No Brasil, 443 pessoas morrem por dia em decorrência do tabagismo. São 161.853 mortes por ano que poderiam ter sido evitadas. Oito entre dez pacientes de câncer de pulmão são fumantes ou já fizeram uso de cigarro. O tabagismo responde por 80% das mortes pela doença em homens e mulheres no país, de acordo com um trabalho apresentado em maio no 48º encontro do Group for Cancer Epidemiology and Registration in Latin Language Countries Annual Meeting (GRELL 2024, na sigla em inglês), na Suíça.

Segundo câncer mais comum em homens no mundo e terceiro entre as mulheres, o câncer de pulmão é o mais associado ao tabagismo, mas ele está longe de ser o único. Leucemia mieloide aguda, assim como os cânceres de bexiga, pâncreas, fígado, colo do útero, esôfago, rim e ureter, bexiga, cavidade oral (boca), orofaringe (garganta), colorretal, dentre outros, também estão associados ao ato de fumar.

Além do câncer, o tabagismo contribui para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrointestinal, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose, catarata, entre outras. As informações são do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Só no Estado do Rio de Janeiro, o número estimado de casos novos de câncer de traqueia, brônquios e pulmão, para cada ano do triênio 2023-2025, é de três mil novos pacientes, sendo 1.550 entre os homens e 1.450 entre as mulheres.

SBCO alerta para prevenção primária

Celebrado no dia 31 de maio, o Dia Mundial sem Tabaco é uma iniciativa para apoiar instituições de todo o mundo no combate ao tabagismo, causador da morte de 1,8 milhão de pessoas por ano, de acordo com dados da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer (IARC/OMC).

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) aproveita a data alerta para a importância do combate ao tabagismo na prevenção primária, principal causa de morte por câncer de pulmão e associado com mortalidade por outros tipos de câncer.

De acordo com Rodrigo Nascimento Pinheiro, cirurgião oncológico do Hospital de Base de Brasília e presidente da SBCO, a grande maioria dos tipos de câncer está associada ao consumo do tabaco.  Os tumores do aparelho digestivo também despontam entre os relacionados com o fumo.

“O controle do tabagismo é fundamental na prevenção primária, considerando que os três principais fatores de risco para câncer na humanidade são tabagismo, sedentarismo e obesidade. Dentre esses, o tabagismo é tido como o carcinógeno perfeito, participando de várias etapas na formação das células e no desenvolvimento do câncer. E o combate ao uso do tabaco abrange desde a prevenção até a cessação do tabagismo em pacientes com câncer, recomendada como parte eficaz do tratamento”, ressalta o especialista.

O médico acrescenta que o cigarro não causa apenas câncer, mas também doenças respiratórias graves, além das cardiovasculares, abarcando um amplo espetro de condições que impactam a saúde de maneira significativa. Vale ressaltar que o uso do tabaco continua sendo líder global entre as causas de mortes evitáveis e um importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas como o câncer de pulmão, doenças cardiovasculares e diabetes.

Problema de saúde pública

O tabagismo é conhecido como tabagismo, um problema de saúde pública, caracterizado como uma doença crônica causada pela dependência à nicotina presente em cigarros, charutos, narguilé, cachimbo e nos cigarros eletrônicos.

O tabagismo pode contribuir para o desenvolvimento mais de 50 enfermidades de acordo com a OMS, incluindo os cânceres das cavidades oral e nasal, de laringe, pulmão, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, intestino, rim, mama, ovário, bexiga e colo de útero, além de doenças como tuberculose, doença renal crônica, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

Cerca de R$ 125 bilhões são gastos com danos causadas pelo tabagismo no SUS (Sistema Único de Saúde) e na economia como um todo no país. Pouco mais de 161 mil mortes anuais seriam evitadas, de acordo com o Inca.

Alta de 9% no consumo de produtos de tabaco

O Dia Mundial sem Tabaco foi criado em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre os sérios riscos relacionados ao tabagismo. Quase quatro décadas depois dessa iniciativa, o cenário ainda é alarmante.

Dados do IPC Maps, especializado em potencial de consumo, apontam que até o final deste ano, os brasileiros gastarão cerca de R$ 29 bilhões com produtos derivados ou relacionados ao tabaco.

Segundo Marcos Pazzini, responsável pelo IPC Maps, esse valor representa uma alta de 9% em relação às despesas do ano passado, quando o setor movimentou R$ 26,5 bilhões. “Infelizmente, isso é um sintoma de que o vício e o prazer superam qualquer adversidade”, considera Pazzini.

Neste cálculo, são levadas em conta as despesas com cigarros, charutos, fumo para cachimbo, fumo para cigarros e outros artigos para fumantes, como fósforos, isqueiros etc.

Com Assessorias

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