A chegada oficial da primavera, nesta terça-feira (23), traz um aumento significativo na circulação de pólen e outras partículas no ar, o que contribui para a piora de alergias respiratórias. Na UPA 24h Zona Leste, em Santos (SP), os dados de 2024 confirmam a tendência: mais de 5,2 mil atendimentos foram realizados por doenças respiratórias e alérgicas durante o ano, com destaque para sinusite, asma, rinite, conjuntivite, bronquite, faringite e laringite.
Para a médica e diretora técnica da unidade, Gisele Abud, a mudança de estação exige atenção especial. “É comum que os sintomas se intensifiquem nesse período, porque o ar fica mais carregado de agentes irritantes. Pessoas com predisposição a alergias precisam redobrar os cuidados para evitar crises e complicações”, alertou.
De acordo com a Organização Mundial de Alergia (WAO), cerca de 40% da população mundial sofre com algum tipo de alergia. No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), a região Sul é a mais afetada, mas o aumento de casos na primavera é observado em todo o país.
Na UPA Zona Leste, os principais registros de 2024 foram:
- Sinusite: 1.881 casos;
- Asma: 930 casos;
- Conjuntivite: 579 casos;
- Faringite: 308 casos;
- Bronquite: 240 casos;
- Rinite: 119 casos;
- Laringite: 54 casos.
Entre os sintomas mais comuns estão espirros, congestão nasal, olhos vermelhos e lacrimejantes, tosse seca, rouquidão e dificuldade para respirar. A médica destaca a importância da prevenção: “Manter a casa arejada e limpa, trocar roupas de cama com frequência, evitar ambientes empoeirados e se hidratar bem são cuidados simples que ajudam a reduzir crises alérgicas. O uso de óculos escuros também protege os olhos em dias de vento e alta concentração de pólen”, recomendou.
Mesmo com os cuidados preventivos, é fundamental procurar atendimento médico diante de sintomas persistentes, como falta de ar, tosse intensa ou chiado no peito. Para pacientes com doenças respiratórias crônicas, o acompanhamento regular é indispensável. A automedicação, além de mascarar sinais importantes, pode agravar o quadro clínico; por isso, a recomendação é sempre contar com avaliação profissional para definir o tratamento mais seguro e eficaz.
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Asma e rinite em crianças: como identificar e controlar crises
Durante a estação, as crianças ficam mais vulneráveis ao aumento dos sintomas de asma e rinite. Mas afinal, como identificá-las e diferenciá-las para adequar o tratamento ideal? Especialista dá dicas sobre como lidar com elas. Segundo o pediatra Pedro Trava do Hospital e Maternidade São Luiz Osasco, as principais diferenças entre as duas doenças respiratórias são os locais dos sintomas.
A asma é uma doença inflamatória crônica que atinge pulmões e brônquios causando chiado no peito, tosse, falta de ar e sensação de aperto no peito, diferentemente da rinite alérgica, que é uma inflamação da mucosa do nariz, causando coriza, espirros, nariz entupido e coceira”.
O especialista ainda informa que os casos pediátricos são intensificados na primavera por diversos fatores, incluindo a incidência de pólen, poluição no ar e variações nas temperaturas, além de ressaltar que em muitos casos, a rinite e a asma andam juntas.
Abaixo saiba as principais características da asma e da rinite alérgica:
Asma: pode apresentar como sintomas chiado no peito, tosse seca (principalmente no período da noite), falta de ar, cansaço ao brincar ou fazer esforço físico. A principal recomendação em casos assim é de entrar em contato com um médico especialista em busca do tratamento ideal, podendo ser preventivo.
Rinite: é uma inflamação da mucosa do nariz, geralmente causada por alergia, com sintomas como espirros, coriza, nariz entupido e coceira, se diferenciando de resfriados quanto à duração que pode variar de acordo com o contato com o Alérgeno, cor da coriza e a presença, ou não, de febre baixa.
Em caso de crise, os responsáveis devem acompanhar a evolução do tratamento durante todo o seu decorrer e se atentar à prescrição do pediatra ou alergista, sendo em caso imediato se a criança apresentar dificuldade de respirar intensa, lábios ou unhas arroxeados, tosse intensa e sem melhora e crises de falta de ar frequentes.
É importante reforçar que a asma é uma doença séria e que se não tratada da maneira correta com um pediatra ou pneumopediatra, pode acarretar em internação hospitalar.” reafirma o especialista.
Como evitar crises de asma e rinite
Segundo Pedro, algumas medidas podem ser tomadas no dia a dia em busca de evitar crises recorrentes dessas doenças respiratórias:
– Manter o quarto arejado, sem acúmulo de poeira, cortinas pesadas ou bichos de pelúcia;
– Lavar roupas de cama semanalmente com água quente;
– Evitar tapetes e carpetes;
– Usar aspirador de pó com filtro adequado;
– Não fumar dentro de casa;
– Incentivar atividade física regular, pois fortalece o sistema respiratório;
– Controlar o uso de sprays e perfumes fortes perto da criança.
O médico lembra ainda que, no caso da asma, o uso em excesso de bronco dilatadores pode “mascarar a gravidade da doença e causar efeitos colaterais, como taquicardia”, por isso, é preciso cuidado na utilização.
O tratamento, em ambos os casos, deve seguir as orientações dos especialistas, podendo ser um tratamento durante a crise, ou preventivo, sendo necessário acompanhamento regular”, conclui o pediatra do São Luiz Osasco.