Primeira turma Cuidador Social com refugiados - Divulgação
Turma atual do programa Cuidador Social de Furnas inclui 20 refugiados (Foto: Divulgação/Furnas)

Você constrói casa, família, carreira… E, de repente, é obrigado a deixar tudo para trás. Este é o drama vivido por 68,5 milhões de pessoas em 2017 que foram deslocadas contra sua própria vontade. É mais do que a população da Austrália e quase tantas pessoas deslocadas à força quanto a população da Tailândia. Desse total, 25,4 millhões de pessoas tiveram que deixar seus países para escapar do conflito e da perseguição, como revela o relatório anual Tendências Globais (Global Trends), divulgado nesta quarta-feira (19), em São Paulo, pela Acnur, a Agência para Refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU).

Reconhecido internacionalmente pela política acolhedora e relação aos refugiados, o Brasil recebeu, oficialmente, até o final de 2017, um total de 10.145 pessoas de diversas nacionalidades. Desses, 5.134 continuam no Brasil na condição de refugiados, sendo que 52% moram em São Paulo, 17% no Rio de Janeiro e 8% no Paraná.  Em ranking da Gallup, Brasil ficou na frente de países como Rússia, Grécia, Israel e Polônia, mas atrás dos Estados Unidos, Reino Unido, Itália, França e a vizinha Argentina. Dados da consultoria foram divulgados pela Organização Internacional para as Migrações (OIM).

No Rio de Janeiro, além de muita hospitalidade, eles encontram oportunidades para refazer suas vidas, aprender novas profissões e conseguir oportunidades de trabalho. O curso de Cuidador Social, oferecido gratuitamente por Furnas há 20 anos, é um deles. Dos 50 alunos da nova turma aberta em maio, 20 vêm de outros países, em busca de liberdade e de reconstruir as próprias vidas. A maioria é da Venezuela, mas há cubano e uma aluna do Congo também.  Nesta quarta-feira (20), Dia Mundial do Refugiado, haverá um seminário gratuito e um dos alunos desse curso estará lá para contar sua trajetória de vida.

Iniciativa da área social da companhia há mais de 20 anos, o curso é aberto ao público e capacita homens e mulheres para auxiliar crianças, adultos e pessoas com deficiência, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos que precisam de cuidados especiais. Pela primeira vez, recebe refugiados, em parceria com a Cáritas Arquidiocesiana, instituição que acolhe e encaminha estes estrangeiros., participam da atividade. Furnas acena com a  possibilidade de estender esse trabalho para o próximo semestre, mas ainda não há essa confirmação.

Temos muito boas histórias com o projeto e a chegada dos refugiados é uma excelente oportunidade para inserí-los na cultura brasileira e ajudá-los em um momento tão delicado de suas vidas”, explica Cláudia Tenório, assistente social de Furnas. “O compromisso é o de sempre: promover a integração social e aumentar a empregabilidade, em especial, em um momento ainda desafiador da economia”, ressalta.

Venezuelas fogem de seu país

Erasys Mariela Salazar Alvarado_Foto de Daniela Monteiro
Com filhos pequenos, Erasys chegou ao Rio há seis meses, vinda da Venezuela. Agora quer tentar a profissão de cuidadora (Foto: Daniela Monteiro/Divulgação)

Dezenas de venezuelanos fogem diariamente de seu país para o Brasil, na esperança de escapar da crise venezuelanas Erasys Mariela Salazar Alvarado. Formada em Administração, ela já trabalhou em bancos no seu país. Para fugir da crise imposta no governo de Nicolás Maduro, passou quatro dias viajando de ônibus, da Venezuela até Roraima. Lá, pegou um voo até Brasília e, outro, até o Rio de Janeiro, onde chegou há seis meses.

Erasys trouxe também os filhos de 5 e 7 anos. Sua mãe chegou antes ao Rio e foi sua principal motivação para que ela aportasse na capital carioca. Aqui, vive na Comunidade da Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, zona sul. Sobre o curso de cuidador e a nova oportunidade que se abre, ela conta: “Agradeço a Furnas a oportunidade que está sendo dada através do curso. A cada dia, um novo aprendizado, mas o principal deles é que todo ser humano deve ser cuidado com amor.”

