Serviço pioneiro no Brasil funciona há 4 anos no Corpo de Bombeiros do Rio para acompanhar a saúde mental de militares em todas as fases do desastre
Imagina ter que conviver, diariamente, com situações de risco, como deslizamento de terra, chuvas torrenciais, desastres aéreos, inundações? São incalculáveis as emergências em que um bombeiro militar pode ser convocado a agir. Sob estresse constante, homens e mulheres diariamente arriscam suas vidas para salvar as de outras pessoas. É preciso ter muito equilíbrio emocional para lidar com tantas tragédias.
Para preparar esses agentes para situações de risco físico e emocional, foi criado há quatro anos o serviço de Psicologia em Desastres, uma medida crucial para a prevenção e preservação da saúde dos militares que fazem do atendimento a emergências a sua rotina. O acompanhamento especializado e multidisciplinar da saúde mental e física dos militares, implementado no Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ), é considerado pioneiro no país,
Ações preventivas são desenvolvidas de forma itinerante, em todo o estado, com rodas de conversas, palestras, estudos de casos e análise de vídeos. As atividades realizadas com os militares têm o objetivo de oferecer um espaço para descompressão emocional e identificar, através da vivência compartilhada, as melhores soluções. Luto, morte, resiliência, autocuidado, propósito e sentido de vida estão entre os assuntos abordados.
Psicólogos e psiquiatras acompanham tropa em grandes operações
O acompanhamento de psicólogos e psiquiatras junto à tropa também ocorre nos momentos de crises, especialmente em grandes operações, como os desastres climáticos que atingiram, por exemplo, as cidades de Petrópolis e Angra dos Reis (Ilha Grande) e os estados da Bahia e do Rio de Grande do Sul.
Nessas situações, psiquiatras e psicólogos da corporação atuam na resposta imediata ‘in loco’ e, após os eventos, monitoram as condições dos militares, com intuito de minimizar impactos causados pela natureza do trabalho. A missão dos profissionais de saúde que realizam esse trabalho de Psicologia do Desastre é guiada pelas políticas públicas nacionais em Defesa Civil, bem como protocolos nacionais e internacionais.
A capitão Fernanda Cerqueira, médica do Corpo de Bombeiros, lembra a eficácia do trabalho inédito no país durante a operação em apoio ao Rio Grande do Sul, quando a equipe de Saúde do Rio de Janeiro esteve presente durante todo o período realizando avaliações médicas diárias, prevenção para doenças infecto-contagiosas incluindo profilaxia da leptospirose uma vez que os militares seriam expostos a ambientes contaminados.
Também realizamos atendimentos pontuais, como por exemplo, pequenas cirurgias e acompanhamento de militares vítimas de mordedura por cães durante resgates, envolvendo vacinação e administração de soro antirrábico”, explicou a capitã.
Treinamento especializado para os profissionais da Saúde
O Corpo de Bombeiros RJ também conta, de forma pioneira, com equipes de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem capacitados para acompanhar e mesmo prestar socorro imediato aos bombeiros em atividades de risco iminente de vida.
Para desempenhar essa função, eles passam por um treinamento intensivo, durante três meses, para atuar de maneira preventiva ou na proximidade das chamadas “áreas quentes”, acompanhando militares que atuam no salvamento e atendimento a emergências.
O Curso de Extensão em Atendimento Pré-Hospitalar (CEAPH) prepara os profissionais da Saúde da corporação para atuar em cenários de alta complexidade, como soterramentos, deslizamentos, desabamentos, busca e resgate em áreas remotas ou áreas de difícil acesso.
A nossa missão é cuidar de quem cuida. A atenção à saúde e ao bem-estar da tropa, dos homens e mulheres que praticam ações de salvamento todos os dias, é nossa prioridade. E esse trabalho é feito o ano inteiro, por uma equipe multidisciplinar e altamente capacitada, com um olhar especializado e atento aos problemas que são inerentes à nossa atividade”, afirmou o coronel Tarciso Salles, secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do CBMERJ.
Com informações do GovRJ