca a importância da desmitificação de conceitos.
“Nenhum alimento pode ser analisado de forma isolada. O chocolate é um produto de indulgência que pode ser inserido no contexto de uma dieta equilibrada e associado à prática regular de atividade física. É fundamental que esses aspectos sejam trazidos para o âmbito científico”, pontua.
Esse é o décimo estudo da série Alimentos Industrializados 2030, que visa disponibilizar informações de interesse do consumidor brasileiro com clareza e embasamento técnico-científico. “Detalhamos os conteúdos nutricionais dos produtos que comumente são tachados genericamente como não saudáveis, contrapondo mitos e preconceitos”, afirma Luis Madi, diretor de Assuntos Institucionais do Ital e coordenador do projeto.
O objetivo é contribuir para a evolução da área de alimentos em benefício do consumidor, promovendo a oferta de alimentos saudáveis com agregação de valor e melhoria da qualidade de vida da população.
Com Assessorias