Na queda de braço entre o negacionista Jair Bolsonaro e seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, quem vence são os governadores que saíram na frente em defesa de medidas preventivas contra o avanço do novo coronavírus. Ao menos até agora, a maioria da população brasileira prefere seguir as recomendações dos governadores para manter o isolamento social e salvar vidas do que voltar ao trabalho para garantir empregos, como recomenda Bolsonaro, mesmo que isso custe suas próprias vidas.
Uma pesquisa feita pela Datafolha esta semana mostra que durante a crise causada pela pandemia, os governadores de dois dos estados mais populosos do país passam a ser mais bem aceitos do que o presidente da República. Levantamento feito por telefone entre os dias 1º e 3 de abril mostra que, embora tenham apoiado a candidatura de Jair Bolsonaro (sem partido) durante as eleições de 2018, João Doria (PSDB), de São Paulo, e Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro, rebateram as medidas indicadas pelo presidente no combate à pandemia. Assim, superaram sua popularidade em relação à presidência.
O Datafolha também aponta que 76% dos brasileiros defendem o isolamento social para conter a propagação do vírus, em pesquisa realizada no mesmo período. Nesta, foram entrevistada 1511 pessoas e a margem de erro é de três pontos percentuais.
Witzel, que desafiou Bolsonaro, renovou o período de distanciamento enquanto o presidente defendia o isolamento vertical. Doria tem tomado medidas parecidas e disse em entrevista coletiva, no dia 20 de março deste, ano que o estado de São Paulo está fazendo o que deveria ser feito pelo líder do país. “O que o presidente Jair Bolsonaro, lamentavelmente, não faz, e quando faz, faz errado”, disse Doria.
Os chefes de Estado de São Paulo e do Rio de Janeiro têm, respectivamente, 51% e 55% de aprovação da população. A margem de erro é de quatro pontos percentuais nessa amostra que ouviu 528 paulistas e 512 fluminenses.
Mesmo tendo vencido no 1º e 2º turnos em todos os estados do Sudeste na eleições de 2018, Bolsonaro tem, hoje, 33% de aprovação em todo o país, de acordo com o estudo que apresenta uma margem de erro de três pontos percentuais.
Em São Paulo e no Rio de Janeiro, sua popularidade segue com pontuação parecida: 28% e 34%, respectivamente. Aqueles que julgam o governo Bolsonaro ruim ou péssimo, já ultrapassam o saldo positivo e somam atualmente 34% de acordo com o levantamento nacional.
Quase metade da população
Pesquisa divulgada pela Toluna no último dia 3 de abril mostrou que 45% da população brasileira têm levado em consideração as decisões do governo estadual, em relação, ao governo federal com apenas 14% das pessoas. Outros 36% seguem as recomendações de ambos os níveis, e apenas 5% não levam em consideração nenhum dos dois.
Quase 80% das pessoas entrevistadas acreditam que o Estado tomou medidas adequadas para limitar a disseminação do coronavírus no país. Otimistas, 54% da população preveem que o isolamento social acabará e a vida normal retornará em alguns meses.
Sobre alterações no comportamento para tentar evitar o contágio, 72% lavam todas as coisas e itens que entram dentro de casa e 56% estão adotando medidas de trabalho como o home office. No momento atual, 62% das pessoas se preocupam mais com os impactos na economia e na saúde pública do país.
Na pesquisa realizada entre os dias 26 de março e 2 de abril, a maioria das pessoas (77%) se considera muito ou extremamente preocupada com o surto. A percepção nessas duas categorias aumentou quando comparada com o resultado de outra pesquisa feita antes da existência de casos no Brasil (68%).
Mas chama a atenção o aumento entre os que se declaram extremamente preocupados – era de 40% na terceira pesquisa, e agora é de 46,6%. Neste último estudo, 31% declararam estar muito preocupados, 17% se dizem preocupados, 4% pouco preocupados e menos de 1% não estão alertas sobre o tema.
A Toluna vem monitorando a percepção e o comportamento dos brasileiros em relação à Covid-19. As pesquisas registraram até agora cinco momentos da crise: antes da confirmação do primeiro caso no país, após os primeiros diagnósticos brasileiros, após e decretação de pandemia pela OMS, e a mais recente avaliou o cenário após as centenas de mortes e o rápido crescimento no número de casos.
Maioria comprou itens para se proteger
Na pesquisa mais recente, realizada na última semana de março, 82% das pessoas pesquisadas afirmaram que compraram algum item específico para se proteger contra contaminação. Os itens mais citados foram desinfetante para as mãos/álcool em gel (80,5%), sabonete (72%), desinfetante para ambiente (64%), máscara cirúrgica (53%) e luvas descartáveis (35,5%).
Quase 70% das pessoas entrevistadas acreditam que o impacto do coronavírus sobre a economia mundial será muito negativo. Outros 27% preveem que o impacto será negativo, e menos de 1% acredita que não haverá impacto. Surpreendentemente, quase 3% dos entrevistados opinou que o impacto será positivo ou muito positivo.
Essa pesquisa foi realizada entre os dias 26 e 30 de março de 2020, com 1.013 pessoas das classes A, B e C, segundo critério de classificação de classes utilizado pela Abep – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, onde pessoas da classe C2 tem renda média domiciliar de R$ 4.500 por mês. Estudo feito com pessoas acima de 18 anos, todas as regiões brasileiras, com 3% de margem de erro e 95% de margem de confiança.
Fonte: Toluna, com Redação