fono

Tem gente que costuma achar bonitinho quando a criança já maiorzinha fala igualzinho a um bebê. Mas é preciso atenção: isso é uma dificuldade que precisa ser melhor trabalhada com ajuda profissional. O problema pode ser diagnosticado – e tratado – cada vez mais cedo, para evitar desdobramentos futuros.

Especialistas apontam que a aquisição da linguagem é um marco muito importante do desenvolvimento de uma criança. Embora cada indivíduo se desenvolva de uma maneira, são esperadas aquisições específicas de linguagem nas várias etapas do desenvolvimento. Se elas não ocorrem no seu tempo certo, é sinal de que algo está errado. E, felizmente, muitas vezes pode ser corrigido a tempo.

A comunicação começa logo que o bebê nasce, por meio do choro, que serve para demonstrar a fome, o sono, a necessidade de afeto, se o bebê precisa ser trocado, se está com alguma dor, etc. Até os dois meses, a criança reage por meio de reflexos. A partir dessa idade, o bebê começa a interagir com o ambiente.

Aos três meses, inicia-se a fase conhecida como balbucio, ou seja, a emissão de sons repetitivos, sendo um marco essencial para o desenvolvimento da fala. As consoantes que se formam no balbucio moldam os sons que o bebê aprende a manobrar com a boca e a língua. Por isso, se o bebê não está balbuciando, segundo a fonoaudióloga Carolina Pacheco, da NeuroKinder, é preciso investigar.

“Há vários motivos para isso acontecer, desde pouca comunicação verbal com esse bebê, até problemas auditivos ou neurológicos. Aqui vale uma ressalva: para o bebê balbuciar ele precisa ouvir as pessoas falarem com ele. A TV ou vídeos, mesmo que educacionais, não servem para esse objetivo. Assim, é imprescindível que os pais falem com os bebês”, explica Carolina.

A partir dos oito meses, a comunicação passa a ser intencional. Com nove meses, já entende ‘não’e ‘tchau’. Aos 12 meses, começa a falar as primeiras palavras, como mamá, papá, água, etc. A partir dessa idade, os bebês começam a aumentar as aquisições e, de acordo com os estímulos recebidos, é esperado um bom desenvolvimento da linguagem oral e corporal, como mandar beijos, dar tchau e repetir as palavras ditas pelos adultos.

Entre os 18 e 24 meses, a criança já consegue combinar palavras, como “qué água”, entre outras. Nessa fase, nota-se um aumento importante do vocabulário e as palavras começam a ser mais entendidas pelos pais. A partir dos três anos, ocorre o uso de tempos verbais e há grande aumento da habilidade de compreender e se expressar. E, finalmente, com cinco ou seis anos, a fala já deve ter se desenvolvido por completo.

Atraso no desenvolvimento da fala

Há várias fases no desenvolvimento da linguagem e os pais devem acompanhar de perto as conquistas do bebê, lembrando que cada criança se desenvolve de uma maneira. Entretanto, alguns sinais podem indicar um atraso na aquisição da linguagem. De acordo com Carolina Pacheco, são eles:

– A partir dos três meses, não balbucia ou não emite nenhum som

– Aos oito meses não fala nenhuma vogal ou consoante

– Aos 12 meses não aponta para os objetos ou pessoas

– Com 16 meses não fala nenhuma palavra

– Não combina duas palavras aos dois anos

– Não constrói frases aos três anos

– Linguagem que não pode ser entendida pelos pais aos dois anos

– Problemas na articulação de palavras aos quatro anos

– Regressão da linguagem em qualquer idade

– Presença de troca de sons na fala

Fonoaudiólogo ajuda crianças com dificuldades

Ao identificar algum dos sinais acima, o ideal é que os pais consultem um neuropediatra, que irá avaliar o caso juntamente com um fonoaudiólogo. Há várias causas para o atraso na linguagem, como autismo e outros transtornos globais do desenvolvimento. Além disso, problemas auditivos, estimulação deficiente e bilinguismo podem interferir no processo.

Não é só a fala. A comunicação envolve as questões emocionais como um todo. Por isso, o trabalho do fonoaudiólogo vai muito além de apenas tratar a fala e ajudar no tratamento e estudo dos distúrbios existentes na comunicação humana e na linguagem.

É com esta visão que o fonoaudiólogo deve trabalhar no tratamento de crianças com dificuldades em habilidades sociais. A profissão, lembrada neste dia 9 de dezembro, envolve a fala, a linguagem, a audição, a motricidade oral e a voz, inclusive a de diversos profissionais da comunicação.

Segundo a fonoaudióloga Danielle Damasceno, “a análise feita pelo profissional da fonoaudiologia não é segmentada e deve ser vista de forma global, não somente o problema específico que o paciente traz ao consultório, como uma primeira queixa”.

Ela destaca que o trabalho realizado com crianças com dificuldades em habilidades sociais é formado por uma equipe multidisciplinar, pois essa criança nunca chega com uma demanda só. “O atraso do desenvolvimento sempre estará associado a outros problemas de linguagem, e o papel da fono é entender porque este atraso aconteceu e tratá-lo de forma global”.

A especialista avalia o perfil sensorial destas crianças, além da avaliação fonoaudiológica de linguagem e fala. Em seguida, é elaborado um plano terapêutico, em que a meta a ser alcançada sempre é a independência de cada uma, acima de tudo, para que seja incluída na comunidade escolar, no bairro, mais tarde, também na vida profissional e social.

“É importante aprender a se relacionar de forma lúdica e prazerosa, para que possa superar as dificuldades da deficiência e do transtorno. Em qualquer diagnóstico é importante que a criança possua meios que facilite a sua interação social e adquira autonomia para se comunicar com o mundo”, afirma Danielle.

O tratamento de cada criança deve ser individualizado, pois cada família é única e precisa de um atendimento diferenciado. O acolhimento que os especialistas dão aos pais, que são fundamentais durante o acompanhamento, vai do primeiro contato até a conclusão do trabalho realizado. “É preciso ter muita sensibilidade para ouvi-los e até perceber em uma fala ‘atravessada’ um desabafo, destaca a especialista.

Segundo ela, afastar as crianças especiais das demais é o mesmo que dificultar a inclusão destas na sociedade. “O convívio social é uma das armas secretas para buscar uma qualidade de vida melhor para cada uma delas. Fechar os olhos para isso é afastá-los, cada vez mais, de uma melhora gradual”.

Fonte: Neurokinder e Cercon, com redação 

 

 

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