Já a também venezuelana Ana Maria Guerra Herrera, formada em Engenharia Mecânica, está no Rio de Janeiro há nove meses e já conversa muito bem em português. Ela atribui o feito ao fato de assistir aos noticiários com freqüência e repetir várias vezes as palavras aprendidas. Além de fazer o curso de cuidador, está cursando Fisioterapia na Universidade Veiga de Almeida.

na Maria Guerra Herrera_Foto de Daniela Monteiro
Ana Maria Guerra Herrera está vivendo no Rio há nove meses e já domina bem o português (Foto: Divulgação)

A engenheira trabalhou, em seu país, em quatro usinas hidrelétricas. Entre elas, a Usina de Guri (Central Hidroelétrica Simon Bolívar), quarta maior do mundo, com capacidade instalada de 10.235 MW. O meu foco é utilizar os ensinamentos do curso de cuidador com os idosos. Quero dar uma melhor qualidade de vida para eles. ”

2017 tem recorde de deslocamento forçado

Guerras, outras violências e perseguições levaram o deslocamento forçado em todo o mundo para um novo recorde em 2017 pelo quinto ano consecutivo, liderado pela crise na República Democrática do Congo, a guerra do Sudão do Sul e a ida de centenas de milhares de refugiados Rohingya de Mianmar para Bangladesh. Surpreendentemente, os países em desenvolvimento são os mais afetados. 

Os dados do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) apontam que os sírios representam 35% da população refugiada com registro ativo no Brasil. A Síria é considerada a zona de conflito armado mais perigosa atualmente. Os demais, que não mantêm a condição de refugiado, podem, por exemplo, ter retornado voluntariamente ao país de origem por ter recuperado a proteção perdida anteriormente, ou ainda podem ter se naturalizado como brasileiros. No entanto, o número de trabalhadores e voluntários em campos de refúgio não chega a 10% desse total.

No relatório anual Tendências Globais (Global Trends), divulgado nesta quarta-feira (19), em São Paulo, o ACNUR revela ainda que 16,2 milhões foram deslocados de forma forçada pela primeira vez ou repetidamente. Foram 2,9 milhões a mais do que em 2016, o maior aumento já registrado em um único anoEm todo o mundo, uma em cada 110 pessoas é deslocada.  São 44.500 mil pessoas buscando refúgio a cada dia, ou uma pessoa se deslocando a cada dois segundos. Em 2018, estima-se que mais 65 milhões de pessoas no mundo se encontram em situação de refúgio. 

O levantamento mostra ainda que os solicitantes de refúgio, que ainda esperavam o resultado de seus pedidos em 31 de dezembro de 2017 aumentaram em cerca de 300 mil e somam 3,1 milhões de pessoas. Quase dois terços das pessoas que são forçadas a deixar suas casas são deslocadas internas e continuam vivendo dentro de seus próprios países. Em 2017, eles representaram 40 milhões do total, um pouco menos que os 40,3 milhões em 2016.

Maioria é jovem e recebe refúgio em áreas rurais

Quatro em cada cinco refugiados permanecem em países vizinhos aos seus locais de origem. A maioria dos refugiados vive em áreas urbanas (58%), não em acampamentos ou áreas rurais; e a população deslocada global é jovem – 53% são crianças, incluindo muitas que estão desacompanhadas ou separadas de suas famílias.

O relatório contradiz a noção de que as pessoas deslocadas estão principalmente em países do norte. Os dados mostram o oposto – 85% dos refugiados estão nos países em desenvolvimento, muitos dos quais são extremamente pobres e recebem pouco apoio para cuidar dessas populações.  A Turquia continuou sendo o país que mais acolhe refugiados em números absolutos, com uma população de 3,5 milhões de refugiados, principalmente sírios. O Líbano, por sua vez, hospedou o maior número de refugiados em relação à sua população nacional.

Dos 25,4 milhões de refugiados, pouco mais de um quinto são palestinos. O deslocamento em grande escala através das fronteiras também é menos comum. Dois terços vêm de apenas cinco países: Síria, Afeganistão, Sudão do Sul, Mianmar e Somália.  No total, 63% de todos as pessoas refugiadas sob o mandato do ACNUR estavam em apenas 10 países.

