Sabe aquela sensação de que o mundo gira, literalmente, ao seu redor, mas de forma negativa? Pois a queixa de tontura e vertigem é muito mais comum do que se pensa, atingindo em torno de 10% da população mundial, inclusive nas emergências hospitalares. Apenas nos Estados Unidos, 4,4% dos atendimentos em serviços de emergência correspondem à tontura, segundo estudo feito em 2008. Em 2011, foram 3,9 milhões de visitas aos serviços de emergência dos EUA por queixas de tontura ou vertigem.
Ao contrário do senso comum, nem toda tontura deve ser relacionada diretamente com a labirintite. As causas podem ser divididas em três subgrupos: vestibular (labirinto), clínica (especialmente cardiovascular, metabólico) e psiquiátrico. Na maioria dos casos, por exemplo, a causa pode ser a vertigem posicional paroxística benigna. Mas o que significa isso? Muitas vezes, nem o médico que socorre o paciente numa crise sabe. E para um tratamento correto, é indispensável que o profissional responsável pelo diagnóstico entenda a origem do problema e, assim, a forma de tratá-lo adequadamente.
Dados recentes de pesquisa de 2019 no Canadá revelam que o custo anual correspondente à internação hospitalar de pacientes com tontura chega a aproximadamente US$ 31 milhões. O custo hospitalar total médio por paciente com tontura foi de US$ 450 (DP US$ 1.334). Entre os diversos fatores que explicam altos índices de internações e exames desnecessários está a falta de preparo da equipe para lidar com este tipo de queixa dos pacientes. Saber diagnosticar corretamente essas múltiplas razões, além de recomendar os procedimentos que se encaixam de forma pertinente na saúde do paciente, é um dos objetivos do II Encontro Internacional de Otoneurologia e Reabilitação Vestibular que acontece esta semana no Rio de Janeiro.
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Avanços no segmento e novas pesquisas
“Para podermos usufruir das técnicas mais atualizadas, as comunidades clínica e científica da otoneurologia e da reabilitação vestibular devem se esforçar para educar e preparar médicos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos na realização de exames corretos na avaliação, saber identificar os fatores que impedem o processo de recuperação/reabilitação e a redução dos sintomas, assim como serem fontes divulgadoras das novidades para a população em geral, através dos principais meios de comunicação”, afirma André Luis dos Santos, fisioterapeuta vestibular, fundador/diretor do Instituto Brasileiro de Fisioterapia Vestibular e Equilíbrio (Ibrafive) e doutor em Ciências Médicas.
Segundo ele, é fundamental conhecer a fundo as pesquisas que revelam seu impacto na saúde ao redor do mundo. Por isso, conhecer os avanços e pesquisas por meio de encontros como esse é indispensável. Nas últimas décadas foram desenvolvidos recursos da reabilitação vestibular (RV) e da otoneurologia (subespecialidade da Otorrinolaringologia) para identificar e controlar o sintoma vertigem e promover a recuperação sensorial e funcional. Tais recursos, usados em nível ambulatorial ou em consultório, poderiam evitar o aumento de pacientes nos hospitais.
“O uso dessas técnicas ainda depende, em grande parte, da experiência pessoal e formação educacional individual do médico, do fisioterapeuta ou do fonoaudiólogo. Avaliação individualizada do paciente e programas terapêuticos específicos para diferentes condições são ainda escassos. Atualmente, a RV ainda é frequentemente utilizada de maneira inespecífica em pacientes com tontura, independentemente dos achados clínicos”, esclareceo médico.
Segundo ele, quando pensamos na melhor abordagem, de forma racional e individualizada, para cuidar do paciente que se queixa de vertigem e desequilíbrio, é saudável considerarmos dois importantes caminhos: 1) o preparo/treinamento do profissional e 2) a correta informação/divulgação ao público.
Ao tentarmos prever medidas eficazes para o futuro destas abordagens, é tentador pensar em avanços na tecnologia apenas para avaliação e tratamento, mas o intenso e renovador intercâmbio atualizado entre clínicos e cientistas permite, também, prover avanços na real compreensão das complexas interações entre o sistema periférico e os mecanismos cerebrais de adaptação”, afirma Dr. André Luís dos Santos.
Sobre o evento
O II Encontro Internacional de Otoneurologia e Reabilitação Vestibular (EIORV), dias 15 a 17 de agosto, já é considerado o maior da área em 2019. O evento traz ao Rio de Janeiro grandes nomes da pesquisa no segmento, como Susan Whitney (EUA), Michael Schubert (EUA), Dario Yacovino (Argentina), dentre outros.
Voltado para fisioterapeutas, médicos, fonoaudiólogos e estudantes, as palestras acontecerão nos dois primeiros dias; já o último contará com o Master Curso: o período da manhã com aula teórico-prática e apresentação de casos clínicos, enquanto a tarde serão apresentadas técnicas de reabilitação vestibular na prática.
O evento aborda o estudo do sistema vestibular, que se refere ao labirinto, ao nervo vestíbulo-coclear e suas conexões sistema nervoso central. Dentre as consequências dos problemas ali encontrados, é possível citar a tontura e as quedas como as principais delas. Porém, as áreas de atuação ainda não são tão conhecidas no Brasil, daí a importância de eventos como este.
“No II EIORV teremos a grande oportunidade de encontrar, ouvir e trocar ideias com os principais pesquisadores e clínicos do mundo, que apresentarão suas pesquisas e experiências da mais atual abordagem global ao paciente vertiginoso. Como diferencial, teremos mesas-redondas de alto nível e com tempo garantido para perguntas e respostas entre os inscritos e os palestrantes. Não tem como perder este excepcional evento científico e multiprofissional”, comenta o especialista, que é presidente do congresso.
O evento conta com o apoio do Instituto Brasileiro de Capacitação e Aprimoramento Profissional (Ibracap) e da Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional (Abrafin), além do patrocínio das empresas parceiras Interacoustics e da Contronic.
Fonte: Ibrafive