Após um fim de semana de calor escaldante, o Rio de Janeiro deve manter nos próximos dias temperaturas elevadas. Segunda (17) e terça-feira (18) podem ser os dias mais quentes desta semana. Segundo o Sistema Alerta Rio, este mês de fevereiro deve ser um dos mais secos já registrados. A média de chuva registrada até o momento é de 0,5mm. A umidade pode chegar a 20% e 25%, respectivamente, índices considerados perigosos pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Esta segunda-feira (17) já é considerada o dia mais quente deste verão no Rio de Janeiro. Às 12h35, a cidade atingiu o nível 4 de calor – o segundo mais crítico definido pela prefeitura, numa escala de 5 – que é acionado quando a temperatura fica entre 40°C a 44°C, com previsão de permanência ou aumento por, ao menos, três dias consecutivos.
A máxima prevista é de 42°C, com índice de calor mediano acima de 40°C. Se essa máxima for atingida, a capital vai bater o recorde histórico de calor para o mês de fevereiro, que é de 41,8º, registrado em fevereiro de 2023 na estação de Irajá.
Pouco antes das 13h, os moradores da cidade receberam um aviso por mensagem de celular da Defesa Civil com a seguinte mensagem: “Alerta de onda de calor. Beba e ofereça água. Em caso de náusea, vômito ou desmaio, procure uma unidade de saúde”.
Com o acionamento do nível 4, a prefeitura abriu 58 pontos de resfriamento, com áreas de sombra, pontos de hidratação e banheiros que podem ser utilizados livremente pela população em diversos bairros da cidade. Os endereços estão disponíveis no aplicativo e no site do COR-Rio.
Orientações para se proteger do calor extremo no Rio
O COR-Rio também orienta que os moradores aumentem a ingestão de água ou sucos de frutas naturais; consumam alimentos leves; utilizem roupas leves e frescas; evitem bebidas alcoólicas e com elevado teor de açúcar; evitem a exposição direta ao sol, em especial, de 10h às 16h e protejam as crianças com chapéu de abas.
Além disso, as aulas de educação física da rede municipal devem ser feitas apenas em locais fechados, e todos os trabalhadores que realizam atividades profissionais em áreas abertas devem realizar paradas para hidratação.
Em caso de mal-estar, tontura ou demais sintomas provocados pelo estresse térmico, a recomendação é procurar uma unidade municipal de saúde. De acordo com a prefeitura, só no mês de janeiro, cerca de 3 mil pessoas foram atendidas por problemas ligados ao calor ou à desidratação. A rede de saúde municipal para o aumento de atendimentos de casos decorrentes das altas temperaturas.
De acordo com o serviço de meteorologia da prefeitura, há um sistema de alta pressão no oceano influenciando o tempo e aumentando as temperaturas na cidade. Diante das previsões e dos riscos, a Prefeitura anunciou, neste domingo (16/02), no Centro de Operações e Resiliência (COR-Rio), as medidas de orientação da população caso a cidade atinja o calor 4.
A ciência hoje nos permite ter um grau maior de previsibilidade e entender os efeitos nocivos desse excesso de calor na saúde das pessoas. Além dos riscos que isso pode ocasionar, podendo levar até a morte. A gente quer que saia todo mundo de casa feliz, curtindo a nossa cidade. Não é à toa que o Rio é a cidade dos espaços públicos, das praias. Isso nos orgulha, faz parte da nossa cidade, e não vai mudar, mas há uma situação de mais calor. Então, temos uma previsão de muito calor, muito sol, e, por consequência, os riscos aumentam”, disse o prefeito Eduardo Paes.
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Protocolo de calor
Desde junho, o COR-Rio monitora os níveis de calor. A classificação tem cinco níveis de risco – de Calor 1 a Calor 5 -, que variam em função da temperatura e da umidade relativa do ar registradas na cidade. Dos 45 primeiros dias de 2025, o Rio esteve 27 deles fora do Calor 1, de acordo com dados do Centro de Inteligência Epidemiológica (CIE).
O nível de calor também considera modelos numéricos de previsão de temperatura estimados para três dias e atualizados a cada quatro horas. Nos três primeiros níveis, a prefeitura realiza ações de comunicação com a população. Confira aqui o protocolo completo com as ações a serem realizadas a cada nível.
Durante a apresentação, a Secretaria Municipal de Saúde detalhou as medidas a serem adotadas, conforme o Protocolo de Calor. Entre as ações, estão a preparação da rede de saúde para o aumento de casos, como assistência e prevenção, comunicação, vigilância em saúde e vigilância sanitária.