O relatório traz um alento: cerca de cinco milhões de pessoas puderam retornar às suas casas em 2017, sendo a grande maioria deslocados internos. Porém, entre essas pessoas, muitas estavam voltando contextos frágeis e condições precárias. Devido a uma queda na quantidade de locais de reassentamento oferecidos, o número de refugiados reassentados caiu mais de 40%, para cerca de 100 mil pessoas.

Programação cultural para celebrar o Dia dos Refugiados

Desde 2001, o Dia Mundial do Refugiado é celebrado no dia 20 de junho, de acordo com resolução aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Para conscientizar os governos e a população mundial para o grave problema que atinge os refugiados, a ONU instituiu a data em 2000. As regiões no mundo com mais refugiados são o Oriente Médio, o Sudeste Asiático e a África Oriental. Segundo o Parlamento Europeu, os países que mais oferecem proteção aos refugiados são: Suécia, Alemanha, França, Itália e o Reino Unido.

Com eventos culturais e gastronômicos, mostras de cinema, debates, exposições fotográficas e até mesmo jogos da Copa do Mundo, o ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) e seus parceiros celebram o Dia Mundial do Refugiado (20 de junho) em todo o Brasil, promovendo a integração entre brasileiros e quem teve que deixar seu país por causa de guerras e conflitos.

No Rio de Janeiro, o destaque é o festival Rio Refugia, que acontece no sábado (23), reunindo manifestações culturais dos países de origem das pessoas refugiadas, incluindo uma feira gastronômica com tradições culinárias e quitutes desconhecidos pelos cariocas, apresentações musicais com ritmos latinos e africanos, moda étnica e atividades infantis – tudo para que os visitantes embarquem numa pequena volta ao mundo.

PELO PAÍS

Para o ACNUR, a data é uma oportunidade para celebrar a coragem, a resistência e a força de todos os homens, mulheres e crianças forçados a deixar suas casas por causa de guerras, conflitos e perseguições. Estas pessoas deixam tudo para trás – exceto a esperança e o sonho de um futuro mais seguro.

Tapete gigante para receber refugiados

No Brasil, a programação para celebrar a data começou domingo (17), em São Paulo, onde um tapete gigante com a inscrição “Refugiados, Bem-Vindos” recepcionou refugiados e brasileiros para atividades culturais e de lazer. Refugiados que vivem na cidade também assistiram ao jogo de estreia do Brasil na Copa do Mundo na casa de famílias brasileiras, torcendo juntos pelo país – o que se repetirá nesta sexta-feira (22) e em outros jogos da seleção brasileira no torneio.

Discussões sobre o sistema de refúgio do Brasil e a capacidade do país em lidar com a população refugiada ocorreram no dia 18,em Brasília. Na ocasião, a Escola Superior do Ministério Público da União e a Rede de Atenção a Refugiados e Migrantes lançaram o projeto “Atuação em rede: capacitação dos atores envolvidos no acolhimento, integração e interiorização de refugiados e migrantes no Brasil”. Com oficinas gratuitas, o projeto desenvolverá suas atividades nos próximos 18 meses nas cidades que atualmente participam do processo de interiorização de venezuelanos.

Nesta quarta (20) as Jornadas Caritas SP iniciam,às 20h, um ciclo de palestras sobre temas relacionados à integração local. No mesmo dia, em Boa Vista, a Federação das Indústrias do Estado de Roraima promove um seminário com empresas privadas para promover a inserção de cidadãos venezuelanos no mercado de trabalho. A iniciativa é uma parceria com o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o governo federal e a FIER.

Programação cultural inclui mostras de cinema e fotografia

Mostras de fotografia – Os amantes da fotografia também terão oportunidade de celebrar o Dia Mundial do Refugiado. Em Brasília, uma iniciativa do ACNUR com a Defensoria Pública da União e o Ministério da Justiça traz para a capital federal a exposição “No Fluxo – Reflexos da Migração e Refúgio de Mulheres no Brasil”, em cartaz na entrada da estação Central do metrô entre 18 e 29, e no Salão Negro do Palácio da Justiça, edifício-sede do MJ, de 25 a 29 de junho.

Em São Paulo, 52 fotos feitas pelo ACNUR em diferentes partes do mundo compõem a exposição inédita “Faces do Refúgio”, que será inaugurada no próprio dia 20, no piso térreo do Conjunto Nacional, um dos centros comerciais mais conhecidos da cidade. O público conhecerá as principais crises de deslocamento forçado da atualidade causadas por conflitos em países como Síria, Sudão do Sul, República Democrática do Congo e Mianmar, além de histórias de resiliência de crianças, homens e mulheres que enfrentaram graves violações de direitos humanos e buscam uma oportunidade de reconstruir suas vidas.

