“Ser diagnosticada com esclerose não é uma sentença de morte. Existe uma luz no final do túnel, que é o tratamento”. O relato é de Mayra Mendes, analista de importação, que descobriu a esclerose múltipla há nove anos e se trata pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), no Rio de Janeiro.
Ela conta que a doença afetou o seu lado direito, com perda de força do braço e dificuldades motoras. Não ter autonomia para fazer as tarefas do dia a dia era o seu principal temor. A descoberta da doença, de forma precoce, fez toda a diferença em sua vida.
Antes, não conseguia levantar um copo. Agora, depois de nove anos de acompanhamento correto, tenho uma vida sem limitação. Faço pilates e academia e a cada seis semanas retorno para seguir com o tratamento que foi descoberto no início”, relatou a moradora de Jacarepaguá.
As dormências na palma da mão, na barriga e na sola do pé, além da sensação de choque ao abaixar a cabeça, fizeram Thaís Campos, moradora de Campo Grande, procurar diagnóstico no Hospital Universitário Pedro Ernesto.
Descobri que tinha esclerose múltipla no hospital, com a identificação de várias lesões no crânio e na coluna cervical. Era operadora de telemarketing, mas devido ao tratamento, fui demitida. Agora, dedico o meu tempo à minha saúde. Tive uma melhora de 90% de meus sintomas, só sinto um pouco de fadiga e volto à unidade uma vez por mês. Precisamos falar da doença para que não haja discriminação”, diz Thaís Campos.
Doença não tem cura, mas é possível ter uma vida normal
O neurologista e coordenador do Centro de Neuroimunologia do Hupe, Felipe Schmidt, enumera os principais sintomas da esclerose: visão embaçada, fraqueza ou incoordenação em braços e/ou pernas, alterações na sensibilidade, como dor, dificuldade no controle da urina, alterações cognitivas e fadiga. Esses sintomas têm que ser persistentes e durar por mais de 24h. A esclerose múltipla pode levar a incapacidade temporária ou permanente, especialmente se não for tratada adequadamente.
A doença não tem cura, mas se descoberta de forma precoce é possível que o paciente tenha uma vida quase que normal, com o tratamento correto. Ela afeta os membros superiores, inferiores, visão e mobilidade. Os bons hábitos, como ter uma alimentação saudável e práticas esportivas, também ajudam. No Hupe, oferecemos todo o cuidado ao paciente”, apontou.
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Como é realizado o atendimento no Hupe
A unidade realiza cerca de 400 atendimentos mensalmente, incluindo as assistências feitas no ambulatório especializado e no Centro de Infusão. A doença afeta a população jovem com idade entre 20 e 40 anos, especialmente as mulheres, com incidência de três vezes mais do que em homens. Estima-se atualmente em 40 mil os casos de esclerose por ano no Brasil.
Os pacientes com suspeita ou diagnosticados com a doença são atendidos no ambulatório às terças e quintas-feiras, das 13 às 17h, e passam por avaliação clínica e neurológica minuciosa para a elaboração do plano de cuidados e acompanhamento para os casos indicados.
O encaminhamento deve ser feito pela unidade básica, via Sisreg, e os pacientes precisam levar um laudo médico com a indicação da suspeita da doença e ressonância magnética, reforçando a possibilidade de diagnóstico.
Os casos confirmados, que são em torno de 30%, são submetidos a tratamento infusional (medicações administradas na veia) no Centro de Infusão, que funciona de segunda a sexta, das 8h às 17h.
Com informações da SES-RJ







