De acordo com a Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia (ISTH), são cerca de 10 milhões de casos de trombose venosa no mundo a cada ano.  Destes, cerca de 100 mil casos resultam em morte.  Segundo a instituição, uma em cada quatro mortes no mundo é decorrente de complicações causadas pela doença, incluindo AVC, infarto e embolia pulmonar.

No Brasil, somente no primeiro semestre de 2025, mais de 36 mil novos casos foram registrados, com uma média de 200 internações por dia, segundo o Ministério da Saúde. A estimativa é de mais de 180 mil novos casos por ano, de acordo com dados da SBACV – Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.

O alerta ganha ainda mais relevância e reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. A recorrência da doença é mais comum do que se imagina e preocupa tanto médicos quanto pacientes.

Segundo o cirurgião vascular Rafael de Athayde, membro da Comissão de Tromboembolismo Venoso da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP),  algumas pessoas têm mais chance de desenvolver uma nova trombose porque permanecem expostas a fatores que mantêm o sangue mais propenso a coagular.

Pacientes com câncer ativo, doenças hematológicas como a síndrome antifosfolípide, certas trombofilias hereditárias, obesidade, imobilização frequente ou uso contínuo de hormônios apresentam maior predisposição. Além disso, quando a primeira trombose acontece sem uma causa aparente, a chance de recorrência é mais alta”, explica.

A diferença entre um episódio único e uma trombose recorrente está justamente na repetição. O evento único ocorre quando geralmente está associado a um fator temporário, como uma cirurgia ou imobilização. Já a trombose recorrente aparece meses ou anos depois, no mesmo local ou em outro ponto do sistema venoso. “Pacientes que já tiveram uma trombose venosa profunda apresentam chance de até 50% de desenvolver uma nova ao longo da vida”, ressalta o Dr. Rafael.

Os sintomas, tanto na primeira manifestação quanto em uma recorrência, costumam ser semelhantes: dor, inchaço, vermelhidão e calor em uma das pernas. Em alguns casos, podem surgir complicações graves, como a embolia pulmonar, quando o coágulo se desloca até os pulmões, provocando falta de ar súbita e dor no peito.

Além das condições de saúde que favorecem o problema, aspectos de estilo de vida também influenciam. O tabagismo, o sedentarismo e o excesso de peso aumentam a ameaça, enquanto a prática de atividade física e o controle do peso ajudam a reduzir as chances de uma nova trombose. “Embora não seja o único determinante, adotar rotinas saudáveis é uma medida importante de prevenção”, orienta o médico.

Para avaliar quem tem maior vulnerabilidade de sofrer uma recorrência, alguns exames podem ser úteis. O D-dímero, marcador biológico que indica alterações no processo de coagulação, por exemplo, pode ajudar a prever a chance de novos episódios após a suspensão do tratamento. Testes genéticos e de trombofilias também são indicados em situações específicas, como pacientes jovens, casos familiares ou tromboses em locais incomuns.

A conduta preventiva é sempre individualizada. Ele leva em conta a causa da primeira trombose, a presença de elementos persistentes e o perigo de sangramento. Em alguns casos, é necessário manter anticoagulantes por longos períodos.

Pacientes com câncer ativo, síndrome antifosfolípide ou múltiplos episódios de trombose muitas vezes precisam de anticoagulação prolongada. A decisão é sempre um equilíbrio entre reduzir a ameaça de uma nova trombose e evitar complicações do uso contínuo da medicação”, explica Dr. Rafael.

Mas há também medidas simples que fazem diferença no dia a dia. Manter-se ativo, evitar longos períodos sentado, levantar-se em viagens prolongadas, hidratar-se bem e usar meias de compressão quando indicado são estratégias eficazes. O abandono do cigarro e o acompanhamento médico regular também são fundamentais.

Quem já teve trombose deve redobrar a atenção. Seguir corretamente a terapia, adotar hábitos de vida saudáveis e estar atento a sinais de alerta são passos essenciais para evitar novos episódios. Esse cuidado torna-se ainda mais essencial neste período, marcado por ações de conscientização sobre a prevenção e o diagnóstico precoce da trombose”, reforça Dr. Rafael.