Às 19h, na Livraria Cultura do mesmo shopping, acontece a roda de conversa “Refúgio: Uma jornada forçada em busca de um horizonte seguro”, com entrada gratuita. O tema é integração local e empregabilidade, com a participação de Salim Alnazer, refugiado sírio que é farmacêutico e mora no Brasil com sua família desde 2014.

Mostras de cinema – Mostras de cinema vão acontecer em sete capitais brasileiras (Boa Vista, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Manaus, Porto Alegre e Rio de Janeiro). Na segunda edição de “Olhares sobre o Refúgio” a principal atração é “Zaatari – Memórias do Labirinto” (2018), uma coprodução Brasil/Alemanha, inédita no país. O documentário registra o cotidiano dos moradores de um dos maiores campos de refugiados do mundo, localizado na Jordânia, e será exibido em Boa Vista, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Manaus, Porto Alegre e Rio de Janeiro (em diferentes datas, a partir do dia 18). Todas as sessões têm entrada franca.

Em Boa Vista, Florianópolis e Manaus, a mostra incluirá outros títulos, como “Exodus – De onde eu vim não existe mais” e “Era o Hotel Cambridge” – exibidos na edição de 2017 da mostra “Olhares sobre o Refúgio”. A programação cinematográfica inclui ainda sessões no edifício sede do Ministério da Justiça (com os documentários “Fuocoammare” e “Welcome to Canada”, nos dias 25, 27 e 29/06) e o documentário “A Mulher em Travessia”, na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro (19, às 18hs).

Festivais gastronômicos – Para quem prefere interagir com pessoas refugiadas por meio da gastronomia e de suas manifestações culturais, as opções são os festivais MigrArte (em Brasília), Rio Refugia (no Rio de Janeiro) e Festa Cultural do Migrante (em Manaus), todos no dia 23. Os festivais têm entrada franca. O MigrArte acontece no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília, com shows musicais, palestras, filmes, comidas típicas e artesanato. Já a Festa Cultural do Migrante, em Manaus, reunirá a população refugiada e migrante da cidade para promover uma noite de integração e celebração intercultural.

Outras atividades – A programação inclui ainda shows musicais beneficentes, lançamento de selo postal em alusão ao tema, palestras em empresas que contratam refugiadas, oficinas de trabalho e de cultura. A agenda completa das atividades está disponível em http://www.acnur.org.br/diadorefugiado.

Jornalista de São Paulo se dedica a refugiados desde 2015

Foi pensando nessa realidade de perseguições, guerras e terrorismo, que a jornalista e estudante do último ano do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Internacional Uninter, em São Paulo, Alethea Rodrigues, de 31 anos, passou a trabalhar no Brasil e pelo mundo a fora, desde 2015. Entre seus planos para o futuro está um mestrado em Cooperação Internacional para o Desenvolvimento na Espanha.

Para aprimorar o conhecimento e ter uma atuação mais assertiva da área, acredito ser fundamental estudar as relações políticas, econômicas e sociais entre diferentes países”, completa Alethea, que atualmente está morando na Irlanda.

Além de fazer parte do Instituto de Reintegração do Refugiado Brasil (ADUS) e do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), ambos localizados na capital paulista, Alethea colabora com o portal MigraMundo, no qual registra todos os seus projetos e viagens. “O curso de Relações Internacionais me possibilitou mudar de área e trabalhar com crise migratória. Quando iniciei essa jornada, a guerra da Síria estava no auge e choviam imigrantes sírios no Brasil, especialmente em São Paulo”, explica.

Após indicação da coordenadora do curso de Relações Internacionais da Uninter, Caroline Cordeiro, Alethea trabalhou em ONGs parceiras no Haiti, nas quais realizou atividades com crianças e colaborou na reestruturação de orfanatos e na construção de uma escola. Atuou em campos de refugiados em Atenas (Grécia), no processo de triagem e distribuição de diversos itens aos assistidos. Já no Líbano (fronteira com a Síria), desenvolveu um projeto com crianças que perderam os pais durante a guerra e realizou pesquisas sobre o assunto para diversas instituições.

