Glândula em formato de borboleta com as asas abertas, localizada na parte frontal inferior do pescoço, ao lado da traqueia e quase colada à artéria carótida, logo abaixo do pomo de Adão, a tireoide pesa apenas 20 gramas, em média, mas é considerada vital para o funcionamento do organismo e tem sua importância lembrada especialmente nesta semana, por conta do Dia Internacional da Tireoide (25/05).
A tireoide é uma glândula de cerca de 20 gramas em forma de borboleta com as asas abertas, localizada na parte inferior do pescoço,. “A tireoide tem um poder desproporcional a seu tamanho — ela é importantíssima para o funcionamento harmônico do organismo. Por isso a vigilância ativa e exames periódicos são primordiais para prevenção de doenças da tireoide”, afirma Tassiane Alvarenga, endocrinologista e metabologista pela Sbem..
Para marcar a data, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), por meio de seu Departamento de Tireoide, realiza, todos os anos, uma campanha de conscientização sobre o tema. “Em 2023, o foco é esclarecer mitos que envolvem a glândula”, afirma o endocrinologista Danilo Villagelin, presidente do Departamento de Tireoide da Sbem.
É preciso fazer ultrassom todo ano para ver a tireoide?
Um dos principais mitos em torno da tireoide é que todo nódulo é câncer. Tassiane Alvarenga, endocrinologista e metabologista pela Sbem, esclarece que o principal sinal do câncer de tireoide é um caroço (nódulo) na tireoide, porém em boa parte dos casos, esse tumor não apresenta qualquer sintoma. É comum o médico descobrir o nódulo durante um exame físico de rotina.
“O diagnóstico do câncer de tireoide é feito com uma biópsia do nódulo de tireoide ou após sua remoção por cirurgia. Mas a boa notícia é que a maioria dos nódulos é benigna. Estima-se que 60% da população brasileira tenham nódulos na tireoide em algum momento da vida, sendo que a maioria dos nódulos é benigna”, ressalta.
Mas todo nódulo na tireoide precisa ser operado? “Como a maior parte dessas alterações é benigna, logo, não precisam ser removidas. Porém, caso o médico suspeite de um câncer, a cirurgia pode ser indicada”, pondera a especialista.
Ela também desmistifica a ideia de que é importante fazer ultrassom uma vez por ano para ter o diagnóstico de câncer de tireoide. “O exame é bastante sensível e, por isso, acaba rastreando até mesmo os nódulos que não são malignos e, com isso, pode levar a preocupações desnecessárias. O melhor teste para diagnosticar disfunções tireoidianas é a dosagem de TSH, feita a partir do sangue e que deve ser colhido pela manhã”.
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Os especialistas da Sbem esclarecem os principais mito mitos sobre a tireoide e explicar sobre cada um deles. Confira:
1 – É NECESSÁRIA SUPLEMENTAÇÃO DE IODO PARA EVITAR PROBLEMAS NA TIREOIDE.
FALSO! Apesar de o iodo ser fundamental para a fabricação dos hormônios tireoidianos, a suplementação não é indicada para população brasileira, uma vez que o país apresenta uma legislação que obriga a adição de 15 mg a 45 mg de iodo por quilo de sal para consumo humano e, por isso, tem seu consumo considerado suficiente.
“Tanto a falta como o excesso de iodo podem causar doenças na tireoide. Por essa razão, não devemos suplementar iodo de rotina na população brasileira, principalmente, com compostos com alta concentração”, esclarece o endocrinologista Danilo Villagelin, presidente do Departamento de Tireoide da SBEM.
O médico esclarece ainda, que o excesso de iodo tem sido associado a hipotireoidismo, hipertireoidismo, doença autoimune de tireoide, aumento do tamanho da tireoide, doenças cardiovasculares. Além disso, esclarece que o monitoramento sistemático da nutrição de iodo no Brasil é fundamental para determinar populações vulneráveis a deficiência de iodo como, por exemplo, as gestantes.
2 – EXISTE UMA DIETA ESPECÍFICA PARA A TIREOIDE
FALSO! Uma dieta com sal de cozinha marinho (sal iodado) sem exageros, peixes, ovos, folhas verdes escura e castanhas (em especial a do Pará), costuma ter a quantidade ideal de nutrientes que necessitamos diariamente para a saúde da tireoide. Porém, no geral, não há dieta específica recomendada para a tireoide.
