Os mais de 210 milhões de celulares ativos no país começam a receber, a partir desta quarta (22), mensagem de texto (SMS) do governo federal com orientações para evitar a contaminação pelo novo coronavírus. A iniciativa é do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), por meio do sistema de alertas da Defesa Civil, em parceria com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
A mensagem reforça cuidados que os cidadãos devem ter para conter o avanço da contaminação pelo vírus, como evitar aglomerações e lavar bem as mãos. Populações de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará, os estados com o maior número absoluto de casos confirmados, serão as primeiras a receberem os avisos pelo celular.
O Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), do Ministério do Desenvolvimento Regional, coordena o envio de alertas por SMS. Atualmente, além da Defesa Civil Nacional, o sistema é utilizado por 100 Defesas Civis estaduais e municipais.
Só entre março e abril, mais de 150 milhões de mensagens com orientações sobre o novo coronavírus foram disparadas para números já cadastrados no serviço de alertas de desastres naturais. Em todo o país, 9 milhões de celulares estão habilitados para receber informações de defesas civis locais.
Para ter acesso aos avisos gratuitos por SMS, os usuários interessados devem enviar uma mensagem do telefone celular para o número 40199. Na área de texto, é só indicar o CEP de interesse – é permitido cadastrar mais de um CEP. Com o cadastro feito, o celular está apto a receber alertas e recomendações da Defesa Civil sobre desastres naturais diversos.
Mais de 500 mil testes de biologia molecular
O primeiro lote com 500 mil testes para diagnóstico da Covid-19, comprados pelo Ministério da Saúde via Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), chegou nesta quarta-feira (22) ao Brasil. A distribuição aos estados começa ainda nesta semana. O quantitativo faz parte dos 10 milhões de testes RT-PCR (biologia molecular) adquiridos pelo Ministério da Saúde via Fundo Estratégico da OPAS. O restante dos testes chegará de forma escalonada, sendo cerca de 500 mil por semana. Esses testes foram produzidos pelo laboratório Seegene, da República da Coreia.
A aquisição faz parte do esforço do Ministério da Saúde em ampliar a testagem para o coronavírus na rede pública de saúde, buscando novas compras no mercado nacional e internacional. A pasta já distribuiu mais de 2,5 milhões de testes para diagnóstico da COVID-19 em todo o país. Deste total, 524.536 mil são testes RT-PCR (biologia molecular) e 2 milhões são testes rápidos (sorologia). Nesta semana, o Ministério da Saúde ampliou de 23,9 milhões para 46,2 milhões a previsão de aquisição de testes, seja por compras diretas ou por meio de doações.
Segundo o ministro da Saúde, Nelson Teich, é importante planejar a forma ideal de distribuição dos testes. “É preciso que sejamos rápidos o bastante para fazer o diagnóstico e tomar uma atitude”, disse. De acordo com Teich, será feita uma combinação entre testes disponíveis, capacidade de testar as pessoas, capacidade de interpretar os resultados e tomar as atitudes necessárias a partir do resultado. “O importante não é testar, mas sim como conduzir as ações a partir do teste”, explicou o ministro.
Até a próxima semana está prevista a distribuição de mais cerca de 3 milhões de testes que já chegaram ao Brasil e estão seguindo os trâmites legais para a distribuição. São 984 mil testes RT-PCR, oriundos de compras da Fiocruz (184,2 mil) e OPAS (500 mil), além da doação de 300 mil testes da Petrobrás. Já em relação aos testes rápidos, são mais 2 milhões de unidades doadas pela mineradora Vale que chegaram ao Brasil nos últimos dias.
Até 20 de abril, foram realizados 189.080 exames do painel viral (vírus respiratórios diversos) para investigação de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), em que se busca identificar a COVID-19, as influenzas, vírus sincicial e outros vírus respiratórios. Destes, 132.467 foram específicos para Covid-19. Os testes para coronavírus começaram a ser realizados a partir de 16 de fevereiro em laboratórios públicos e privados.