GLOSSÁRIO DO REFÚGIO

1. Relatando o deslocamento forçado – principais definições

O ACNUR não usa a palavra ‘migrante’ para descrever pessoas que são forçadas a fugir

Refugiado: pessoa que foi forçcada a deixar seu país de origem e requer “proteção internacional” devido ao risco de violência ou perseguição caso voltasse para casa. Isso inclui pessoas que fogem de guerras. O termo tem suas raízes em instrumentos legais internacionais, notadamente a Convenção de Refugiados de 1951, o Protocolo de 1967 e a Convenção de 1969 da Organização da Unidade Africana (OUA). Uma pessoa pode obter o status de refugiado solicitando-o individualmente ou em casos de grande afluência, concedendo-o “prima facie”. Os refugiados não podem regressar ao seu país de origem, a menos que seja estritamente um retorno voluntário.

Solicitante de refúgio: pessoa que solicitou individualmente o status de refugiado e está aguardando o resultado de seu parecer. Os solicitantes de refúgio recebem ‘proteção internacional’ enquanto suas solicitações estão sendo avaliadas e, assim como os refugiados, solicitantes de refúgio não podem voltar para casa, a menos que seja um retorno voluntário.

Pessoa internamente deslocada: deslocados internos, geralmente conhecidos pela sigla IDP, são pessoas que foram forçadas a deixar suas casas para outro lugar em seu próprio país, em busca de proteção e segurança.

Apátrida: pessoa que não tem nacionalidade de nenhum país e, consequentemente, carece dos direitos humanos e do acesso aos serviços daqueles que têm cidadania. É possível ser apátrida e refugiado simultaneamente.

Fonte de renda num mercado com mais idosos

Aluna Márcia Silva das Neves (esq.) recebe certificado - Crédito de Teresa Travassos
Aluna Márcia Silva das Neves (esq.) recebe certificado do curso (Foto: Teresa Travassos/Furnas)

Inicialmente oferecido somente aos funcionários de Furnas, os resultados do curso de Cuidador Social superaram as expectativas e o trabalho foi estendido ao público externo. De acordo com os organizadores, a iniciativa é providencial em dois aspectos. Com o envelhecimento da população brasileira, por exemplo, e o mercado de trabalho ainda em recessão, esta é uma oportunidade interessante para quem já teve essa experiência e, também, precisa de uma fonte de renda.

Recentemente, 42 participantes receberam certificados de conclusão Instituto Presbiteriano Mackenzie, que oferece o suporte educacional, com docentes que compartilharam conhecimento ligado às responsabilidades de um cuidador social. “Tenho orgulho de ter feito parte deste trabalho. Sempre trabalhei como cuidadora e o curso só ampliou meu conhecimento”, diz Márcia Silva das Neves (FOTO), de 60 anos, uma das recém-formadas. O curso trouxe o incentivo para que ela começasse uma faculdade de Sociologia.

O professor Rogério do Nascimento Silva também celebrou o momento. Assistente social, mestrando em Serviço Social pela Uerj e realizando especialização em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade, na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz), Silva esteve à frente da disciplina Família multigeracional. “Importante falar da responsabilidade do cuidador, da escuta, da anotação dos dados e situações como a violência doméstica e como ele pode detectar e contornar isso. Vivemos em um momento com diferentes composições familiares e é preciso tratar de direitos humanos e da não emissão de juízo de valores”, pondera.

A qualificação oferecida é totalmente gratuita, tem a duração de 180 horas e contempla outros temas, como Envelhecimento e saúde mental, Sono e Repouso, Administração de medicamentos e Prevenção de acidentes e quedas. Outro importante diferencial da grade curricular é a realização de visitas a instituições assistenciais, para que os alunos aprendam a partir da convivência com as pessoas que precisam de cuidados.

Assim como para brasileiros, o candidato precisa ser maior de 18 anos e ter concluído o Ensino Fundamental. Os critérios para classificação são: maior idade e maior tempo de experiência na função. A entrega dos certificados da turma atual será no início de julho.  As inscrições para a próxima turma serão a partir do dia 2 de agosto, pelo site do Instituto Presbiteriano Mackenzie. São geralmente 50 alunos por turma.

Fonte: Furnas e ONU, com Redação

 

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