Na contramão do movimento mundial pelo envelhecimento saudável e pelo aumento da longevidade, a Organização Mundial da Saúde (OSM) pode incluir a velhice como doença na próxima edição da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), a partir de 1º de janeiro de 2022. 

A proposta de instituir a velhice como doença, em substituição ao termo senilidade, na CID 11, está provocando um movimento contrário em todo o mundo. Aqui no Brasil,  um manifesto amplo de celebridades e instituições como o Centro Internacional da Longevidade – ILC Brasil pontua ser a velhice a maior conquista social dos últimos 100 anos. 

Considerá-la doença, adverte o documento, “é um retrocesso e contribui para acentuar globalmente preconceitos em relação à longevidade – o que denominamos idadismo (ou ageísmo) –, traduzidos em estigmas que marcam profundamente a saúde emocional e psicossocial das pessoas que envelhecem”.

A Associação Médica Brasileira (AMB) e a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia também se manifestaram contra a ideia. Confira a nota da AMB abaixo.

AMB: ‘Todos seremos idosos amanhã’

A Assembleia Mundial de Saúde, órgão de governança que estrutura e apresenta as ações a serem cumpridas pela Organização Mundial da Saúde, OMS, prevê instituir a velhice como doença, na Classificação Internacional de Doenças, em sua próxima edição – a CID 11, a partir de 1º de janeiro de 2022.

A ideia que, aliás, não condiz sob hipótese alguma com o histórico e valoroso trabalho em prol da vida humana empreendido pela OMS, é contestada pela Associação Médica Brasileira (AMB), entre outras instituições lisas e sérias de todos os continentes.

César Eduardo Fernandes, presidente da AMB, vê com enorme preocupação a possiblidade de isso realmente ocorrer. Segundo ele, inúmeros problemas de registros de doenças específicas e relacionadas à idade mais avançada simplesmente serão catalogados como velhice, uma vez que assim passarão a ser considerados no CID.

“Essa é uma etapa da vida de todos nós. Há questões da saúde próprias da velhice; e uma série delas depende de o organismo atingir determinada faixa etária para se manifestar. Aliás, certas pessoas, mesmo nessa fase, não apresentam tais doenças. Então, catalogá-las de forma simplista pode trazer prejuízos tanto ao entendimento do que acontece na velhice quanto à elaboração de políticas de saúde baseadas em ocorrências por idade”.

Pela proposição da Assembleia Mundial de Saúde, ocorreria a inclusão do código MG2A (velhice) em substituição ao código R-54 (senilidade), no capítulo 21 da CID. A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia também já se manifestou contrariamente. Informa que:

“No Brasil, cerca de três quartos das mortes ocorrem a partir dos 60 anos, por doenças cardiovasculares, oncológicas e neurológicas, entre outras. E se todos os motivos forem resumidos à velhice, correremos o risco de faltar informação e investimento para o tratamento destas doenças”.

Um manifesto amplo de celebridades e instituições como o Centro Internacional da Longevidade – ILC Brasil pontua ser a velhice é a maior conquista social dos últimos 100 anos. Considerá-la doença, adverte o documento, “é um retrocesso e contribui para acentuar globalmente preconceitos em relação à longevidade – o quê denominamos idadismo (ou ageísmo) –, traduzidos em estigmas que marcam profundamente a saúde emocional e psicossocial das pessoas que envelhecem”.

Participe você também dessa corrente por promoção do envelhecimento com oportunidades de protagonismo, em uma sociedade na qual os mais velhos sejam respeitados e valorizados por suas potencialidades como sujeitos de direitos. Todos seremos idosos amanhã.

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