Teleconsulta psicológica para profissionais de saúde
Pensando na saúde mental dos milhares de profissionais de saúde que estão à frente do combate à Covid-19, o Ministério da Saúde disponibilizará, entre maio e setembro, um canal para teleconsulta psicológica para esses trabalhadores. A iniciativa é um reconhecimento da necessidade de apoio a esses profissionais que, pelo trabalho intenso, com riscos de contaminação elevados e enfrentando condições adversas, podem ter sintomas como ansiedade, depressão, irritabilidade, transtorno de estresse agudo e burnout, dentre outros. Ao todo, serão investidos R$ 2,3 milhões.
O canal telefônico, que será divulgado em maio, será destinado aos médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, biomédicos e farmacêuticos envolvidos nos atendimentos de coronavírus, que se sentirem na condição de sofrimento psíquico. O projeto piloto a nível nacional prevê o atendimento de 10 mil horas, podendo ser expandido de acordo com a procura. É a primeira vez que a psicoterapia será usada no teleatendimento em um contexto de pandemia, por isso a proposta é também oferecer material como manuais e vídeos produzidos para que a experiência possa ser replicada em outros locais.
Segundo o secretário de Atenção Primária à Saúde (SAPS), Erno Harzheim, a pandemia evidencia todo o potencial da Telemedicina e Telessaúde para manejo clínico dos pacientes, suporte profissional e organização do Sistema Único de Saúde. “O Ministério da Saúde lança um dos maiores canais de teleconsulta para COVID-19 do mundo com o TeleSUS. Agora, será possível ofertar teleconsulta de psicologia aos que estão na linha de frente, garantindo a saúde da população brasileira durante a epidemia”, destacou.
O projeto será realizado em parceria com o Hospital das Clínicas de Porto Alegre e contará com uma central de teleconsulta formada por profissionais da Psicologia e Psiquiatria selecionados por edital e que serão capacitados. Esse projeto prevê o desenvolvimento de estratégias de teleintervenção embasadas em evidências científicas, na avaliação da eficácia das diversas formas de teleintervenção no tratamento de problemas de saúde mental relacionados à infecção por SARS-CoV-2 e para a prevenção de futuros problemas de saúde mental.
Como será feito o atendimento
O profissional de saúde, ao realizar o primeiro contato por telefone, irá escolher os melhores horários para o atendimento com o terapeuta. Será enviado um link via WhatsApp para responder uma escala de avaliação e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Com o resultado da avaliação, o terapeuta selecionará a melhor abordagem e tratamento para o profissional de saúde naquele momento.
A teleconsulta será feita por videochamada, utilizando estratégias de intervenção em situação de crise, por meio de técnicas da psicoterapia, tais como: psicoeducação, psicoterapia cognitivo-comportamental e psicoterapias interpessoais. Aqueles que forem identificados com potencial de risco ou sintomatologia muito intensa serão encaminhados para avaliação psiquiátrica. Havendo a necessidade de intervenção farmacológica, o profissional será referenciado para atendimento presencial.
Os profissionais que tiverem indicação para intervenção psicoeducativa contarão com materiais e vídeos produzidos pela equipe técnica responsável pelo projeto, coordenada pelo médico e doutor em psiquiatria Giovanni Abrahão Salum, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Esperamos que os profissionais obtenham alívio para o seu sofrimento utilizando o que já se sabe de intervenções que funcionam e que tem base científica. O projeto testará também que tipo de técnica pode ser mais adequada para essas situações de crise”, colocou o coordenador.
Ainda segundo Salum, especialistas de universidades brasileiras já estão desenvolvendo manuais para que o modelo de atendimento terapêutico desenhado no projeto possa ser aplicado por outros profissionais do país. A elaboração do projeto também contou com um dos maiores especialistas mundiais na área de psicoterapia, Dr. Pim Cuijpers, professor de psicologia clínica na Universidade de Vrij Amsterdam (Holanda), e chefe do Departamento de Psicologia Clínica, Neurológica e Desenvolvimental.
Da Agência Saúde