De acordo com o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, o mês de janeiro registrou um aumento de atendimentos de pacientes com problemas relacionados ao calor.
A Secretaria de Saúde já verifica um aumento de pessoas procurando as emergências com problemas relacionados ao calor, principalmente desidratação e descompensações de doenças crônicas. Só no mês de janeiro a gente estima que cerca de 3 mil pessoas foram atendidas por problemas ligados ao calor. E temos uma preocupação muito grande com idosos e crianças porque eles têm menos sensação de sede e é importante as mães estarem atentas à desidratação das crianças”, afirmou.
Conheça os principais sintomas causados pelo calor extremo
Os sintomas decorrentes do calor extremo são:
- aumento da taxa de respiração,
- piora na alergia e da asma,
- agravamento de doença pulmonar obstrutiva crônica,
- lesões hepáticas,
- câimbras,
- espasmos musculares,
- fraqueza,
- dores de cabeça,
- tonteira,
- irritabilidade,
- perda de coordenação,
- confusão mental,
- delírio,
- ansiedade,
- perda de consciência,
- convulsões,
- derrames,
- arritmia,
- aceleração dos batimentosn
- redução do fluxo sanguíneo para o coração,
- ataque cardíaco,
- doença e falência renal.
É fundamental que a população se mantenha atualizada sobre as condições meteorológicas e siga as orientações para evitar danos à saúde causados pelas altas temperaturas. A SMS recomenda aumentar a ingestão de água, usar roupas leves e evitar exposição direta ao sol nos horários de pico de calor. Em caso de sintomas mais graves, procurar uma unidade de saúde.
Ensaio de escola de samba na praia é cancelado
O protocolo também estabelece regras para a realização de eventos na cidade a partir do Calor 5. Segundo o chefe-executivo do COR-Rio, Marcus Belchior, produtores de eventos já estão se adaptando desde a criação do protocolo.
O produtor quando vai aprovar um evento, ele toma ciência do protocolo de calor e isso faz com que ele faça ações de adaptação climática como distribuição de água e filtro solar, aspersores… Tudo isso já está sendo feito e a gente percebe uma mudança de comportamento”, afirma.
O Carnaval de Rua deste ano exigiu novas regras para os produtores de blocos que precisam adotar medidas de adaptação para redução do calor. Por isso, fiscais da Riotur e da Secretaria Municipal de Ordem Pública estão atuando para que as medidas sejam cumpridas.
O já tradicional carro-pipa, que refresca os foliões, também tem sido muito requisitado nos últimos desfiles do Carnaval não oficial, que começou deste janeiro. O bloco Chora me Liga, que desfilou neste domingo (16), no Centro, distribuiu protetores solares aos foliões.
A Beija-Flor de Nilópolis cancelou o ensaio que faria em Copacabana, na Zona Sul do Rio, neste domingo (16), por causa de um alerta da Defesa Civil de calor extremo na cidade. A escola anunciou a decisão em uma postagem nas redes sociais.
Estamos a poucos dias do nosso grande desfile e proteger nossa comunidade é nossa maior responsabilidade. Diante do alerta da Defesa Civil e das recomendações dos órgãos de saúde, não poderíamos expor nossos integrantes e o público a uma situação de risco”, afirmou o presidente da Beija-Flor, Almir Reis.
Efeito da crise climática: o calor extremo no Brasil e no mundo
De acordo com a Climatempo, o sistema de alta pressão volta à sua posição mais próxima ao Rio de Janeiro, deixando o tempo mais estável e as temperaturas voltam a aumentar de forma significativa, chegando aos 39°C no domingo. A previsão é de que os termômetros possam chegar aos 40°C na segunda (16) e na terça (17). Além disso, a umidade relativa do ar diminui, e na segunda e na terça fica abaixo de 30% no período da tarde.
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o planeta vem batendo recordes de anos mais quentes de maneira sucessiva. O quinto ano mais quente da história foi 2022. Nos anos de 2023 e 2024, foram registradas temperaturas médias globais acima da linha de base pré-industrial (1,45° e 1,55°C a mais, respectivamente).
Segundo o Serviço de Mudança Climática Copernicus (C3S), janeiro de 2025 foi o janeiro mais quente já registrado, com temperatura média mundial de 13,23°C, superando em 0,79°C a média do período 1991-2020 e em 1,75°C os níveis pré-industriais.
Fonte: SMS-Rio