“Infelizmente, de forma inadvertida, vemos muitas pessoas com diagnóstico de disfunção tireoidiana procurarem evitar a terapia convencional de reposição hormonal com a levotiroxina e, em vez disso, recorrerem a abordagens alternativas e dietas para o tratamento. Contudo, muitas dessas condutas populares e divulgadas na mídia não têm benefícios comprovados ou não foram bem estudadas”, afirma Danilo Villagelin.
O endocrinologista explica que, em termos de alimentação, as seguintes recomendações são seguras e apoiadas por dados sólidos: 150 µg de iodo, diariamente, para pessoas com restrições alimentares, e 250 µg para grávidas ou em amamentação.
3 – OS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS AJUDAM A EMAGRECER.
FALSO! O uso de hormônios tireoidianos não é recomendado para auxiliar no processo de emagrecimento em indivíduos com função tireoidiana normal. “Embora alguns estudos sugerissem possíveis mecanismos pelos quais os hormônios tireoidianos poderiam apresentar certo efeito sobre a perda de peso, vários trabalhos científicos têm relatado baixa eficácia, além de associação com perda de massa magra e ocorrência de efeitos deletérios sobre o metabolismo ósseo”, destaca Danilo Villagelin.
Além disso, segundo o especialista, o excesso de hormônios tireoidianos pode favorecer a ocorrência de arritmias, insuficiência cardíaca e eventos isquêmicos. Dessa forma, esses hormônios não devem ser utilizados com o objetivo de perda de peso.
4 – HORMÔNIOS TIREOIDIANOS PODEM SER MANIPULADOS
FALSO! Não é seguro usar formulações manipuladas dos hormônios tireoidianos. “Para o tratamento do hipotireoidismo é realizada a reposição do hormônio tireoidiano T4 na forma sintética, a levotiroxina sódica, sendo que pequenas variações na dose de levotiroxina administrada ou na quantidade absorvida podem ter consequências clínicas”, esclarece o presidente do Departamento de Tireoide da SBEM.
O controle na produção do medicamento, de acordo com o médico, deve ser rigoroso e fiscalizado por órgãos competentes. “Como não é possível garantir a bioequivalência entre as diferentes formulações comerciais, é recomendável que os pacientes evitem mudanças na formulação durante o tratamento, para evitar variabilidade de uma formulação para outra”, acrescenta Villagelin.
5 – NÓDULOS NA TIREOIDE SÃO EXCLUSIVAMENTE HEREDITÁRIOS
FALSO! De acordo com o endocrinologista, na prática clínica, é difícil estabelecer a causa para os nódulos tireoidianos em um indivíduo em particular. “Os nódulos tireoidianos podem resultar de fatores genéticos e ambientais, tais como a suficiência de iodo, o tabagismo, e a presença de determinados fatores metabólicos e desreguladores endócrinos”, enumera. Villagelin desta ainda que são mais frequentes em mulheres e com o avançar da idade.
6 – CÂNCER DE TIREOIDE PODE SER EVITADO
FALSO! “Na maioria dos casos, a causa do câncer de tireoide não pode ser estabelecida. Eles podem ou não apresentar caráter hereditário, estar associados à exposição a elevadas doses de radiação, especialmente na infância, histórico familiar de câncer de tireoide, idade superior a 40 anos de idade”, elenca Villagelin. Vale lembrar que existem vários tipos de câncer da tireoide e, no Brasil, trata-se do quinto câncer mais comum entre as mulheres.
7 – A EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO EM EXAMES COMO MAMOGRAFIA PODE CAUSAR CÂNCER DE TIREOIDE
FALSO! “A exposição rotineira aos raios X, como radiografias dentárias, radiografias de tórax e mamografias, não está associada a um alto risco de câncer de tireoide. Mas, deve-se minimizar a exposição à radiação fazendo apenas exames que são clinicamente necessários”, afirma Danilo Villagelin.