Medidas simples podem prevenir a trombose

A trombose é uma doença caracterizada pela formação de trombos (coágulos) nas veias ou artérias de qualquer parte do corpo, dificultando ou, nos casos mais graves, impedindo o fluxo sanguíneo. Quando acontece em braços e pernas, os primeiros sintomas podem ser vermelhidão, inchaço, calor, dor na área afetada. A recomendação é procurar atendimento médico o mais rápido possível.

A trombose resulta em mais de 200 internações por dia no Brasil, grande parte das quais pode ser evitada, desde que as pessoas tenham informações. Com medidas simples no nosso dia a dia, é possível baixarmos muito o risco de trombose, que é a terceira causa de óbito entre as enfermidades cardiovasculares. Para que isto aconteça, todos precisamos nos unir para informar corretamente a população”, afirma a hematologista Joyce M. Annichino, professora, coordenadora do CDT e presidente da SBTH.

Segundo ela, a prevenção ocorre com a prática de medidas simples, como movimentação do corpo, hidratação, controle de peso, uso de meias compressoras, não fumar, prevenção em hospitalização e viagens longas, indicação do anticoncepcional adequado e, quando necessário, o uso de anticoagulantes recomendados pelo médico.

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Agenda Positiva

Avenida Paulista terá base de cuidados em trombose

Desde 2014, o dia 13 de outubro é lembrado como o Dia Mundial da Trombose, data criada pela Sociedade Internacional de Trombose e Hemostase (SITH) por conta do aniversário de Rudolf Virchow, pioneiro na fisiopatologia da doença. O objetivo é chamar atenção para a educação e a prevenção, por meio de ações, eventos, campanhas de mídia e fóruns educacionais.

Muitos monumentos no mundo inteiro, como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, e o Congresso Federal, em Brasília, recebem iluminação especial nas cores azul e vermelho (simbolizando o sangue arterial e o venoso). No domingo, 12 de outubro, véspera do Dia Mundial da Trombosedas 10h às 15h, o público circulante na Avenida Paulista, em São Paulo, terá acesso gratuito a uma base de cuidados em trombose, doença que atinge grande parte da população brasileira.

A iniciativa da Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia – SBTH, em parceria com o Centro de Doenças Tromboembólicas do Hemocentro da Unicamp – CDT ocupará uma área na entrada do prédio da Fiesp, em frente a um dos acessos da estação de metrô Trianon-MASP, onde serão montados espaços de informação, conversas com especialistas e alguns exames médicos. Tudo gratuito e aberto a qualquer pessoa interessada.

No espaço, em um percurso formado por quatro estações, médicos especialistas e auxiliares vão informar e alertar o público sobre questões como o que é trombose venosa e arterial, suas principais causas e fatores de risco. Depois de passar por uma triagem, alguns visitantes poderão fazer no próprio local exames como eletrocardiograma, glicemia, medidas de bioimpedância, aferição de pressão arterial, avaliação de circunferência abdominal e de insuficiência venosa nas pernas.

Também no domingo, por volta das 9h da manhã, uma equipe de médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde sairá em caminhada desde o Hospital Sírio-Libanês até a Fiesp, para, no trajeto, chamar a atenção para a gravidade dos casos de trombose no Brasil e de como é possível evitar grande parte deles. O grande púbico também é convidado a participar da caminhada e, para receber uma camiseta específica do evento, pede-se fazer inscrição pelo site https://sbth.org.br/caminhada-da-saude/.

Nos dias 14 e 15 de novembro de 2025, no Hotel Intercontinental, em São Paulo, será realizado o 4º Simpósio Internacional da Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia, que vai reunir pesquisadores, médicos, cientistas e outros profissionais de saúde do Brasil e de outros países para promover a troca de conhecimentos e definir novas metas e estratégias de combate à trombose e suas consequências. Esta é mais uma importante ação no sentido de promover conhecimento na área da trombose.

Com Assessorias

 

 

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