Já a exposição a altas doses de radiação, especialmente durante a infância, segundo o médico, aumenta o risco de desenvolvimento deste tipo de câncer. O mesmo acontece com a exposição à radioatividade liberada durante desastres nucleares, como o acidente de 1986 na usina de Chernobyl, na Rússia, ou o desastre nuclear de 2011 em Fukushima, Japão, também foi associada a um risco aumentado de desenvolver câncer de tireoide, particularmente em crianças expostas.
8 – A REPOSIÇÃO DO HORMÔNIO TIREOIDIANO DEVE SER FEITA COM A ALIMENTAÇÃO
FALSO! Em geral, a medicação de reposição do hormônio tireoidiano deve ser realizada com o estômago vazio. “A fibra alimentar em grande quantidade pode prejudicar sua absorção, assim como certos alimentos, suplementos e medicamentos. Para evitar possíveis interações, coma esses alimentos ou use esses produtos várias horas antes ou depois de tomar seu medicamento para tireoide”, aconselha Danilo Villagelin, presidente do Departamento de Tireoide da SBEM.
Médica esclarece mitos e verdades sobre o hipotireoidismo
A seguir a médica assiane Alvarenga, endocrinologista e metabologista pela Sbem, esclarece 8 mitos e verdades sobre o hipotireoidismo:
1-Hipotireoidismo engorda
Mito: Embora o ganho de peso seja uma das manifestações clínicas do hipotireoidismo, existem muitas pessoas portadores da disfunção da tireoide que não apresentam esta queixa. Quando ocorre, o ganho de peso é pequeno, de cerca de 2Kg, e o tratamento reverte totalmente este efeito do hipotireoidismo.
2- Hipotireoidismo causa depressão
Verdade: Metade dos pacientes com hipotireoidismo apresentam sintomas depressivos e até mesmo depressão, e um terço dos pacientes com depressão têm hipotireoidismo. Os hormônios tireoidianos agem nos sistemas noradrenérgico e serotoninérgico que são importantes para o humor, assim como em várias áreas do cérebro, sendo importante para memória, raciocínio, libido, sono-vigília, entre outros. Portanto pessoas com hipotireoidismo devem ser avaliados quanto à alteração de humor e quem sofre com depressão deve ter a função tireoidiana avaliada.
3-Hipotireoidismo faz perder cabelos
Verdade: Tanto o hipotireoidismo quanto o hipertireoidismo podem ser causas de queda de cabelo. Estas alterações da tireoide podem ser diagnosticadas através de exames laboratoriais. O tratamento correto das doenças da tireoide pode corrigir a perda capilar.
4-Hipotireoidismo atrasa o metabolismo
Verdade: Pessoas com hipotireoidismo sofrem a redução da sua atividade metabólica. Sendo assim, o organismo gasta menos energia, além de reter mais sal e água, provocando o inchaço.
5- Hipotireoidismo só surge em mulheres
Mito: O hipotireoidismo atinge pessoas de ambos os sexos e de todas as idades. Porém, certos grupos são mais vulneráveis:
— Mulheres, especialmente acima dos 40 anos.
— Pacientes previamente submetidos a rádio ou iodoterapia.
— Pessoas que já tiveram problemas de tireoide.
— Usuários de lítio ou amiodarona.
— Homens acima dos 65 anos.
— Pessoas com histórico familiar de doença autoimune.
6-Hipotireoidismo pode interferir na função sexual
Verdade: A doença não tratada pode causar diminuição da libido, impotência e diminuir a fertilidade.
7-É possível controlar o hipotireoidismo com alimentação
Mito: Pacientes com hipotireoidismo podem se beneficiar de uma dieta mais específica para a redução de sintomas comuns à doença como inchaço, fadiga, enfraquecimento de unhas e cabelos, ao mesmo tempo em que ajuda na redução ou manutenção do peso. Porém, nenhum alimento, suplemento alimentar nem qualquer
fórmula é capaz de substituir o tratamento clínico da doença.
8 -Tomar hormônio tireoidiano é bom para emagrecer
Mito: Não. É absolutamente contraindicado e perigoso para a saúde o uso do hormônio tireoidiano sem o diagnóstico de hipotireoidismo. O excesso de hormônios acelera a reabsorção do cálcio do osso, o que leva ao enfraquecimento do esqueleto, além de arritmias cardíacas que eventualmente podem ser até fatais.
Com Assessorias